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quinta-feira, 23 de maio de 2019

UM LUGAR VIRTUAL PARA BRILHAR



Por Prof. Dr. João Oliveira


Manter-se conectado está se tornando uma verdadeira tortura para quem deseja estar bem no universo virtual. O problema se agrava a cada dia com as novíssimas ferramentas de controle de postagens em conjunto com os sistemas de aferição de resultados.

Diferente do profissional que transita no ambiente acadêmico, onde o Currículo Lattes é uma referência nacional, qualquer outro perfil profissional terá uma grande área para apresentar seus talentos, capacidades e habilidades. São tantas opções que se torna impossível, para uma pessoa normal, cobrir todo o espectro virtual.

Desde do Linkedin, Instagran e Facebook, para divulgação de nome, produto ou marca até os realmente especializados em unir talentos aos contratantes como o Workana, Catho ou Fiverr. São vários sistemas online que possibilitam a criação e manutenção de uma persona laboral virtual.

Para quem ainda não se aventurou por essa seara aqui vão algumas informações que podem ser úteis e fazer com que possa existir uma economia de tempo de procura e entendimento na utilização dos sistemas online. Sem a pretensão de cobrir todas ferramentas, vamos a alguns exemplos:

REDES DE DIVULGAÇÃO: Para quem já tem um produto ou serviço bem delineado e deseja apenas a captação de novos clientes existem algumas redes que já provaram ser eficazes:

- FACEBOOK: A criação de páginas de empresas permite a publicação de produtos e serviços com promoções dentro do perfil pretendido. As ferramentas de divulgação são precisas e pode-se, inclusive, limitar o público alvo somente no espeço territorial que pode atender ou, ainda, idade, sexo e área de interesse.

- INSTAGRAM: Nos últimos tempos o instagram tem se demonstrado uma excelente ferramenta de divulgação de talentos. De fato, existem segmentos que trabalham unicamente com o instagram como fonte de obtenção de conversões. O perfil de negócios, que pode ser configurado rapidamente, auxilia bastante com a métricas que são disponibilizadas.

- WORKANA: Para os freelancers ou para aquele que desejam apenas uma complementação de renda o Workana é uma ferramenta fantástica que possibilita o encontro entre que deseja um perfil de serviço com as pessoas mais qualificadas para atendê-lo. O sistema garante o pagamento (que é feito antecipadamente) tão logo assim o contratante se declare satisfeito com o serviço executado. Para trabalhadores instalados em Home Offices e especializados em serviços virtuais esse mecanismo é indispensável. De redatores a programadores, todo o tipo de serviço que pode ser enviado como um arquivo é bem-vindo ao Workana.

- FIVERRS: Muito parecido com o Workana apenas com o detalhe de usar o valor de 5 US como bandeira de marketing. Embora esse valor seja apenas uma referência inicial para os serviços mais simples. Dificilmente um trabalho especializado terá esse valor.

- BLOGS: Saindo de moda aos poucos os blogs ainda atraem a atenção do público que prefere uma leitura mais aprofundada. Dessa forma é necessário manter um Blog para ser o destino das postagens, em redes sociais, para dar mais detalhes do que tem para oferecer aos futuros clientes.

REDES DE RECRUTAMENTO: Para aquele que o produto é o próprio profissional. São mecanismos que auxiliam empresas no contato com o mercado de oferta de mãos de obra. Hoje os departamentos de RH encurtam o caminho usando uma dessas ferramentas.

Sites como: Linkedin, Catho, Empregos.com.br, Manager, Infojobs, Vagas.com.br, Indeed, Vagasonline e Empregocerto (apenas como um pequeno exemplo) se proliferam na rede tornando a tarefa de distribuir currículos cada vez mais fácil para que está em busca de trabalho.

Como são absolutamente similares – com exceção do Likedin que tem a aparência de rede social – as dicas vão no sentido de auxiliar na apresentação do profissional.

- Aparência: fotos e gravações (alguns sites permitem uma apresentação em vídeo) devem ser feitos com o mesmo cuidado que o candidato teria se estivesse presencialmente em frente ao recrutador. Roupa, cabelo, barba devem ser bem preparados da mesma forma como a escolha do fundo que irá aparecer na filmagem.

- TEXTO DE APRESENTAÇÃO: Todo currículo deve ser objetivo e atualizado. O foco deve estar centrado naquilo que realmente traduz o que o profissional faz de melhor. Lembrando sempre que, nos dias atuais, a vaga do especialista é mais garantida do que a do generalista. Quem faz de tudo pode não fazer tudo muito bem. Foque no seu melhor e com o menos número de palavras possível.

