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domingo, 4 de março de 2012

QUEM SOU EU?





Provavelmente, em algum momento de nossas vidas, três perguntas vêm a mente: 

1) De onde eu vim?
2) Quem sou eu?
3) Para onde vou?

Responder primariamente é fácil: - “Vim de lá, sou o João e vou para à praia (agora)!” O problema é que, como seres em desenvolvimento, queremos mais que isto. São questões transcendentais que fogem a esfera do pré frontal. A consciência busca, mas não toca, sequer, com seus dedos a superfície do tímido globo de uma laranja – obrigado Neruda!

Para abrir o campo e permitir a fluidez de um bom raciocínio, proponho uma metáfora para nos ajudar a elaborar as próprias respostas:

Numa manhã qualquer você se aproxima de um lago, límpido e calmo e retira, com as mãos, uma enorme carpa. Ela se debate, mostrando inquietação. O peixe se movimenta tornando o corpo côncavo e convexo várias vezes por segundo. Você nota o desespero do animal.

Existe uma maneira de apaziguar este nervosismo? Você faz o que é possível e, rapidamente passa para o nome do peixe um carro conversível zerinho, coloca-o no banco da frente, que é de couro, e o bicho continua a se debater.

Como isso é possível? Você acabou de dar a ele um carro zero! O que será que ele deseja? Hum, outra boa ideia surge em sua mente, você contrata acompanhantes (profissionais) e coloca-as no carro junto com o peixe. São mulheres belíssimas , com pouca roupa, e mesmo assim o peixe não sossega.

Bebidas! Sim é isso! O peixe quer cerveja, vinho, refrigerante... sei lá! Nada disto deixa o animal em paz. Joias, dinheiro ... você coloca no carro uma maleta com R$ 250.000,00 e o peixe nem olha para as notas de cem reais.

O que este peixe quer? Que animal insaciável é este?

Assim também Somos nós!

Como o peixe, que fora retirado do lago, nós estamos fora do nosso ambiente natural. Somos humanos em carne, é verdade, mas o que nos faz viver não é o corpo. Está dentro de nós e é imaterial. Você pode chamar de alma, espírito. Eu, por conta de minha profissão, chamo de psique – a estrutura psicológica do sujeito.

Se, pensem comigo, o que somos é de fato imaterial – minúsculos vórtices de faíscas eletroquímicas entre fendas sinápticas – e o que sentimos é falta – de onde nasce o desejo por um prazer nunca alcançado em plenitude – não há nada neste mundo que nos faça, realmente feliz: queremos é voltar para o lago!

Obviamente este propósito, voltar ao ambiente natural, terá suas interpretações de acordo com crenças pessoais. Não temos de discutir isto. Olhemos apenas para a questão principal: estamos voltando exatamente para o lugar de onde viemos. Então, duas perguntas já estão respondidas: De onde eu vim e para onde eu vou – para o mesmo lugar!

Falta saber quem eu sou.

Respondo por mim: sou um ser em construção, pedaço minúsculo de um corpo infinito na mais completa amnésia retrógrada: a pancada na cabeça, que originou o problema, foi quando nasci.

Que todos tenham uma boa estada e um excelente retorno.




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