Por. Prof. Msc. João Oliveira
Muito
já se foi escrito sobre a saudade. Tenho certeza que qualquer pessoa sabe do
que se trata e como se dá este sentimento em nossa percepção. Quando é uma boa
saudade, parte da memória nos leva a alguém, algum lugar e bate uma tristeza
leve e gostosa em relação à lembrança evocada. Essas palavras não explicam a
sensação que temos isto sempre será impossível em função das limitações das
palavras, mas leva o pensamento na direção certa.
Tentando
ainda entender a saudade, podemos presumir que ela sempre se dá em relação a
uma atitude comportamental. Sim! A saudade está ligada a um comportamento, uma
atitude que se teve no passado ou que alguém demonstrou em relação a nós. Pense
por alguns momentos, reveja em sua mente os episódios que podem elencar este
sentimento. Mesmo quando se trata de algum lugar, onde estivemos no passado,
sempre existe uma atitude envolvida como, por exemplo, estar de férias ou em
companhia agradável.
Sabemos
que existem perfis de saudade que podem fazer sofrer, trazendo angústia ou revolta
de quem sente por não ter tipo um comportamento diferente ou ser incapaz de
mudar algum evento de perda. Também sabemos que, nossa mente não difere o real
praticado do falso imaginado. Então, baseado nisto, podemos alterar nossas
próprias percepções para algo mais positivo.
Devemos
lembrar que, sentimentos densos provocam uma resposta endócrina com produções químicas
e, inclusive, a possibilidade de rebaixamento do sistema imunológico. Ou seja, você
pode ficar exposto a doenças oportunistas ou psicossomáticas pelo simples fato
de sentir uma saudade muito forte e ruim a respeito de algo.
Este
processo pode ser interrompido se, de uma maneira artificial, mudarmos o rumo
dos eventos lembrados. Nós nunca deixaríamos de saber o que realmente ocorreu
de tão pesado e triste para nós, mas podemos de uma forma simples, imaginar que
foi diferente. Como a mente neste aspecto é frágil, a percepção do real em
relação ao fato alterado pela criatividade se quebra. Na verdade em algumas
pessoas este modelo de ressignificação, que altera de modo expressivo o fato
vivido, tem efeito imediato e, em outras, pode demorar um pouco mais para
começar a diminuir a sensação de tristeza e dor ligados aos fatos que estão no
passado trazendo sofrimento no presente.
Essa
pergunta vale ouro: o que é real e o que é imaginado? Se podemos alterar, com a
simples imaginação, uma percepção que pode também mudar produções internas - de
ruins para mais saudáveis – então, sofremos por que queremos, já que o fato
real pode ser distorcido ao ponto de obtermos uma resposta metabólica melhor!
Isto nos coloca em um dilema moral, pois nosso passado mental é uma construção
pessoal e, por assim dizer, estaríamos mentindo para nós mesmos na tentativa de
fazer um momento presente melhor.
Não
existe mesmo diferença entre o real e o imaginado! E isto deve ser uma grande
novidade não é? Infelizmente não, Jesus já sabia disto: “Ouvistes que foi dito aos antigos:
Não adulterarás. Eu, porém, vos digo que todo o que olhar para uma mulher,
cobiçando-a, já no seu coração adulterou com ela.” (Mateus, V: 27-28).
Então o Mestre dos mestres deixa claro, se você imaginou, já cometeu o pecado
em pensamento confirmando a hipótese de que, para o cérebro, não há mesmo
nenhuma diferença entre o praticado ou o pensado.
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