- PRETENSÃO SALARIAL: Muitos sites preferem que o candidato deixe claro o seu universo de rendimento pretendidos. Para não estar fora da realidade, sempre faça uma busca na internet para saber o valor médio do mercado. Uma boa ferramenta para isso é o site: http://www.salariobr.com.br. Mas, lembre-se sempre: as grandes empresas sempre têm uma oferta e não deixarão de apresentar caso o valor solicitado, pelo trabalhador, seja diferente.

Assim, esse é um pequeno mapa que pode abrir algumas boas possibilidades. Não se deve temer o desconhecido mundo das redes e sistemas online. Mergulhar no oceano virtual pode se transformar em uma produtiva aventura.



domingo, 12 de maio de 2019

EM UMA NOITE DE SEXTA

EM UMA NOITE DE SEXTA



Por Prof. Dr. João Oliveira

Não eram 19h30 ainda e toca o interfone no apartamento 604:

- Alô? – Diz o proprietário do apartamento meio chateado por ter interrompido seu episódio da terceira temporada de Game of Thrones (Ramsay colocou um monte de mulheres suas seduzindo o Theon mas, parece que as intenções não são boas).

- Boa noite aqui é seu vizinho do apartamento 302. Deixa-me te fazer uma pergunta: é daí que estão cozinhando um arroz branco salpicado de hortelã e manjericão, com umas batatinhas gratinadas em rodelas com requeijão cremoso por cima com pedaços de Salmão, gratinados também, temperados com limão, sal e azeite?

- Não? Claro que não? De onde você tirou isso?

Antes de continuar devo dar mais algumas informações:

1 – O prédio está localizado em Ipanema – classe média alta da Zona Sul do Rio de Janeiro.

2 – Sexta feira é dia de dar uma saída para jantar fora.

3 – Quem está ligando do 302 é um chef de cozinha desempregado.

- Bom amigo, sou eu quem está fazendo esse jantar gourmet. – fala o Chef morador do 302 – Sou o Roger Fortes, chef de cozinha, e preparei hoje 30 jantares gourmet para os moradores desse prédio por apenas R$ 35,00 cada prato. Mas, quem solicitar dois pode levar por apenas R$ 60,00, Está finalizando agora, devo levar quantos para o seu apartamento? Chega aí no tempo de elevador do terceiro ao sexto...

Ocorre um silêncio com alguns segundos. Roger pensa que foi uma furada montar essa estratégia. 

Foi ideia da mulher dele usar uma abordagem sensorial para oferecer as quentinhas gourmets (como eles chamam até hoje). Sim, o risco de perder parte ou toda comida era grande, mas, eles tinham de tentar. As contas estavam vencendo e o dinheiro acabando.

O morador do 604 responde após dolorosos 30 segundos:

- Você aceita cartão?

A matemática dela tinha até uma certa lógica. Veja bem, seis apartamentos por andar em um prédio de 12 andares, são setenta e uma possibilidades. Pode ser até que 30 quentinhas sejam poucas para começar.

E foi exatamente o que aconteceu. Logo no primeiro dia eles tiveram de sair, ir no supermercado e entregar, em três apartamentos, quentinhas em seus próprios pratos. Não tinham se preparado para o sucesso e haviam comprados trintas quentinhas de papelão.

As pessoas adoraram e com o faturamento daquele final de semana pagaram o aluguel e a luz que estava para cortar. Começaram uma nova vida.

Essa história teve início em 2013 e, de lá para cá, muita coisa mudou na vida do casal. Além das duas (lindas) meninas que vieram se juntar a família, Roger arrumou um sócio, um cliente recorrente entre os mais de 200 que conquistou nos prédios próximos.

Virou empresa, restaurante no Shopping Leblon com 18 funcionários, mas, nunca abandonou a entrega de quentinhas gourmets nos finais de semana – sexta e sábados - hoje responsável por um faturamento de quase R$ 100.000,00 por mês.

- Roger? – perguntou o sócio – Vamos colocar as quentinhas todos os dias?

- Claro que não... se fizermos isso deixa de ser especial.

Fantástica história, não é? A esposa do Roger teve uma ideia que deu super certo. Mas, não foi só a ideia de elencar o sensorial das pessoas... era muito bom também. Caso contrário seria apenas uma venda e não uma jornada de sucesso.

Leu até aqui? Deu vontade de pedir uma quentinha dessas na próxima sexta? Ele agora leva vinho também se você optar pelo pacote premium.

