Endereços:

Instagram: @prospero.universo @dr.joao.oliveira.oficial Web: joaooliveira.com.br

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Fragmentos



Por Beatriz Acampora
Psicóloga (CRP05/32030) – Arteterapeuta - Escritora
Talvez uma das coisas que as pessoas façam todos os dias das suas vidas é se olhar no espelho: para se arrumar, para avaliar como está sua apresentação pessoal, para encontrar algum defeito ou até mesmo acertar algo que possa parecer fora do lugar. Uma ou outra pessoa se olha no espelho para se elogiar, mas isso é raro em um mundo de competições e comparações.
Assim é a nossa personagem: ela foi desacreditada por seus pais durante toda a sua vida, até que, quando cresceu, em meio a muitas dificuldades de relacionamentos, tinha a pior de todas as relações: consigo mesma. Não gostava de se olhar no espelho e até mesmo evitava que isso ocorresse.

Em sua casa havia um único espelho de porte médio que não a refletia de corpo inteiro. Ela buscava mantê-lo coberto por um pano e, muito raramente, quando precisava ver como estava seu cabelo ou sua roupa, em função de alguma reunião importante no trabalho, ela descobria um pequeno pedaço do espelho e se via rapidamente.

Aprendeu a passar batom, pentear o cabelo e até mesmo se maquiar sem precisar do espelho, apenas dava uma rápida conferida no final para ver se estava tudo ok. Em seus momentos livres dava preferência aos livros e filmes, alguns encontros com poucos amigos e ficar com seu gato.

Certo dia, chegando do trabalho, viu algo inusitado: muitos reflexos luminosos no teto e um monte de fragmentos de espelho no chão. Seu gato miava sem parar e ela já havia entendido que muito provavelmente aquilo foi um acidente que o envolvia diretamente.

Ela respirou fundo e foi limpar a bagunça. Enquanto colocava cuidadosamente os pequenos pedaços do espelho em um pedaço de jornal se distraiu com as formas diferentes que eles tinham e olhou para um deles com atenção. Viu, então, seu olho direito e sua sobrancelha. Percebeu que aquele olho era bonito, amendoado, diferente de tudo o que ela já tinha visto: nem acreditou que aquele olho era dela.

Pegou um outro fragmento de espelho e viu sua boca, percebeu que era carnuda, bela e que tinha qualidades nunca apreendidas. Em um outro pedaço de espelho, viu seu nariz: ela nunca tinha sequer analisado a importância do seu nariz – era por ele que ela respirava e estava viva.

Decidiu guardar alguns fragmentos do espelho e todos os dias brincava de se olhar através deles e se divertia com possibilidades nunca antes vislumbradas: partes do seu corpo que apenas tinha conhecimento da existência porque simplesmente fazem parte do corpo de todas as pessoas. Mas a consciência delas fazia toda a diferença. Dentro dela foi se reconstruindo, pedaço a pedaço, fragmento a fragmento, valorizando cada parte de si, restaurando sua autoimagem.

Em uma manhã acordou se sentindo tão bem que abraçou seu gato e agradeceu pelo incidente, foi até a casa de sua vizinha, pediu para se ver no espelho dela. E quando se olhou, pela primeira vez em muito tempo, de corpo inteiro, viu uma mulher linda, inteligente, que superou muitos obstáculos e que era capaz de ser feliz do jeito que era: inteira.

A partir daquele dia o espelho se tornou seu melhor amigo. E todos os dias ela sorri para ele e ele sorri de volta para ela. A vida ficou mais fácil simplesmente porque ela passou a acreditar em si mesma, a se respeitar e se amar sem que fosse preciso nenhuma mudança.

Se a vida pode ser difícil, ela também pode ser doce. Quando a vida se apresenta como dura, com restrições e poucas alternativas, ela também se revela nas possibilidades em pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença. É preciso ter olhos curiosos e ver através de fragmentos que transformam.

domingo, 30 de outubro de 2016

O ENCONTRO DOS MORTOS



Por João Oliveira
               
                

Você já ouviu dizer que as três pessoas que foram ressuscitadas por Cristo no Novo Testamento ainda estão entre nós? Parece que, como foi o Próprio Jesus Cristo que os tirou dos braços da Morte, ela nunca mais teve coragem de pegar de volta e por isso, esses três andam por aí desde então.


