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sábado, 26 de julho de 2008

Editorial de Hoje de O Diário

Um abraço para o Jornalista Hélio Cordeio do Jornal O Diário de Campos pelo excelente editorial de hoje que reproduzo qui para meus 13 leitores.

A prova dos candidatos


"A decisão de um juiz de Poço Fundo (MG) em impugnar o registro de candidatos analfabetos à prefeitura e a Câmara de Vereadores daquele município, após um teste escrito de língua portuguesa com os postulantes ao Legislativo, enseja uma reflexão sobre a falta de critérios dos partidos políticos na escolha dos filiados que submetem à apreciação dos eleitores na disputa eleitoral.
A prova resumiu-se a um ditado elementar, composto por duas frases como “O ministro Gilmar Mendes soltou pela segunda vez Daniel Dantas” e “A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral”. Resultado: 21 dos 60 candidatos ao Executivo e ao Legislativo não conseguiram escrever.
A decisão do magistrado se baseia na Constituição que diz que analfabeto pode votar, mas não pode ser votado. As siglas partidárias deveriam fazer uma avaliação criteriosa dos postulantes a cargos públicos. Além do comportamento social irrepreensível e incontestável idoneidade moral, o pretendente a um cargo eletivo deve ter um mínimo de qualificação para o exercício de um mandato, até mesmo para se defender de eventuais armadilhas perpetradas por espertalhões que gravitam em torno do poder.
Não se trata de exigir formação acadêmica para quem se coloca a disposição da população para administrar um município ou ocupar uma cadeira no Legislativo. Mas uma vez eleito o político tem que possuir o mínimo preparo de instrução, por mais elementar que seja para se comunicar ou saber interpretar um texto. A questão, entretanto, não é tão simples. A própria definição de analfabeto funcional não é muito precisa, já que existem analfabetos funcionais com nível superior de escolaridade, reflexos da qualidade sofrível da educação brasileira, que permite a um cidadão sair da faculdade sem saber construir uma frase ou enunciar os nomes de dez escritores brasileiros. É bem verdade que os parlamentos devem refletir o fiel espelho da sociedade que representam. Mas um candidato que se pretenda alçar à condição de liderança de uma comunidade através de um cargo público precisa ser possuidor de mínimas qualidades que justifiquem a posição alcançada.
É necessário compreender que esses predicados não se restringem ao nível de instrução, até porque há autodidatas que são bons comunicadores, sabem ler e escrever com desenvoltura sem haver concluído curso superior, até mesmo o secundário. O caso mais emblemático é do presidente da República, conquanto longe de ser regra, mas exceção."

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