Esse seria o exato momento do texto para eu colocar o link de contato com o Roger.

Entretanto, não posso fazer isso.

Roger, sua esposa, as quentinhas... nada disso existe. Eu criei apenas para demonstrar como é possível prender a atenção de uma pessoa para conduzir uma conversão (venda).

O que eu posso fazer é deixar o nosso contato de WhatsApp, pois, estamos preparando um treinamento de Neuromarketing para o segundo semestre no Rio de Janeiro – Copacabana - e São Paulo – Avenida Paulista.

Nesse treinamento vamos apresentar o que há de mais moderno nessa área para potencializar suas vendas presenciais e online. 

Ante de passar o contato, deixa eu te dizer como o Senhor Genival, vendedor ambulante de bebidas nas areias de Copacabana, usa o Neuromarketing sem ter a menor ideia do que seja. Dei umas dicas para ele e está funcionado melhor ainda.

Ele chega perto de um grupo de pessoas na praia, se senta no próprio isopor cheio de bebidas. Abre uma garrafinha de água mineral (a mesma o dia todo) e fala assim:

- Nossa senhora que calor! Só mesmo uma água gelada ou uma cerveja para quem gosta... nunca vi um dia assim tão seco... dói até a garganta da gente.

Toma um gole da água, olha para as pessoas e fala.

- Estou querendo ir embora mais cedo hoje, esse calor e o peso da mercadoria estão me matando. Vou baixar o preço de tudo aqui... quem quer água ou cerveja bem gelada aí... tenho de tudo...

Positivação de vendas? Ele tem 78 anos... só a ideia de ajudar um idoso a se livrar do pesa da mercadoria garante um faturamento de – nos dias quentes – R$ 500,00 !

Leu até aqui? Que bom, tenho certeza que nos encontraremos em sala de aula. Mande uma mensagem para +55 21 98085 0333  - Diga apenas na mensagem de contato: NEURO. Nossa equipe irá te colocar em um grupo de espera – sem interação nenhuma – até termos a agenda do segundo semestre.

Vender nem é o problema... fidelizar sim.

sábado, 30 de março de 2019

A MALDIÇÃO DO ESTÉTICO



TEXTO DISPONÍVEL APENAS PARA QUEM ESTÁ SEM A PULSEIRINHA VIP


Viver com base nas expectativas materiais deve ser, realmente, muito desgastante. O nível de energia utilizada para acompanhar o ambiente estético (Olá, Soren Kierkgaard!) com certeza leva a exaustão qualquer ser humano que viva em aquários.

Senão, vejamos, sempre existirá:

- Alguém mais jovem

- Mais bonito(a)

- Mais inteligente

- Mais rico(a)

- Mais (aparentemente) feliz

- Mais saudável

- Com mais likes

- Mais culto(a) ... (pera aí, acho que isso não conta).

Do que você, eu ou qualquer um de nós.

A concorrência é infinita e o tempo é o maior inimigo. Afinal tudo definha, envelhece, cai, adoece e morre.

Dessa forma, o sofrimento das pessoas reflexos é algo não mesurável na medida que, são suas próprias expectativas alimentando a ansiedade que têm. Uma cobra que morde o próprio rabo: deseja menos sofrer e esse desejo gera o sofrimento. Nada será perfeito por mais detalhamento que se imponha em busca do ideal de beleza ou qualidade.

Chama Platão no canto: na mente o ideal se manifesta – e apenas lá! No mundo concreto, das coisas feitas de pano e metal, essa tal percepção humana atrapalha tudo. A imaginação não se duplica como clone germinado. Falha, chove, borra, atrasa e a foto da self ficou fora de foco ainda por cima.

Nem mesmo as lágrimas da decepção tem o espetacular brilho alcançado pelas lentes que só aquele youtuber possui. Sua festa de aniversário foi fantástica, mas, não foi no castelo ao sul da França como a do mago.

Essas redes sociais... que dor! Não há tempo para acompanhar tudo e a miséria alheia jamais aparece nos sorrisos zigomáticos. Preso na aparência o corpo necessita de cuidados que custam monetário e tempo. Não se chega à conclusão óbvia que tempo não é dinheiro: tempo é vida. Gasta-se a vida perdendo tempo em busca de redes de aprisionamento do vento (Pablo Neruda a essa hora?).

Fato é que, a liberdade se limita a quebrar o espelho ou usar antolhos. Isso só vai depender da sua necessidade de aprovação. E antes que me esqueça, essa aprovação nunca é do outro... isso mesmo: é sua mesmo amigo(a).

Eu aprovo sua elevada autoestima que lhe liberta do checking social.