Ocorre que, de 10 em 10 anos eles se encontram na margem do Mar da Galileia, na margem oposta das antigas cidades de Betânia, Naim e Carfanaum de onde os três começaram a sua jornada nesse mundo. Sempre no mesmo local e, hoje, eles estão hospedados no Kinar Galilee, um pequeno hotel próximo a praia onde, a cada 10 anos, esse encontro ocorre.


Em pé na praia olhando a encrespada lamina d’água está um homem que aparenta uns 30 anos no máximo. Seu corpo é obeso, seu chapéu merecia uma cabeça maior. Ao longe ele percebe uma menina chegando e grita:


- Qual nome está usando desta vez?


- Voltei a usar Martha, é mais fácil de se pronunciar em qualquer idioma. E você?


- Eu voltei ao nome José, também, pelo mesmo motivo que os seu. Engraçado isso, mudamos o tempo todo e sempre voltamos ao mais fácil. Que vida...


- Horrível vida. Eu, presa nesse corpo de menina, com essa fome implacável por mais de 2.000 anos...


- Não diga isso, sei que você construiu um império na medicina e tem ajudado muita gente.


A pequena menina olha para a margem oposta do Mar da Galileia e sorri.


- Está vendo aquelas construções brancas do outro lado?


- Mais ou menos, a minha visão não está tão boa quanto as dos mais jovens.


- Não seja ridículo! Vê ou não?


- Sim, vejo, são fábricas?


- Não! São Universidades, tenho mais de 300 grandes Universidades pelo mundo, em todos os continentes, as indústrias farmacêuticas que criei agora estão em segundo plano. Descobri que o saber gera equilíbrio e o equilíbrio prove saúde e longa vida as pessoas.


- Lindo isso. Mas, você mesmo é uma pessoa sem controle algum sobre as próprias emoções. Conseguiu algum avanço?


A menina, filha de Jairo dirigente de uma sinagoga nos tempos de Jesus, citada no Evangelho de Lucas no capítulo 8, olha para o antigo filho de uma viúva, também personagem citado por Lucas, que em sua época morreu e foi ressuscitado por Cristo na cidade de Naim, hoje conhecido como José, e diz.


- Ainda tenho essa raiva que me consome. Vejo todos crescerem, terem uma vida adulta com os prazeres que esta oferece e eu, uma eterna criança. Só rezo para o dia da ressurreição venha logo...


- De nada irá adiantar para nós! – Grita um homem que se aproxima de nossos dois personagens.


- Porque diz isso Lazaro? – Fala o hoje denominado José.


- Por que, o Dia da Ressurreição é para ressuscitar os mortos e, como podem ver, nós estamos bem vivos. – Dito isso cai na gargalhada que contamina a todos o homem que tem sua história de ressurreição descrita no capítulo 8 do Evangelho de João.


- Você não presta mesmo! – Falou rindo o José.


- Não brinque com isso seu malcheiroso. – Também, rindo, disse a menina.


- Por falar nisso, minhas indústrias desenvolveram esse aparelho aqui – mostra um pequeno artefato eletrônico – que altera o campo magnético e perturba a percepção do odor direto no bulbo olfativo.


- Fantástico! – Disse José – A pessoas sentem cheiro de quê?


- De nada – respondeu Lázaro – Não é bacana isso? Resolveu o meu problema e vai resolver o de muita gente assim que for lançado no mercado.


- Nem acredito que aquele cheiro de morto da semana passada desapareceu. É verdade, não sinto nada – Falou a menina Martha.


- Quatro dias! Quatro dias! – Falou de forma imperativa o Lázaro.


- E como você anda Lázaro? – Perguntou José.


- Ainda sinto a culpa por tudo que aconteceu. Se Ele não tivesse me ressuscitado não teria sido crucificado. Caifás só renuiu o Sinédrio porque soube que eu estava morto há quatro dias e o Senhor me trouxe dos mortos.


