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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Simples assim!




               Por João Oliveira
               Uma vez duas cobras estavam conversando sobre o que teriam para o almoço. Entre os itens do cardápio estavam ratos, corujas e a grande possibilidade de um filhote de homem. Já havia tempo elas estavam de olho no pequeno indiozinho que todos os dias brincava nos arredores da aldeia. A mãe, ocupada em seus afazeres, nem prestava muito atenção: Tupã toma conta dos curumins – pensava ela.


               Esqueci-me de dizer que, neste tempo, os animais falavam entre si e com os homens. Como sabemos, hoje não é mais assim, já que inventaram a tal ciência que não consegue provar nada disso. Bem, as cobras se prepararam para sequestrar o menino, levá-lo para o meio da mata e lá, em paz, poderem saciar sua fome.


                Ao laçar o pequeno índio pelos pés, a primeira cobra permitiu que a segunda se enrolasse no corpo dele e começaram a puxá-lo mata adentro.


               - Para onde vocês estão me levando? – Perguntou o garoto muito tímido e calmo.


               - Para uma festa! Um banquete! – respondeu a primeira cobra.


               - Que ótimo! – disse o menino – Estou mesmo morrendo de fome, na aldeia só tem cobras para comer... e eu não gosto de comer cobras. Me dá dor na barriga.


               Aquela fala bateu como um tiro nas duas serpentes! Como assim os índios estavam comento cobras??? Que coisa mais horrível e descabida! Elas pararam de arrastar, soltaram o menino e a cobra número dois furiosa gritou:


               - Que povo horrível é esse que come cobras! Eles não sabem que nós somos venenosas? Comer cobra é um sacrilégio! Só os ignorantes sem alma comem cobras!


               - Pior – disse o índio – é como eles caçam as cobras!


               - Como isto ocorre? – perguntou a primeira cobra em tom cuidadoso.


               - Eles usam crianças como isca.


               Dito isso, duas cestas feitas de cipós caíram sobre as duas cobras que foram capturadas e levadas para serem preparadas para o jantar. O pequeno índio foi homenageado, pois essa já era a sua quinta caçada – sendo isca – bem sucedida! Um verdadeiro feito entre os habitantes da aldeia.


               Moral da história: Muitas vezes fazemos exatamente o que os outros querem que façamos. Nos sentimos muito espertos e parece que dominamos a situação enquanto, na verdade, somos tolos.


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