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sábado, 27 de dezembro de 2014

O Platô do Tempo





Ninguém nunca havia voltado de lá e, observar aquele platô incitava a forte curiosidade dos meninos da aldeia.
- O que existe lá no alto? – sempre perguntavam aos mais velhos.
- Nada, só pedras! – ou - Não é permitido subir. – ou ainda - Não interessa o que existe lá, pertence aos antigos: é sagrado. – eram sempre essas as repostas que ouviam.
E ainda mais, existia uma proibição de subir que punia severamente qualquer um que se atravesse entrar na trilha de subida. Bastava um movimento inconsciente na direção da montanha, que alguém já denunciava ao conselho de idosos.
Um dia o pequeno Jonas, de apenas 13 anos, em perseguição a um esperto coelho não se deu conta que ia em direção ao misterioso platô. Como já estava no meio do caminho e ninguém o havia visto, ele decidiu desvelar o mistério do platô e continuou a escalada após ter desistido do coelho. Já estava noite quando ele percebeu onde se encontrava: quase no topo! Como era muito escuro (noite sem lua), ele havia se perdido no mato e já não sabia se subia ou descia. Preocupado com a família e com fome, parou para descansar e adormeceu.
Ao abrir os olhos teve uma grande supresa. Estava deitado no cume do platô. Suas roupas estavam limpas, ele estava sem fome e, se sentindo muito bem. Muitas pessoas lá estavam também, todas belas e bem dispostas, duas vieram lhe cumprimentar.
- Seja bem vindo Jonas. – falou o mais velho.
- Como sabe meu nome?
- Aqui sabemos de tudo que se passa na sua aldeia. E também sabemos o que irá ocorrer no futuro.
- No futuro? Como isso é possível?
- Você está no Platô do Tempo, um lugar acima das prisões físicas corporais. Venha, deixa eu te mostrar um pouco. A beirada norte é o futuro, veja lá em baixo como a vila irá se transformar em uma grande cidade dentro de 50 anos. – continua o velho – Aqui, na rampa sul, podemos ver o passado. Lá embaixo, repare bem, são apenas cinco cabanas de quando a vila começava a se instalar.
- E os lados leste e oeste?
- Estes são destinados ao vislumbre da vida e da morte. Ao Leste vemos o ambiente dos vivos no momento presente.
- Nossa! – disse Jonas – o oeste deve ser então o mundo dos mortos, não é?
- Na verdade Jonas, é apenas um grande espelho. Na noite de ontem o frio da madrugada trouxe você até nós. Eu, você e todos aqui no Platô do Tempo estamos mortos e presos, por toda eternidade, por ter desafiado a lei que proibe a escalada dos vivos até aqui.
Esta é apenas uma metáfora para ilustrar o movimento comum da grande curiosidade que temos sobre tudo na vida. Procuramos sempre coisas novas e nosso cérebro adora mistérios. O problema reside na capacidade que temos de lidar (ou não) com as revelações que podem surgir diante de nós caso tenhamos sucesso em algumas incursões.
Será que estamos preparados para estar diante de todas as verdades que buscamos?
Não importa muito qual seja o objeto em questão do mistério. Pode ser qualquer coisa como, por exemplo, a verdade completa sobre as pessoas que nos rodeiam. Pense desta forma: as pessoas lhe tratariam da mesma forma se soubessem tudo a seu respeito? Então algumas verdades podem ficar guardadas pois, já foram úteis no seu processo de adultificação, ou coleta de angústias.
Fato é que o mundo (e as pessoas) sempre terão seus segredos e mistérios. E isso não é ruim. Muitas vezes é melhor saber pouco para sofrer menos ainda e aproveitar mais as coisas boas que o mundo e as pessoas podem nos oferecer.

A CASA





                Sempre que pensamos em lar surge uma sensação de segurança. É isso que um lar representa, bem estar e segurança. Quando recheado de afeto e paz constrói o que chamamos de célula mater da sociedade, a base estrutural de tudo que podemos esperar de uma saudável vida em comum.

                Quando essa representação não funciona, quando a base não está composta desses elementos básicos, a sustentação do espectro maior está comprometida. Daí surge a violência, agressividade sem medida, falta de amor ao próximo e nenhuma empatia construtiva. Se o lar falha, toda coletividade perde.

                Como podemos ajudar a consertar algo tão íntimo e particular e muitas vezes invisível aos nossos olhos?

                A única forma possível é o exemplo. O seu, o meu e, principalmente, da grande mídia especulativa que vive ganhando números em audiência por mostrar o lado negativo da raça humana.

                Valorizar o que é certo, premiar com destaque tudo que está dentro do que é esperado pode parecer redundância, pois é lógico pensar que não seria necessário colocar luz onde ela é gerada. No entanto, nos tempos em que estamos inseridos, o desajuste ganhou o foco das atenções. Como exemplo podemos ver as “pegadinhas” onde acidentes ou pessoas sendo ridicularizadas se tornam conteúdo humorístico. Será que não há nenhum sofrimento, vergonha ou dor envolvidos quando uma pessoa tropeça e cai por qualquer motivo? Então estamos rindo do quê?

                Por que olhamos o detestável com atenção? Por que a grande maioria das pessoas tem atração por desgraças alheias?               A resposta pode, quem sabe, estar escondida no pior de nossa espécie: puro egoísmo.

