Por João Oliveira
Uma
vez duas cobras estavam conversando sobre o que teriam para o almoço. Entre os
itens do cardápio estavam ratos, corujas e a grande possibilidade de um filhote
de homem. Já havia tempo elas estavam de olho no pequeno indiozinho que todos
os dias brincava nos arredores da aldeia. A mãe, ocupada em seus afazeres, nem
prestava muito atenção: Tupã toma conta dos curumins – pensava ela.
Esqueci-me
de dizer que, neste tempo, os animais falavam entre si e com os homens. Como
sabemos, hoje não é mais assim, já que inventaram a tal ciência que não
consegue provar nada disso. Bem, as cobras se prepararam para sequestrar o
menino, levá-lo para o meio da mata e lá, em paz, poderem saciar sua fome.
Ao laçar o pequeno índio pelos pés, a primeira
cobra permitiu que a segunda se enrolasse no corpo dele e começaram a puxá-lo
mata adentro.
-
Para onde vocês estão me levando? – Perguntou o garoto muito tímido e calmo.
-
Para uma festa! Um banquete! – respondeu a primeira cobra.
-
Que ótimo! – disse o menino – Estou mesmo morrendo de fome, na aldeia só tem
cobras para comer... e eu não gosto de comer cobras. Me dá dor na barriga.
Aquela
fala bateu como um tiro nas duas serpentes! Como assim os índios estavam
comento cobras??? Que coisa mais horrível e descabida! Elas pararam de
arrastar, soltaram o menino e a cobra número dois furiosa gritou:
-
Que povo horrível é esse que come cobras! Eles não sabem que nós somos
venenosas? Comer cobra é um sacrilégio! Só os ignorantes sem alma comem cobras!
-
Pior – disse o índio – é como eles caçam as cobras!
-
Como isto ocorre? – perguntou a primeira cobra em tom cuidadoso.
-
Eles usam crianças como isca.
Dito
isso, duas cestas feitas de cipós caíram sobre as duas cobras que foram
capturadas e levadas para serem preparadas para o jantar. O pequeno índio foi
homenageado, pois essa já era a sua quinta caçada – sendo isca – bem sucedida!
Um verdadeiro feito entre os habitantes da aldeia.
Moral
da história: Muitas vezes fazemos exatamente o que os outros querem que façamos.
Nos sentimos muito espertos e parece que dominamos a situação enquanto, na
verdade, somos tolos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário