Por João Oliveira
Enfrentamos
um grande problema linguístico com algumas palavras, principalmente as que se
relacionam a certas emoções e atitudes humanas. A palavra “orgulho”, por
exemplo, pode ser direcionada de várias formas diferentes e com resultados
distintos nas pessoas que manifestam tal comportamento.
Existe
o orgulho próprio que, na medida certa, é uma excelente forma de demonstrar
autoestima: não aceitar tudo que lhe é imposto pelos outros. Este perfil de
orgulho coloca a pessoa em um lugar de proteção aos próprios valores e respeito
a si próprio. Assim ele irá lutar pelos seus direitos, reivindicar seu espaço
e, sobre tudo, buscar sempre uma melhora em suas aptidões. Uma pessoa na eterna
busca de aperfeiçoamento.
Podemos
também notar o orgulho social ou comunitário. Este é mais ligado a instituições
ou grupos sociais. Como o orgulho de ser brasileiro! De viver numa nação sem
guerras, onde conhecemos todos os nossos malefícios e vivemos com eles como se
nada fossem além de desígnios de Deus: aceitamos e pronto! Da mesma forma
pessoas são orgulhas de seu time de futebol e vestem a camisa mesmo na derrota
ou, de sua religião. Então, este orgulho torna o sujeito participe de algo
maior onde ele completa e é completado.
Orgulho
de outra pessoa. Um perfil diferente e saudável é o orgulho que os pais têm
pelos filhos. Mesmo eles não correspondendo às expectativas iniciais
(projetadas pelos pais) sempre haverá espaço para uma mãe elogiar seu filho ou
filha. Isto pode estar mais ligado a uma autoafirmação do que amor propriamente
dito. Uma mãe falar do sucesso do seu filho está, automaticamente, dizendo o
quanto ela foi competente em educá-lo.
Claro,
existe um orgulho que é danoso e destruidor é o que corresponde à arrogância de
ser melhor do que outros seres humanos. O sujeito neste modelo de orgulho
acredita que está sempre certo em suas afirmações e que, os demais, por serem
inferiores, não têm nem mesmo o direito de manifestarem suas opiniões. Está
intimamente ligado ao preconceito, discriminação, racismo e, como resultado,
exploração e humilhação das pessoas que ele não considera como iguais.
O
orgulho prepotente destrói laços de afinidade – às vezes nem permite que surjam
– pode acabar com famílias e iniciar guerras. Quem está vestido com esta roupa
comportamental, neste momento, acha este texto ridículo, pois, como elemento
especial de uma categoria se acha acima de qualquer análise de conduta.
A
frase preferida deste personagem insólito é: - Você sabe com quem está falando?
Provavelmente não se trata de uma pessoa ignorante no aspecto formal da
educação. Por incrível que pareça, encontramos muito mais pessoas cultas neste
perfil, mas não se trata de uma exclusividade. Podemos encontrar pessoas assim
em todos os níveis financeiros ou culturais.
Acredito
que o orgulho destruidor possa surgir como uma autodefesa, uma tentativa
violenta de demonstrar capacidade. Ocorre que o efeito é tão nocivo que
qualquer tentativa de explicação para o fenômeno será usada como desculpa para
continuar agindo da mesma forma.
Ter
orgulho é saudável, faz parte da estrutura de uma elevada autoestima. Apenas
observe se o nível não ultrapassou os limites da manutenção do “status quo” e
já está ambientando uma resposta agressiva ao ambiente. Fácil de descobrir?
Claro, veja quantas pessoas já não lhe procuram mais, isto é um péssimo sinal
de que você não pertence ao círculo social delas. Caso isso esteja de fato
ocorrendo e, queira terminar seus dias recebendo ligações de amigos, mude sua
postura agora! Enquanto há tempo.
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