Por João Oliveira
A análise comportamental no ambiente
coorporativo, quando bem usada pelo departamento de RH, pode ampliar as
possibilidades de produtividade do indivíduo e, até mesmo, identificar
possíveis crises antes que elas estejam causando perdas a instituição.
Uma
contínua e saudável observação da linguagem corporal do corpo funcional deve
auxiliar ao planejamento de ações motivacionais. Isto pode dotar o profissional
de Rh da instituição da informação necessária para saber o tempo certo de
implementar treinamentos, dinâmicas, eventos que possibilitem uma alteração no
“status quo” sempre que for necessário.
Óbvio
que é necessário um pouco mais do que algumas dicas de como o ser humano exibe
suas emoções, muitas vezes sem a plena consciência delas, para se tornar um bom
analista comportamental. No entanto, algumas informações básicas já servem como
indicativo da importância deste conhecimento em qualquer empresa que deseje
manter um bom nível de produtividade.
Lembramos
que o contexto é sempre relevante e que, um elemento da linguagem corporal,
isolado, não é muito representativo neste perfil de observação pois, o
indivíduo, em particular, pode estar apresentando seu estado de espírito
próprio por motivos vivenciados em sua experiência social/familiar. A análise
dos índices presentes, a quantidade de vezes que é exibido ou a propagação do
comportamento entre os elementos da equipe, é que irão, realmente, revelar o estado
emocional instalado no grupo observado.
Outro
importante detalhe em uma boa análise é jamais alertar os elementos em
observação sobre suas condutas numa tentativa de “corrigir” a exibição de
estímulos emocionais. Isto irá criar uma neblina comportamental e atrapalhar
futuras análises.
O
corpo fala, sim é verdade, saber ouvir o que ele tem a dizer em uma empresa
pode significar muito para a melhor deliberação de um gestor. Assim, sempre
focando no valor da observação grupal e, apenas com a intenção de criar uma
atenção diferenciada para mais esta boa ferramenta organizacional, elencamos
aqui algumas situações onde o corpo pode demonstrar o estado de espirito
reinante.
1) No
refeitório, durante as refeições, o braço esquerdo (nos destros) fica levemente
levantado como que se protegesse a comida enquanto a pessoa se alimenta. Posicionamento
clássico de defesa em um momento essencial para manutenção da existência. Isto
exibe um certo grau de insegurança com o ambiente. Se muitos no grupo exibem
este movimento pode ser uma sinalização de que reina uma forte ansiedade entre
eles.
2) Passos
rápidos. Um momento de pressão pode gerar a falsa necessidade de velocidade
física que acaba por ser impresso nos passos dos elementos sob o mesmo teto.
Quando observamos que esta aceleração do andar se estende por vários dias,
estamos diante de uma possível futura crise de erros. A “urgência” diária vai
projetar falhas no desempenho das tarefas laborais.
3) Ângulo
da cabeça. Pessoas que andam com a cabeça pendendo para baixo, em um ângulo
menor que 90°, indicam a elaboração da tristeza que pode chegar a um perfil
depressivo na coletividade. Muito parecido com o “ar de cansaço” a tristeza
torna os movimentos lentificados e o raciocínio perde bastante a capacidade de
resolução dos problemas. Limita a produtividade.
4) Absenteísmo
por doença. O surgimento de sintomas numa coletividade é um forte indício de
uma estrutura agressiva de pressão emocional instalada. Se torna necessário
observar também se este movimento não faz parte de uma agenda com períodos
específicos de manifestações. Épocas onde a produtividade precisa dar maior vazão
para cobrir necessidades de mercado são mais propícias ao surgimento de eventos
desta natureza.
5) Roupas.
Mesmo uma empresa que utiliza uniformes pode, com a observação do modo como as
pessoas se vestem, revelar alguns elementos importantes. A desorganização do
pensamento, movido por algum objeto estressante, acaba por externalizar isto na
forma como o grupo se mantém (ou não) estruturado em todos os detalhes desde o
perfil de objetos na mesa de trabalho até o modo de se vestir.
Todas as
análises devem possuir uma base comparativa. O parâmetro comportamental é
importante, pois sem ele não é possível ver alteração ocorrendo. Um olhar
instantâneo oferece informações, mas é a continuidade que agrega conteúdo para
a tomada de decisão no momento oportuno.
Entender os
sinais apresentados e usar isto de forma salutar para energizar o ambiente e
alterar ânimos, elevando a autoestima, é o que se espera de um bom profissional
de RH voltado para o futuro. Ações são bem vindas em qualquer tempo e, como
sabemos, essenciais no momento certo.