- Nós também fomos ressuscitados! – Disse a menina.


- Mas, foi o meu evento que marcou o início de tudo. A tragédia se deu quando voltei a caminhar entre os vivos.


- Lázaro, não se culpe. Você foi o mais importante de nós, graças a você a história pode ser escrita como foi. - Falou José.


- Você é o único que nunca trocou de nome esses anos todos. – Disse Martha.


- Sim, meu nome é comum... não tenho motivos para esconder e, claro, ninguém sabe da verdade.


- A verdade? – Disse a menina – É que preferia estar morta do que viver com essa raiva dentro de mim. Não vivo plenamente, o Senhor mandou me darem de comer e isso me persegue, uma fome que não se sacia e a idade infantil que não avança.


- A verdade? – Disse Lázaro – é essa culpa que não me deixa dormir direito a dois mil anos. Sabendo que minha ressurreição foi o estopim de toda tragédia e dor que se abateu sobre Nosso Senhor.


- A verdade? – Falou o filho da viúva, hoje denominado José – É que agradeço ao Senhor todos os dias pela dádiva da vida e faço sempre o melhor que posso para ajudar as pessoas a viverem melhor. Assim como vocês dois. Um, em busca do crescimento se tornou uma mulher que criou vários medicamentos e hormônios para o crescimento, ajudando muitas pessoas com esse problema no mundo e, agora, está espalhando universidades por essa Terra.


Fez uma pausa, mas nenhum dos outros dois ousou falar.

- Mais verdades? Lázaro, nessa busca louca por acabar com o mal cheiro que exalava, criou vários perfumes e suas indústrias o tornaram rico, famoso e, da mesma forma que você Martha, também ajudou pessoas a se sentirem melhor. Eu – abaixou a cabeça – Não tenho indústrias, não construí faculdades. Tenho mais de quatrocentas graduações, sempre querendo aprender mais para ajudar o maior número de pessoas possível. Mas, de fato, a raiva e a culpa foram mais úteis à humanidade estando nos corpos de vocês dois.


Lá estão em silêncio aquelas três pessoas condenadas a eternidade. Cada um com sua interpretação do que seja viver. Nem todos estão gratos pela longa existência, mas, cada um deles, faz o melhor que pode com o tempo e a motivação que possuem.


Eles têm todo o tempo para errar e acertar, tentativas e erros que podem chegar ao infinito de anos. E nós? Quanto tempo ainda teremos para arriscar, acertar ou errar? Pensar nisso pode nos levar a fazer escolhas melhores no próximo minuto.




sábado, 1 de outubro de 2016

O EMPODERAMENTO DA MULHER


Por João Oliveira


Várias publicações podem ser encontradas orientando os profissionais de como é possível usar melhor a linguagem não verbal no local de trabalho. Detalhes que vão desde da roupa que se veste até o modo de arrumar uma mesa de reuniões. Os cuidados que devem ser tomados para evitar discordâncias entre a comunicação verbal e a não verbal também sempre são tópicos importantes destacados em artigos, livros e revistas que focam no tema.

Poucos são os conteúdos voltados especificamente para o universo feminino que hoje ocupa lugar de destaque garantido dentro das instituições em quase todos os países. O fenômeno da líder gestora que emana poder com sua presença não chega a ser uma grande novidade nas instituições ocidentais, mas, alguns cuidados podem ser tomados para manter sempre um elevado nível de reconhecimento pela sua equipe de trabalho.

O espaço das mulheres no mercado de trabalho se amplia a cada ano e as barreiras, antes levantadas pelo perfil dos cargos que poderiam ser ocupados, agora se demonstram invalidas graças a capacidade de adaptação a todo tipo de desafio imposto pelas demandas emergentes. Não há estrutura organizacional que não perceba a multiplicidade da forma de pensar e agir do sexo feminino.

Longe de ser o sexo frágil, as mulheres dispõem de uma interação entre os hemisférios cerebrais muito mais eficiente que os homens. Isso ocorre por conta de um volumoso corpo caloso, a estrutura que existe bem no meio do cérebro unindo os dois lados por meio de conexões neurais. Isso permite uma troca de informações entre as regiões analíticas e emocionais com extrema velocidade permitindo que a mulher possa lidar com múltiplas tarefas ao mesmo tempo, enquanto, os homens, estão limitados em apenas uma única elaboração mental por vez.