O que realmente importa (sem filosofia, por favor) só você – com os olhos fechados – é capaz de enxergar



Por João Oliveira  (Perdi minha pulseirinha no banheiro, desculpe)

sexta-feira, 1 de março de 2019

MORTE, VIDA E CONTINUIDADE




Por João Oliveira

- Não há o que temer se é a dor que lhe assusta.

Indra disse isso de costas para Darnak com suas mãos unidas atrás na clássica pose de general que sempre foi.

- Morrer dói com certeza, se não for uma dor física será uma tortura psicológica.

- Darnak, se recorda da dor que sentiu quando caiu do elefante na batalha em Vrindávana?

- Mas, eu não cai de nenhum elefante na batalha...

- Pode ser que tenha caído e não se recorda porque no tombo bateu com a cabeça isso apagou essa memória?

- Não sei...

- Dessa forma, então, pode ser a morte também. Não há dor sem lembrança.

Indra se virou e olhou nos olhos escuros de Darnak.

- Essa é uma conversa infrutífera. Não há nada nesse ponto de sua argumentação que possa alterar o que se dá no processo de transformação que todos irão se submeter um dia.

Darnak deixou a cabeça pender.

Ambos estavam no salão principal do palácio de Svarga no alto de Meru, uma das maiores montanhas do mundo. O assunto começou quando Indra convocou os nobres para enfrentarem, ao seu lado o asura Vritra que roubou toda água do mundo e tinha se transformado em um dragão gigantesco.

- Não é uma questão de temer a morte e sim de entender o processo – continuou Indra – Você teme, na verdade é perder as experiências corpóreas. Os prazeres e dores que o corpo oferta.

- Poderoso senhor... acho que temo é perder a consciência de quem sou.

- Você sabe quem é nesse momento?

- Sou Darnak, claro!

- Esse é o nome que seus ancestrais lhe deram.

- Sou seu capitão do exército montado!

- Esse é quem você se tornou.

- Sou esse que sente frio, fome, tem medo e coragem!

- Essas sãos as percepções do corpo.

- Então quem sou? Me diga senhor que tudo conhece.
Indra riu alto. Toda corte ouviu a gargalhada.

- Vou lhe explicar de um jeito que nunca mais irá esquecer. Todos os corpos físicos ou não, sencientes ou não, em todos os pontos do universo nesta e em todas as dimensões, são ligados da mesma forma que suas células da mente. Fios pequenos, quase invisíveis unem você a mim, aos asuras e as mais distantes estrelas de todas as galáxias.

Indra respirou fundo e continuou.

- O que acontece a uma lesma centenária no polo sul deste planeta interfere de alguma forma na velocidade de nossas vimanas, no calor do sol e na força dos ventos.

- Se eu morrer então irá faltar um pedaço disso, não é?

- Darnak, já ressuscitei milhares de homens caídos em campos de batalhas e, ao voltar, todos me disseram a mesma coisa.

- O que eles dizem sobre o mundo dos mortos?

- Eles se zangam comigo e dizem: - “Porque fez isso comigo, eu estava em paz!”
Darnak se assusta:

- O que isso significa?

- Darnak, ao morrer você não irá desaparecer, irá se tornar parte desta rede infinita e universal se tornando uno com tudo. Sem medo, sem fome, sem coragem... só conhecimento e paz.

- Não quero deixar de ser quem sou.

- Como poderia deixar de ser algo que nem sabe o que é?

- Então, porque existo nessa forma nesse momento?

- Porque é necessário.

A porta se abre e entra no salão Shachi, esposa de Indra:

- Meu amado é urgente que a solução seja encontrada. Recebi a informação que milhões padecem de sede.

- Estamos de saída Shachi, Darnak não irá comigo nesta batalha. Eu irei à frente empunhando Varja sobre Airâvata.

Darnak se levantou e gritou:

- Como ousa Indra? Sou seu servo mais leal e o único capaz de liderar as tropas de Svarga!

- Como ousa você pensar que pode ir a uma batalha temendo a morte. Pode um escriba escrever com medo que lhe falte tinta? Como um ferreiro constrói boas espadas temendo ser atingido pelas fagulhas? Existe algum pescador que se arrisca no mar sem saber nadar? Como ousa você vir lutar ao meu lado, sabendo que trago os mortos à vida, temendo passar por essa experiência corpórea?

- Cure meu medo senhor. – Se ajoelhou aos pés de Indra – Me diga: se vamos todos morrer porque nascemos?

Indra, sempre paciente com os humanos, se ajoelhou ao lado de Darnak.

