Por João Oliveira
Um
pensamento pode vir à cabeça de qualquer pessoa em algum momento: qual será o
meu último prazer em vida?
Claro
que prazer é algo subjetivo e, para determinar qual será o último, ou os
últimos, necessitamos ter uma ideia do que significa prazer para você hoje.
Afinal, essas escolhas podem influenciar de modo crucial no resultado final do
aspecto do prazer.
Antes
precisamos delinear o que seria prazer. Existe uma certa confusão entre
felicidade, prazer e euforia. Podem parecer bem semelhantes mas, o resultado,
no aspecto físico e que torna tudo diferente.
Começando
pelo básico: felicidade! Este momento agora, por exemplo, é um momento de
felicidade. Não estou com dor de cabeça, não estou cansado, não sinto nenhum
incomodo forte... felicidade é equanimidade: equilíbrio. O organismo está
funcionando de forma normal, sem grandes alterações, e todo sistema psicológico
se encontra em paz. Poderíamos dizer que felicidade é um estado de normatização
dos sentidos e, em consequência, da estrutura física.
Felicidade
e sinônimo de paz. Neste estado o corpo funciona perfeitamente e todas as
produções endócrinas (química interna) estão em harmonia. É o estado mais comum
em nossas vidas, apenas não valorizamos estar bem.
Prazer:
estado em que o corpo produz certos hormônios e neurotransmissores numa forma
de premiar o organismo com satisfação para que ele volte a ter um comportamento
semelhante no futuro. Uma onda de completude invade o corpo graças aos efeitos
da endorfina e serotonina, por exemplo, que fornece uma recompensa ao sujeito.
Já a ocitocina, hormônio ligado a sexualidade e a lactação materna, gera uma
sensação de proximidade e ligação afetiva.
No
entanto, a euforia agrega adrenalina ao caldo químico emocional. Gerando aumento
do batimento cardíaco, alteração da pressão arterial e um custo físico ao
organismo que gasta muita energia neste processo. Pode-se alcançar este estado
de diversas formas, a mais rápida e danosa é através do vício de certas
substancias químicas que mimetizam os efeitos endócrinos deste perfil emocional
de forma potencializada.
A
busca desenfreada pela euforia – que nada tem a ver com o estado de felicidade
– acaba produzindo efeitos danosos ao corpo. Mesmo se fosse resultado de
comportamentos naturais, sem uso de drogas, está forte emoção demonstraria
sintomas negativos ao longo de um certo período de tempo. É possível que
procurando acelerar o processo de aquisição da euforia, a deterioração da
constituição física seja visível além dos efeitos secundários provocados pelas
drogas em si.
Assim,
nos últimos momentos de vida o perfil de prazer pode ser totalmente individual
e diferente para cada um de nós devido as nossas escolhas de vida no passado.
Digamos
que você tenha uma vida moderada e que prazer seja algo ameno e sem grandes
rompantes emocionais, sem euforia, algo tranquilo e sereno como um final de
tarde sentado à beira mar. Possivelmente este também será o mesmo perfil dos
seus últimos dias na terra: sereno.
Imagine
agora alguém que preferiu investir sua existência na busca da euforia através
de métodos variados. Seu último prazer pode ser um pouco de oxigênio provido
por uma máquina de respiração artificial no leito de uma UTI.
Pensar
no resultado que nossas escolhas no presente terão no futuro não é gerar
ansiedade sem objeto. Trata-se de uma forma de esperar colher algo que
plantamos da melhor forma possível. Ninguém é obrigado a ter o mesmo perfil de
finalização mas, seria bem interessante saber o que lhe espera no futuro.
Não
há como reclamar se o resultado foi sempre parte dos seus planos.