A
cada dia que passa a vida torna-se mais dinâmica e veloz. Hoje temos, entre
outras facilidades, internet no celular e as redes sociais que não permitem que
você fique off line por muito tempo sem sofrer danos em perdas de valiosas
informações sobre seus amigos e suas proezas humanitárias. A cada minuto novas notícias
sobre o mundo, uma sempre mais importante que a outra, chegam de todas as
partes inundando nosso cérebro de informações sem nos permitir uma análise mais
profunda sobre os temas e, para piorar ainda mais, nada que vá mudar a nossa
vida e, caso realmente o for, certamente, não será para melhor. No entanto, todo
o tempo que temos para viver é tomado de nós.
Então,
todo este compromisso é com o externo. Fatos que ocorrem no ambiente do qual sua
interferência direta terá pouca ou nenhuma valia. O que sobra de tempo para
você mesmo? Será que, em algum momento do dia, você tem reservado para um
encontro especial e solitário consigo mesmo? Não estou falando de um complexo método
de meditação ou de algo muito transcendental, também não seria terapia ou
análise, até por que, assim não seria solitário.
Pense
em algo mais simples: dois minutos em silêncio dedicado ao seu corpo! Apenas
dois minutos, 120 segundos! Olhos fechados, respiração compassada e
introspecção. Sentindo o corpo, as pernas, braços, barriga, rosto... Tente sentir
a sola dos pés dentro do sapato/tênis/sandália. Perceba a distância que existe
entre os dedos dos pés, procure imaginar a curva superior da orelha esquerda.
Faça um passeio pelos contornos do seu corpo mapeando seus limites. Deixando
claro o que é fora e o que está dentro, o que é mundo e o que é você.
Tente
tomar seu corpo, com suas fronteiras e, fique ciente que a sua participação
neste mundo depende exclusivamente dele ao menos, acredito eu, neste momento.
Uma interface biomecânica de atuação no plano físico tridimensional que
costumamos chamar de realidade. Nossos sentidos, os cinco principais, devem ser
explorados neste momento. Ouça ruídos distantes, absorva o aroma do local,
sinta a temperatura e a brisa no ambiente ... Faça isso por não mais que dois
minutos.
Como
resultado é bem provável que a sua produção endócrina seja restabelecida aos
níveis normais com todas as substâncias químicas, que prezam pelo bom
funcionamento do corpo, distribuídas harmonicamente e, seu sistema imunológico
agradecerá com o seu metabolismo caminhando numa direção saudável. Não pense
que isso é conversa de esquina. Isso é ciência pura! Já está provado! Faça isso
duas vezes ao dia e as mudanças serão notadas quase que imediatamente na sua
vida. Todas aquelas coisas que atrapalham o dia a dia como nervosismo,
ansiedade, dores de cabeça sem motivo algum serão as primeiras candidatas a
sumirem do mapa dando lugar ao equilíbrio e tranquilidade.
Não
espere mais! O investimento é tão pouco e o retorno é imenso sem nenhuma contra
indicação. O único perigo, que pode haver nesta prática, é você evoluir para
atividades mais elaboradas como o Yoga, por exemplo, e, convenhamos isto não
seria ruim! Produza sua própria saúde e sucesso, não se esqueça de que nós já
temos um destino traçado onde, ao final, estaremos todos em uma mesma condição,
é só uma questão de tempo.
Existiu
um tempo onde pessoas sentavam em cadeira nas calçadas para conversar e, pode
parecer mentira agora, elas se olhavam umas nos olhos das outras. Também, eu me
lembro, crianças brincavam de esconde-esconde, algumas às vezes iam ao chão e
ralavam os joelhos. Hoje temos jovens brancos e apáticos desde os primeiros
momentos da adolescência e cada vez mais escravos da informação desmedida
proporcionada pelos meios eletrônicos e sem emoção real. Parar e sentir o corpo faz parte do começo de
um processo para a ativação das emoções adormecidas. Equilibrar o organismo é
permitir que ele possa elaborar sobre o presente sem receber pronta uma análise
digital.
Essa
avalanche informacional despersonaliza o sujeito de tal forma que, aos poucos,
deixamos de reconhecer nossas próprias emoções.
Quando sentimos algo atualmente, não conseguimos nominar, o corpo está
se esquecendo de que possuímos como parte de nossa natureza humana um conjunto
de sensações físicas que estão ligadas a motivações de fundo psicológico: amor,
ódio, paixão, medo, raiva, tristeza ... Até mesmo a alegria está perdendo seu
brilho em meio a essas rajadas de imagens e textos rápidos. Coisas que surgem e
somem sem que possamos ter uma introspecção do seu real sentido.
Pare!
Sinta que você é um ser orgânico capaz de perceber o mundo só por que está aqui
agora. E o mundo pode ser maior e pesado ou menor e melhor! Pelo menos esteja
ciente que fez uma escolha.
João Oliveira
Psicólogo