Existe no Pólo Norte uma lagarta
conhecida como Lagarta de Fogo. Ela demora mais de 18 anos para se tornar
adulta e, pelo processo da metamorfose, se tornar uma mariposa. Ocorre que a
cada inverno, vários meses de escuridão total nesta região, ela literalmente morre
congelada e, volta à vida de forma surpreendente, no degelo da primavera. Ano
após ano, reunindo proteínas das folhas para estar forte o bastante e, em uma
primavera muito especial, virar um casulo e evoluir como mariposa para viver,
neste estado, apenas algumas semanas.
Este exemplo é interessante,
pois, é uma vida plena extremamente curta diante do esforço empreendido por
quase duas décadas de trabalho árduo comendo folhas em uma velocidade
vertiginosa.
Vivemos, caso o infortúnio não
cruze o sinal vermelho, uns bons 80 anos – vida saudável! – quanto tempo
estudamos e trabalhamos em busca de um tal conceito de felicidade ou de vida
realizada?
Acho que período de estudos,
levado a sério, com faculdade e pós-graduação: 25 anos de idade. Concorda?
Seriam então 20 anos somente de estudos. Tempo relacionado ao trabalhando, para
juntar dinheiro, construir patrimônio, ter uma aposentadoria digna. A
aposentadoria no Brasil, para seres normais sem regalias de classes produtivas
especiais, tem seu benefício, concedido pelo INSS, aos homens a partir dos 65
anos de idade e mulheres a partir dos 60.
Arredondando então para mais quarenta anos de vida: o que sobra?
Mais 15 ou 20 anos para aproveitar a vida como sempre
sonhou?
Provavelmente o primeiro
pensamento que lhe passa a cabeça é sobre as condições de saúde do seu corpo
para aproveitar, da melhor forma possível, de toda euforia advinda desta
fabulosa fase da vida que é a aposentadoria.
Parou para pensar? Surgiu uma
ponta de angústia?
Tenha calma. Existe solução para
tudo! O nosso cérebro é poderoso e muito obediente para quem sabe lidar com
ele. Em primeiro lugar o que se busca de realização na vida?
Este é o ponto chave da questão.
Caso você esteja trabalhando, ou estudando, em algo que não lhe preenche, que
não lhe traz alegria, pare imediatamente. Você está jogando seu tempo de vida
útil fora e isto não tem retorno jamais. Segundo ponto: quem disse que você
precisa esperar para ser pleno. Não somos como a lagarta do Pólo Norte, viver
não é tão dispendioso assim, solucionar desejos sim. Isto é complicado.
Nossas necessidades não são
caras e qualquer pessoa, em seu estado normal de saúde e intelecto, pode
prover, com algum esforço (claro), o suficiente para manter a estrutura física
do corpo em atividade, ou seja, sobreviver. Como sobreviver, e com que grau de
conforto e facilidades, vai depender de como a produção ocorreu em sua vida.
Qual o período que você realizou com prazer atividades ditas lucrativas. Isto
pode estar ocorrendo agora, ou você pode decidir fazer diferente a partir de
hoje.
Tome por base o que é
necessário, financeiramente, para manter sua estrutura de vida. Não exagere em
desejos materiais fúteis - o termo
“fúteis” vai depender do nível de entendimento do que seja realização,
isto é de cada um, paciência. Com o cálculo pronto, observe ao seu entorno
quais são as possibilidades da relação produção X renda acessíveis aos seus
conhecimentos e competências. Trace o plano, coloque metas, coloque marcas temporais.
O sistema existe para quem não
pensa ir além, nivela todos como água parada, superfície lisa. Somos
manifestações conscientes e mutáveis a todo segundo. Insetos estão a mercê das forças da natureza,
não pensam.
Mas, como sempre, é bom dizer
que tudo é uma questão de escolha. No pior resultado: de aceitação. Seja feliz
se quiser e, caso contrário, como puder.
Prof. Msc. João Oliveira
Psicólogo Clínico CRP 05/32031
Diretor de Cursos do ISEC