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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A BALA VEIO VOANDO


Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031 )

Passou pelo carteiro, mas, como sabemos, o carteiro está apenas trabalhando, não tem nada a ver com a briga das facções ou do embate da polícia contra os traficantes. Por isso mesmo, ela passou raspando, deixou o carteiro em paz. Foi em frente sem olhar para trás.


Vinha o menino correndo saindo da escola. A bala até viu o corpo macio e pensou em nele se alojar. No entanto, o menino sorria tão bonito que ela resolveu adiar esse encontro e passou a um centímetro do braço do garoto que pela via seguia.

O padre só colocou a cabeça para fora na janela da casa paroquial e, justamente, na trajetória da bala, que fez um grande esforço em curva para livrar o vigário. Afinal, pensou a bala, alguém teria de rezar a missa do próximo falecido, resultado de um outro tiro.

A lavadeira jogou a trouxa de roupas no chão. Se escondeu atrás dela. A bala riu: - “Sorte sua que não te quero como alvo. Essa trouxa que roupas sujas contém não protege sua vida. ” E seguiu em frente com a velocidade mortal que toda bala tem.

A bala, na verdade, queria mesmo era voar mais. Por isso estava evitando os alvos. A liberdade de voar em tal velocidade era incrível, ver o mundo rapidamente sendo o mais potente ser no ar deve ser uma sensação espetacular. Justamente isso ela queria fazer durar.

Pela ladeira vinha subindo o sobrinho do traficante, o mesmo que havia apertado o gatilho e a libertado pelo ar, em agradecimento ela também desviou do rapaz e seguiu adiante.

Tinha um policial na frente, ela passou rente e também tinha um político corrupto, mas, esse estava muito longe. Sem ter o que mais fazer a bala encontrou o muro e pôs fim à sua jornada no mundo.

Uma pena que a bala que voe fora dessa página não tenha piedade de ninguém. Vai de encontro a vidas finalizando histórias, deixando claro para muitos que essa jornada vale muito mais que um vintém. Viva agora, seja feliz de forma urgente, pois, não são só as balas que param a gente.

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