- É uma oportunidade para aprendermos, evoluirmos, experimentarmos dor, alegria, frio e calor. É um momento para evoluirmos ou não. Os humanos podem se tornar apenas seres que vivem produzindo adrenocromo para os asuras por conta do seu medo da morte ou, quem sabe, se tornarem em vida seres que vibram altas frequências, conseguindo tocar a rede universal: extraindo música do ar.

- Me ensine a ser assim meu senhor...

- Acho que hoje tivemos nossa primeira lição. Levante-se vamos que a luta anseia por vidas e não há vida sem lutas.


Vocabulário pela ordem de aparição no texto:

Asura: mesmo que demônio

Vimanas: naves ou aviões

Varja: arma em forma de espada que gerava raios

Airâvata: elefante de guerra usado por Indra

Adrenocromo: tipo de composto químico produzido pelo medo.




segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

VALOR, VALORAÇÃO E VALORIZAÇÃO


- Alô? É o Doutor Gustavo? Poxa quer bom que consegui falar com o senhor. Sabe o que acontece, tenho um vizinho que precisa muito de ajuda. Ele está míope, quase cego mesmo, mas não quer se tratar. Gostaria de pedir ao senhor para dar uma passada aqui na casa dele para convencer o coitado que ele precisa de tratamento. Vou passar o endereço pelo WhatsApp.

- Oi, tudo bem senhor Alexander. Estou em busca de um bom pintor para fazer uns retratos meus e o senhor foi muito bem indicado. Gostaria que o senhor me fizesse um, pelo menos, para ver se gosto. Assim, como prova de seu talento sabe? Se ficar bonito penso em encomendar uns dois ou três.

- Professor Carlos, o Pedrinho está com uma enorme dificuldade na sua matéria. Posso levar ele na sua casa para o senhor explicar melhor o conteúdo que deu hoje em sala? Pode ser de noite para não atrapalhar o seu trabalho.

Provavelmente você deve ter achado, minimamente, impossível destas comunicações ocorrerem na vida real. Infelizmente elas ocorrem o tempo todo, na vida dos profissionais psicólogos.

Ocorre que, por motivos diversos, a maior parte da população não sabe exatamente o que este profissional de saúde mental faz e nem como ele é construído ao longo dos anos de sua formação.

Muita gente (muita mesmo) não consegue, ao menos, saber a diferença entre: psicanalista, psicólogo e psiquiatra. Pessoas de grande conhecimento em várias outras áreas, profissionais talentosos, desconhecem, inclusive, que a Psicologia é uma ciência. Para eles está mais no campo dos tratamentos holísticos ou alternativos. Nada contra nenhum dos dois, claro, apenas para ilustrar como o desconhecimento gera descrédito.

Não há valor!
Falta reconhecimento da importância desse profissional. Uma maior consideração e respeito pelo trabalho que o Psicólogo pratica todos os dias em diversas áreas da saúde e saber humano.

Sem pudor nenhum as pessoas perguntam se têm de pagar por uma sessão onde, na opinião delas, ocorreu só uma conversa.

Não existe valoração!

Muitos são, de fato, os profissionais que não sabem apresentar de forma adequada o seu próprio trabalho. Não conseguem determinar a qualidade de seu conhecimento técnico e, com isso, não podem imprimir no seu entorno, um real critério de respeito pela sua atuação como profissional diferenciado que é.

Falta Valorização!

Inexiste um trabalho de classe que eleve a autoestima desse profissional que atua, principalmente, auxiliando seus clientes/paciente nessa área. Falta conscientização de toda uma categoria de sua importância para que, finalmente, isso possa ser percebido por todos.

Não vai funcionar se apenas uns poucos trabalharem divulgando a Psicologia como profissão voltada para o bem-estar, qualidade de vida, saúde, longevidade e instrumento de pesquisa que auxilia no desenvolvimento no próprio sentido de ser humano.

Uma consulta com um psicólogo não é só uma conversa! Nosso trabalho envolve uma escuta ativa e diagnóstica para a escolha do melhor curso de tratamento. Se as pessoas não sabem o valor de um bom profissional, é porque desconhecem quanto poderá custar, na sua vida, um profissional ruim.



Por Prof. Dr. João Oliveira

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Hoje à noite...



"Quero que minha árvore seja feita de silêncios. 

Silêncios que façam intuir felicidade, contentamento, sorrisos sinceros.
Neste Natal não quero mandar cartões. 

Tenho medo de frases prontas. Elas representam obrigação sendo cumprida. 

