E mail recebido da Diretoria da Liga Espírita de Campos.
“Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas”.
(Carlos Drummond de Andrade)
Continuou a nos causar estranheza quando, nesta última semana, ao entrarmos no site oficial da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, encontramos um matéria do Sr. Suledil Bernardino, Controlador Geral da PMCG, afirmando que a mesma já repassou 12 milhões aos prestadores de serviço da área de saúde municipal.
Que nos pesem a seriedade e dedicação com que o Sr. Suledil Bernardino desempenha suas funções, zelando de forma radical e, excepcionalmente cautelosa, pela aplicação do dinheiro público sob seu controle, a redação do texto pode parecer aos mais desavisados e àqueles que não acompanham, de perto, o complexo desenrolar dessa “parceria”, que a PMCG tem sido uma “mãe caridosa e bondosa” que promoveu a “doação” de milhões a 06 (seis) instituições, hospitalares e filantrópicas, desprezando um fato da maior importância: pagou por serviços realizados por terceiros, já que o poder público municipal não consegue, não quer ou não pode, no momento, garantir a sua prestação à população, seja por qual motivo for, não vem ao caso.
Pagou, Sr. Suledil, o mês de dezembro do exercício de 2008, fato corriqueiro e comum em qualquer nível de administração (e o senhor sabe disso, já que não é a primeira vez que ocupa uma função pública) porque seria impossível não fazê-lo, uma vez que só se recebe o pagamento após a correta prestação de contas e o mês de dezembro terminou no dia 31, o que fez com que as contas só fossem apresentadas no início de janeiro do corrente ano, coincidindo com a posse da nova Chefe e sua equipe no Executivo Municipal.
A Liga Espírita de Campos, mantenedora do Hospital Psiquiátrico Dr. João Viana, ratifica o recebimento de R$450.000,00 (quatrocentos e cinqüenta mil reais), sendo R$150.000,00(cento e cinqüenta mil reais) relativos ao mês de dezembro de 2008, pagos em 07/04/2009 e R$300.000,00 (trezentos mil reais) referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2009.
A Liga Espírita de Campos, mantenedora do Hospital Psiquiátrico Dr. João Viana, solicita o pagamento dos serviços relativos aos meses de abril, maio e junho, já que os mesmos se encontram em atraso injustificável.
Sr. Suledil Bernardino, um hospital não pode parar! Especialmente, um hospital psiquiátrico, que possui pacientes com um perfil diferenciado dos hospitais gerais, mas todos criaturas humanas, tão humanas que o escritor, poeta e dramaturgo francês, Antonin Artaud, chegou a afirmar: "A loucura enuncia para a sociedade, verdades que são insuportáveis.”
E o Hospital Dr. João Viana não vai parar! Não vai parar porque é o MAIOR AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL DA REGIÃO E DO INTERIOR DO ESTADO, fazendo um atendimento/mês superior a 2.800 consultas e acompanhamentos.
O Hospital Dr. João Viana não vai parar, Dr. Paulo Hirano, Secretário Municipal de Saúde, graças aos seus 15 (quinze) psicólogos, 06 (seis) psiquiatras, uma assistente social e uma terapeuta ocupacional que, como a Dra. Nise da Silveira dizia “... atentam contra as estabilidades. Vivem intensamente até perderem-se de si” e, por isso, jamais pararam e não vão parar, mesmo tendo recebido o seu último salário em 29 (vinte e nove) de abril passado.
O Hospital Dr. João Viana não vai parar, Sra. Rosinha Garotinho, Prefeita de Campos dos Goytacazes, porque os nossos internos e assistidos tem sido os nossos melhores professores na “emoção do lidar”, pintando de tons coloridos aquilo que pode parecer preto e branco. E, nestes momentos mágicos do lidar com os “estados do ser”, temos aprendido a não ceder às pressões e insensibilidades. Ao contrário, queremos, antes, estremecê-las e, assim, contrariando o nosso poeta maior, Drummond, fazer com que nasça, em nossas sepulturas, uma rosa vermelha, que exacerba na cor e no perfume, o tom forte das grandes paixões, em especial, de um “louco amor”!
Atenciosamente,
A Diretoria da Liga Espírita de Campos.
Em tempo: os nossos técnicos são pessoas iguais a nós: necessitam comer, vestir, comprar remédios, usar meios de transporte; pagar impostos, aluguel, luz, água, telefone; tem filhos, cônjuges e outras necessidades inerentes aos cidadãos em pleno exercício da sua cidadania!
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