Por Beatriz
Acampora
No Egito antigo era
comum as mulheres dormirem muito, cerca de 16 horas por dia. Yasmin era uma
menina jovem, com 14 anos de idade, e tinha uma vida confortável, sem muitas
regalias, mas com o que era preciso para viver naquela época.
A rotina da jovem
Yasmin era acordar cerca de 07h da manhã, comer alguma coisa, ajudar sua mãe
nos afazeres domésticos, estudar um pouco e voltar a dormir por volta das 15h.
E dormia até o dia seguinte. Essa rotina, dizem, tornava as mulheres mais belas
e saudáveis.
Ocorre que Yasmin
nunca havia visto a noite. Certa madrugada, ela teve um sonho estranho e
acordou antes do sol nascer. Quando abriu os olhos viu seus pais deitados
dormindo, diferentes do que estava acostumada e assustou, acreditou que
eles estavam mortos. Olhou pela janela e ficou ainda mais apavorada, pois, no
lugar do sol, havia a escuridão da noite e pontos brilhantes no céu.
Aterrorizada, a menina começa a gritar e acorda a casa inteira.
Yasmin corre para o
deserto tentando fugir daquela situação desconhecida. Porém fica ainda mais
atordoada quando vê uma bola redonda, grande e branca no céu. Ela pensou:
“será que esta coisa engoliu o sol”? A mãe foi atrás dela, a abraçou e
explicou: “minha filha: essa é a noite, de dia existe o sol, a claridade e à
noite existem a lua, as estrelas, que são esses pontos brancos no céu.
A mãe de Yasmin
ficou abraçada com a filha, explicando os benefícios do dia e da noite, até que
o sol nasce e a menina fica maravilhada com o amanhecer, com a transformação da
noite em dia.
Os mistérios da
vida, precisam ser apresentados. Quantos mistérios ainda seriam revelados a
Yasmin? Quantos mistérios ainda se desvelarão na sua vida? E diante destes
mistérios, todos têm o poder de escolher o que fazer com o novo
conhecimento. Cada um tem mistérios a revelar que podem surpreender o
outro, abrir a porta para um pensamento, um julgamento diferente.
A cada um é dado
muitas possibilidades em uma trilha individual e, na pessoalidade cotidiana do
viver, a escolha de quais caminhos percorrer, qual a direção seguir, a intenção
e a vontade de realizar, se tornam o chão daquele que percorre a vida em toda
sua intensidade.
É como um homem de
setenta anos do interior que nunca viu o mar e quando fica diante da imensidão
do oceano, dentro dele, tem uma vastidão de ondas porque seus olhos se enchem
de lágrimas, que viram rio.
É como um
ribeirinho que cresce do lado do rio e para ele aquilo não tem mais mistério
nenhum, mas quando ele vê uma cachoeira, se maravilha. É como um homem que vive
ao lado da cachoeira, perto de uma floresta e vê os peixes pulando e não há
mistério algum, mas quando ele vê algo novo pela primeira vez, maravilhado,
aquilo também se torna um mistério desvelado.
Então, todo mistério,
só pode deixar de ser mistério quando é revelado. Quantas revelações
ainda vamos nos permitir ter? A vida fica mais simples e fácil quando somos
capazes de compreender e aceitar que existem mistérios a serem revelados em
toda a parte e qualquer pessoa pode ser a fonte para desvelar um enigma quando
estamos dispostos a entendê-lo.
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