Prefiro a gratuidade do gesto, o improviso do texto, o erro de grafia e o acerto do sentimento.
Natal quero descansar de meus inúmeros planos. 

Quero a simplicidade que me faça voltar às minhas origens. 

Não quero muitas luzes. Quero apenas o direito de encontrar o caminho do presépio para que eu não perca o menino Jesus de vista.
Quero um natal sem Papai Noel. 

Papai Noel faz muito barulho quando chega. Ele acorda o menino Jesus, o faz chorar assustado. Os pastores não. Eles chegam silenciosos. São discretos e não incomodam...

Os presentes que trazem nos recordam a divindade do menino que nasceu. 

São presentes que nos reúnem em torno de uma felicidade única.


Quero dividir com Maria os cuidados com o pequeno menino. Quero cuidar dele por ela. Enquanto eu cuido dele, ela pode descansar um pouquinho ao lado de José.


Descubram a beleza que as dispersões deste tempo insistem em esconder. Fechem as suas chaminés. 

Visita que verdadeiramente vale à pena chega é pela porta da frente.
Na noite de Natal fujam dos tumultos e dos barulhos. 

Descubram a felicidade silenciosa. Ela é discreta, mas existe! Eu lhes garanto!Não tenham a ilusão de que seu Natal será triste porque será pobre. 

Há mais beleza na pobreza verdadeira e assumida que na riqueza disfarçada e incoerente.


E não se surpreendam, se com isso, a sua noite de Natal tornar-se inesquecível. "



Padre Fábio de Melo

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

FELIZ NATAL?



Se você gosta do Natal, não leia esse texto. Ele não vai trazer nenhuma daquelas lições de moral, desejos de felicidades, investimento na autoestima... nada disso. Até muito pelo contrário, é capaz deste texto tirar um pouco do seu sorriso natalino.

Fui uma daquelas crianças que ficavam com os olhos brilhantes de desejo em frente a vitrines coloridas nas lojas no centro da cidade e, com os olhos brilhando com lágrimas de decepção ao não ser contemplado pelo bom velhinho no dia 25 de dezembro.

Tive uma infância simples. Isso é suficiente para que entendam.

Hoje, com a mídia entrando pelos buracos dos olhos de quem tem (ao menos) um telefone celular, o desejo de posse deve ser muito mais presente nas crianças do que há 50 anos.

Para saber das novidades tínhamos de ir ao centro. O que passava na televisão em preto e branco (só tínhamos a TV TUPI na época) era irreal: morávamos em Campos dos Goytacazes e a tv só falava do Rio de Janeiro. Outro mundo sabe? Outras coisas que sabíamos existir e que jamais teríamos acesso.

Assim, as ruas do centro e suas lojas eram as atrações nos natais. Nada de shoppings ou passeatas da Coca Cola. Muito simples e cruel. Quem nada tinha, nada teria: ponto final.

Passávamos em frente a uma loja numa véspera de Natal no começo dos anos 70. Essa exibia uma TV COLORIDA – isso mesmo – as cores haviam chegado às Tvs em 1972 (Em Campos demorou mais um pouquinho). 

Paramos, eu e meu querido falecido pai, em frente à loja Distribuidora Mercantil  - Rua Santos Dumont – que tinha um desses mágicos aparelhos ligados.

Meus olhos brilharam!

De fato, sempre fui um autêntico vidiota: Capitão Aza, Furação, Tia Arlete... sei lá quantos heróis no espaço ou nas profundezas dos territórios demarcados pelo Conde Arnold Saknussemm. A televisão completava o vazio de uma era sem lazer em uma cidade sem opções e, mesmo se tivesse, o parco monetário não daria para usufruir de qualquer coisa.

Pedi ao meu pai de Natal uma televisão colorida. Papai olhou o preço, abaixou a cabeça e me disse com a voz lentificada:

- Filho... acho que nós nunca poderemos ter uma televisão dessas. É muito cara... isso é mesmo só para gente muito rica. Não é coisa para pessoas como nós... vou comprar um papel transparente com três cores que vendem no mercado municipal, vai ficar igualzinha a uma tv dessas. Garanto!

Tinha lá meus 11 anos e não me lembro, em nenhum outro momento em minha vida, de ter tido tamanha tristeza como naquela noite. Nem mesmo nos momentos mais tristes que enfrentei – não foram poucos – tive um sofrimento tamanho como aquele proferido pelo meu pai:

- Nós nunca vamos ter uma TV colorida.

