Por João Oliveira
A
Análise Comportamental possui várias vertentes que podem ser aplicadas no dia a
dia por qualquer pessoa com algum treinamento. Na área de segurança, seja
pública ou privada, se torna uma ferramenta muito útil quando direciona nosso
foco de observação para possíveis agressores e orienta o comportamento que deve
ser seguido para nos sentirmos mais seguros.
O
processo se chama “Leitura Fria” que, nada mais é que a leitura da linguagem
corporal. Sabemos que a nossa comunicação verbal não chega a 30% de tudo que
passamos para o outro. Na verdade, o corpo diz mais sobre o que pensamos e,
como pensamos, do que nossas palavras. Assim, ao observar a movimentação de uma
pessoa, seu gestual ou até mesmo como ele se veste e interage com outras
pessoas no ambiente, teremos informações valiosas sobre seu perfil
comportamental e emocional. Sua intenção pode transparecer antes mesmo que
algum ato possa ser feito e isto facilita a abordagem ao suspeito ou, se for o
caso, contra medidas de afastamento da provável vítima.
A
outra vantagem de ser conhecer bem a Linguagem Corporal dentro da Análise Comportamental
é saber administrar nossas próprias emoções. Controlar é quase impossível,
afinal elas são muito rápidas e, quase sempre, imperceptíveis no início para
quem as manifesta. Com o treinamento adequado uma mudança de postura corporal
pode fazer muita diferença no que sentimos e no que expomos para as pessoas que
nos observam. Uma boa postura muda o estado emocional e informa ao ambiente
externo nossa condição de disposição. Assim controlando nossa comunicação
corporal.
O
olhar deve deixar de ser generalista sobre o plano e cuidar mais dos detalhes.
Um exemplo disto é que, para deixar o corpo mais à vontade, despreocupado,
devemos ao chegar em qualquer lugar desconhecido cuidar de descobrir a
localização de três coisas: banheiros, opções de saídas de emergência e um
local onde exista área livre, onde seja possível “ver o céu”.
O
sistema de alerta do corpo se preocupa, mesmo que de forma inconsciente, com
algumas variáveis no ambiente e, se você cuidar de dar as informações corretas
seus sistemas de defesa irão baixar a guarda e deixar você mais liberado para
aproveitar melhor o local onde se encontra. Isto sempre ocorre, mesmo contra a
nossa vontade, pois a sobrevivência da espécie é algo instintivo, mais forte
que tudo que desejamos ou possuímos.
Tentar
olhar para as pessoas com curiosidade sem, a princípio, muita especulação
também é uma boa forma de fazer uma varredura de segurança. Observar itens específicos
como bonés, casacos com capuz, pessoas que à distância trocam códigos com
olhares. Na verdade parece um manual de paranóia, mas, se feito com
tranquilidade, passa a ser uma rotina que lhe trará bons resultados.
Coisas
bem simples como destacar do grupo tudo que é diferente demais ou igual ao extremo,
ou seja, fora do padrão, ou ainda, tentar perceber incongruências posturais, do
tipo: o sujeito está bem vestido, mas os sapatos estão sujos ou as unhas das
mãos mal cuidadas. Estes cuidados podem trazer alternativas de comportamento de
sua parte que evitarão um possível evento danoso. Claro que é necessário que
você evite movimentos rápidos e giros de 360° no local como se fosse um farol
em alto mar.
Esqueça,
de pronto, todos os estereótipos como: religião, sexo, raça, tatuagens e etc. A
atitude deve ser de total isenção pois, quem deseja praticar um ato violento
planejado, deve ter tido a cautela de ocultar qualquer símbolo que possa denunciá-lo
ou facilitar seu reconhecimento. Somente os iniciantes – às vezes bem mais
violentos que os ditos profissionais - atuam quase que uniformizados para o crime.
Um
treinamento de poucas horas pode fazer muita diferença na vida de qualquer
pessoa. Embora não seja garantia de proteção total, pois, muitas ações são
rápidas e não permitem uma avaliação antecipada. Para as tantas outras que
enfrentamos nas ruas, bares e situações de convívio com muitas pessoas, a boa análise
comportamental serve como uma excelente ferramenta para pessoas comuns e
profissionais de segurança.
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