                Ao assistir ou ler uma notícia onde a tragédia humana é destaque principal, o leitor/espectador se sente aliviado pois, ele está do outro lado da notícia, assim, sua vida ainda é melhor do que a do outro que neste momento sofre exposição.

                Resumindo o pensamento:  – “Embora minha vida não seja perfeita, a do outro, pelo menos neste momento, é pior!”

                Voltamos agora à família, centro de criação de uma personalidade empática. Imagine um mundo onde todo este volume de informação que temos – rádio, jornais, internet, tv e etc – estivesse veiculando somente o lado positivo da vida? Lembre-se que o exemplo é contagiante e (não vamos nem perder muito tempo agora expondo como isso acontece) o que é muito divulgado se alastra como fogo serra acima.

                Não é possível mudar o mundo. O que existe hoje ainda irá existir por muito tempo, não há nenhuma fórmula mágica capaz de reverter o abismo onde caímos ao longo dos séculos.

                Só nos resta alterar o que somos individualmente, cada um de nós, apresentar sempre o melhor possível e, caso tenhamos ainda vestígios da poeira acumulada pelo anos de convívio com a exploração da desordem, este deve ser o melhor momento para colocar a roupa na lavanderia.

                Estamos começando um novo ano, 2015 está ali, dobrando a esquina e olhando para nós cheio de esperanças. É o tempo que nos cobra! Façamos sim todos os projetos pessoais possíveis, vise também o mundo material pois, é necessário para o seu conforto e equilíbrio, mas agregue alguns temperos adicionais: o aspecto comportamental, emocional e espiritual.

                O que vou escolher ser em 2015, como pessoa e ente humano, com o que vou me importar mais e onde vou dispor minha atenção, é o que importa neste momento. Não custa pensar que se cada um de nós escolher o melhor da humanidade, o pior irá perder espaço aos poucos e, em algum tempo futuro, pode ser que desapareça por completo.

                Podemos lidar com isso: são escolhas possíveis de serem cumpridas. Pense sobre o segundo mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Aí talvez resida outro grande segredo: quem não se ama não possui nada para oferecer ao próximo. 

Então, ame a si mesmo e faça o melhor possível por todos, pois todos estamos no mesmo lar e não temos como mudar isso: nossa casa é o planeta Terra. E quem não quer estar seguro em sua própria casa?

domingo, 7 de dezembro de 2014

UM AMOR QUE VERÃO

Por João Oliveira

                O título é uma brincadeira com a expressão “um amor de verão” que se refere a um perfil de relacionamento de curta duração mas ao mesmo tempo impactante. Uma paixão, por assim dizer.

                O propósito é fazer pensar sobre que tipo de relacionamentos estamos cultivando em nossas vidas e o que realmente queremos para o futuro. Todos sabemos que paixão é uma forte e arrebatadora emoção que possui um tempo curto de validade. Para se curar uma paixão basta um banho frio e uma volta no quarteirão. Já o amor (real amor) é algo mais tranquilo e sereno, calmo e duradouro, não se trata de uma disputa de domínio ou controle da relação.

                Quem pensa em estar no absoluto controle de uma relação à dois irá acabar sozinho em algum tempo. Na verdade, um casal que se ama compreende as necessidades do outro e coopera para que elas sejam satisfeitas. Os dois perdem um pouco todos os dias e os dois ganham muito por toda a existência. Saber lidar com isso é o grande segredo de um bom relacionamento.

                No entanto, o maior parte do problema dos relacionamentos se encontra na opinião dos outros de como funciona o “seu” perfil de vida à dois. Como somos pessoas diferentes, com universos complexos e cheio de interpretações próprias torna-se impossível um modelo único que funcione para todos.

                Neste ponto é que surge o inimigo mortal de qualquer situação que está em bom andamento: a comparação.

                Seres humanos são propensos a fazer comparações buscando algo ainda melhor do que já possuem. Isso se aplica a tudo: bens materiais, condições monetárias, grau de instrução, beleza física e etc. Ocorre que sempre haverá alguém mais jovem, mais belo, mais rico, mais inteligente, mais estável emocionalmente e com um relacionamento (aparentemente) perfeito.

                Não há como acompanhar, por exemplo, os lançamentos de novos modelos de Smartphones, sempre teremos algo ímpar sendo colocado à venda pelos ambiciosos fabricantes. Assim, observar o que se têm e cuidar para que continue funcionando de maneira harmônica é mais relevante que tentar fazer um upgrade no que já opera com eficiência.

                Voltando ao ponto chave do tema, o que um casal vive no dia a dia é assunto privado e de única responsabilidade dos dois. Não há porque submeter novas regras em algo que atende as expectativas e dá resultados positivos - caso isso seja real e os dois estejam felizes com os resultados colhidos.

                Tentar fazer teatro de aparências para que um público (família, amigos etc) tenha um feedback positivo de suas expectativas pode causar a destruição do “status quo” e ainda promover sentimentos e emoções negativas que (com muita facilidade) podem causar sintomas físicos.

                Viva o amor que sente, do jeito que ele é, e deixe que os outros façam o mesmo. Não se preocupe com conceitos estipulados por uma sociedade mutável e inconstante. Seja fiel ao que te faz feliz.