Cai no sono chorando silenciosamente na poltrona da sala onde dormia na rua Formosa, número 100, casa 1. Uma vila de casas que existe até hoje. Que noite quente e sofrida. O suor grudava minha pele na napa que cobria o velho sofá.

Nessa noite tive um sonho “numinoso” como nos diz Jung. Sonhei com Jesus Cristo no quintal lá de casa. Jesus, com seus trajes típicos, olhava de frente para mim com sua roupa toda ensanguentada – parecia que tinha limpado os punhos perfurados no camisolão branco. Sorria alegremente, indiferente ao meu sofrimento:

- Jesus???? O que você está fazendo no meu quintal????

- Vim te visitar Joaozinho ...  está triste?

- Claro que estou! Jesus, você é tão bom para todo mundo... me dá uma tv em cores nesse Natal?

Tem um detalhe importante aqui: o sonho era tremendamente colorido. O quintal lá casa estava repleto de flores (coisa que nunca teve) e cada uma era de uma cor diferente. Cada uma mais brilhante que a outra.

Jesus se abaixou para pegar uma flor e rindo disse:

- Que bobagem... menino João, vai chegar o dia que você terá tantas tvs coloridas em sua casa que vai abrir um armário assim (fez o gesto com as mãos de quem abre duas portas ao mesmo tempo e uma cara de espanto) e vai dizer: - Não sabia que tinha essa aqui.

Ele riu muito e eu ri também no sonho.

- Nesse dia – completou o Senhor em meu sonho profético – Você vai se lembrar de mim e que está aqui “apenas” a meu serviço.

Que bom que não tem uma câmera transmitindo enquanto escrevo nesse momento. Não há como não me emocionar todas as vezes que relato esse sonho. Provavelmente foi o principal motivo de minha busca incessante pelos mistérios dos sonhos, cérebro, fé.... que me levou (me trouxe) até onde estou hoje, mesmo que não seja nada grandioso o resultado.

Foram necessários uns 35 anos de minha vida, após esse dia, para que o sonho voltasse à minha mente.

Estávamos saindo para a praia quando pedi ajuda ao meu filho Victor Flávio para pegar a tv da sala. Na casa de praia não tinha uma tv. Victor argumentou que a televisão era muito pesada e seria melhor que levássemos a Tv que ele usava para jogar vídeo games.

Ele apontou para o armário em cima da cama. Subi na cama, abri as portas do armário e me deparei com um aparelho de tv pequeno que não me lembrava de ter comprado. Fiquei olhando tentando lembrar te onde tinha vindo aquele aparelho até que a lembrança do sonho de criança me recordou do aviso: - Você está aqui apenas a meu serviço.

Não peguei a tv, sentei na cama e senti a epifania ocorrendo em todo o corpo, principalmente na mente.

Acredito que todos estamos aqui a serviço.

Todos!

Uns prestam um bom serviço. Outros não sabem que estão em horário de trabalho. Mas, creio eu, a grande maioria nem acredita que existe uma força maior do que belos presentes natalinos. Coisas que compramos, usamos e descartamos após algum tempo.

O verdadeiro sentido do Natal se perdeu há muito tempo. Não é só a mídia que é culpada. São as pessoas que não sente seguranças em ser quem de fato são e se apoiam em muletas douradas, festas exibicionistas, perfumes caros, brinquedos que serão esquecidos... em coisas, coisas, coisas e mais coisas.

Não é isso.

Nada do que está fora de nós poderá nos completar. Está dentro: na essência do ser.

Óbvio que isso não é nenhuma novidade. Você sabe disso: chegou até aqui no texto. Outra pessoa teria abandonado a leitura no primeiro indício de lembrança do compromisso que temos: estamos aqui a trabalho.

Então, o que iremos produzir de significativo nesse período que todos comem, bebem, trocam presentes ou se entristecem por não terem nada disso?

Você não é assim, eu sei! O patrão não cobra nossa produção. Ele nos deu a capacidade de autoavaliação.

Na verdade, ele conta com isso.




Por João Oliveira, hoje com 56 anos (2018) acreditando ter bons serviços, silenciosamente, prestados.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O TEMPO DE PRODUZIR



Houve uma época em que se valorizava as pessoas que podiam passar os dias sem produzirem nada. O ócio era direito de poucos e isso era um comportamento condicionante para se alcançar o status maior na sociedade da época.

Os tempos mudam os costumes e até mesmo a moral reinante. Nos dias atuais alguém que não produz, mesmo sendo abastado financeiramente, é visto com olhares diferenciados pelo grupo social. De fato, muitas vezes, a própria pessoa não consegue desenvolver uma boa autoestima por ter esse padrão de vida.

Em consultório, é muito comum os profissionais da psicologia receberem pessoas incompletas buscando algo além do material. Esse algo está além do conforto, boas roupas, viagens e tudo que os recursos financeiros podem ofertar. O que seria isso?

Já se foi o tempo em que era válida a frase atribuída ao poeta cubano José Martí: “Há três coisas que um homem deveria fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.” Hoje o padrão tecnológico impõe novas produções que geram valor social.

Assim, ter um blog, um canal no Youtube e a contribuir para uma causa social (médicos sem fronteiras por exemplo) pode ter muito mais valia que árvores, livros e filhos. O termo produção ganha uma nova perspectiva e não são todos que estão preparados para isso.

O ambiente do trabalho está se deslocando para qualquer lugar onde exista um ponto de internet de boa qualidade. Produtos online ultrapassam as vendas das lojas físicas e, mais inovador ainda, produtos virtuais (que só existem dentro das máquinas) ganham força no mercado.

Surge aí o conflito interno nos seres humanos entre o que é de fato uma produção e o que se trata apenas de um tipo de lazer com rentabilidade?

A revolução industrial colocou cada um em sua estação de trabalho. Diferentes momentos do processo ocorreram na Inglaterra, no final do século XVIII e início do século XIX. Depois o mundo abraçou o modelo, começando pela França, Bélgica, Holanda, Rússia, Alemanha e Estados Unidos. Consolidado, tornou-se o modelo de trabalho/produção considerado ideal para a maior parcela da humanidade.

Quem não faz parte deste modelo está à margem da sociedade. Salvo artesões, homens do plantio, artistas expoentes todos os que se posicionam de forma contrária ao modelo consagrado não devem receber o respeito de seus pares.

Até mesmo as instituições de ensino que funcionam em modelo rodízio (os alunos saem e entram e os professores continuam na mesma sala) simulam uma grande fábrica com seus operários e instalações.

Quando a modernidade apresentou um novo modelo, ainda sem um nome bem definido (o futuro irá nomear não se preocupe) os humanos não estavam preparados para a alteração no que consideravam trabalho/produção. Não são poucas as pessoas que sofrem, mesmo estando produzindo, apenas porque, internamente, não existe um reconhecimento dentro do antigo padrão estabelecido.

Ocorre que, o cérebro em si não faz muita distinção do que seja considerado uma produção desde que a mente consciente assinale como tal. Assim, desenvolve-se uma rotina comportamental que, quando praticada diariamente, ajuda na estruturação de uma autoestima. A capacidade de se reconhecer como membro produzido e merecedor das recompensas.

São esses os passos dessa dinâmica diária?

1- Encontre três tarefas pequenas que possa realizar diariamente. Coisas bem simples e fáceis de serem realizadas todos os dias de forma ininterrupta por pelo menos um mês. É importante que as tarefas sejam realizadas todos os dias que a pessoa considere de produção: segunda a sexta ou segunda a sábado. Pense em coisas realmente simples de serem realizadas: origamis, post em blog, diário pessoal, cuidar de uma planta, fazer artesanato. O importante é que, uma vez escolhidas, as tarefas sejam executadas.



2- Agora, após cada tarefa executada, você deve se dar um presente. Algo simples também, mas que sinalize ao seu cérebro que você executou uma produção e que, por isso, é merecedor de uma recompensa. Dá mesma forma pense em se dar coisas simples como: beber uma água de coco, dar uma caminhada, ir ao cinema ou assistir um filme em casa mesmo.


O que acontece com a mente nesse processo é que ela passa a ser apresentada a produção, merecedora de crédito, em um formato diferente dos usuais. Assim, com os dias e a rotina estabelecida o modelo se torna inconsciente. Toda e qualquer produção, por menor que seja, é digna e merece receber recompensas por isso.

Muitos são as vítimas da alteração de modelos de produção e merecimento. Artistas de sucesso, como músicos por exemplo, podem se tornar milionários com pouco tempo de trabalho (no sentido comum da palavra), jogadores profissionais de futebol e quem mais possa ser possível imaginar que não tem uma rotina de sair de casa, bater um ponto e retornar para o lar após uma jornada exaustiva. E existem muitas possibilidades abertas e novas formas de trabalho, basta você perceber com o que se identifica e colocar em prática, mesmo que seja fora do modelo tradicional.

Produzir é necessário não tão somente para o retorno financeiro, mas, para nos sentirmos parte atuante no mundo em que vivemos. A recompensa maior é o auto-reconhecimento.

Por Prof. Dr. João Oliveira