No entanto, ainda pode ser notado em algumas mulheres um perfil comportamental herdado, por uma provável memória filogenética, que pode ser percebido na assinatura exibida pela linguagem corporal. A renomada autora americana Carol Kinsey Goman (Phd) em seu texto de 2010: “10 Body Language Tips for Female Leaders” já ressaltava pequenas falhas na estrutura comportamental feminina que podem comprometer a imagem de uma líder diante de um grupo de colaborares masculinos, como relataremos adiante.

O universo corporativo solicita que seus gestores possuam líderes que transmitam: calor, empatia, simpatia e carinho. Em conjunto com a autoridade conquistada pela expressão do poder que surge com a credibilidade e o status alcançado. Claro que o compromisso com os atos da fala verbalizados deve ter seus correspondentes materializados no mundo real. Assim, tudo que o líder gestor (de ambos os sexos) diz quando declara algo ou solicita em suas petições ao grupo de colaboradores deve ter consistência para criar a credibilidade necessária à liderança.

A diferença na assinatura corporal, entre os sexos, pode ser corrigida com atenção a pequenos detalhes que, por serem absolutamente inconscientes, ainda podem ser percebidos em qualquer ambiente onde exista a interação entre homens e mulheres na organização. Alguns dos gestos e posturas são comuns aos dois sexos, mas, nem por isso devem ser menosprezados pela mulher que deseja polir sua imagem na instituição onde atua. Uma pequena lista pode ser útil para quem deseja alinhar a linguagem do corpo de forma a acrescentar qualidade aos talentos já existentes em uma líder gestora (GOMAN, 2010).

1 – As mulheres tendem a inclinar demasiadamente a cabeça para um dos lados quando se expressam através da linguagem verbal. Trata-se de uma forma de completar o que está sendo dito como uma afirmação ao conteúdo, mas esse gesto também sugere submissão.

2 – Outra tendência natural é uma necessidade inconsciente de diminuir em escala seus movimentos corporais. Aparentando uma vontade de ocupar um menor espaço no ambiente. A líder gestora deve buscar corrigir esse vício de linguagem corporal, mas, sem excessos.

3 – Muitos são os gestos de pacificação que funcionam como uma tentativa de diminuir a tensão e o estresse como: esfregar as mãos, tocar o pescoço, joias ou acariciar o próprio braço. Esses movimentos devem ser evitados sempre que forem percebidos.

4 - Mesmo querendo esbanjar simpatia, o que é muito bom, sorrir excessivamente pode diminuir a credibilidade principalmente quando se discute algo sério em alguma reunião no trabalho.

5 – Existe um movimento que é comum em homens e mulheres: balançar todo o corpo apoiado nos dois pés como um pêndulo. Esse jeito de reagir ao estresse é uma contramedida conhecida de momentos onde a ansiedade está presente. Também pode ser comparado a um balançar do berço do bebê. Claro, deve ser evitado, pois envia uma comunicação clara de nervosismo.

6 - Por ter uma voz mais aguda, as mulheres, de uma forma geral, procuram articular as frases aumentando o tom de voz ao final das frases que não são perguntas. Isso deve ser observado e pode ser corrigido (quando necessário) com exercícios de fonoaudiologia.

7 – Capaz de rápidas elaborações de pensamento, as mulheres, quase sempre, esperam mais tempo que os homens para articular sua fala durante uma negociação. Esse período de silêncio antes de voltar a falar dentro de uma conversação, especialmente no universo corporativo, pode parecer indecisão quando, na verdade, é o momento onde a mulher faz várias prospecções futuras sobre os resultados que podem ser alcançados.

8 - Quando deseja convencer alguém de suas ideias, tanto as mulheres quanto os homens, podem tender a usar gestos excessivos com as mãos, praticamente desenhando o que fala no ar com os braços. Isso não é aconselhável, pois podem ser confundidos com gestos de defesa ou ataque.

9 – Embora as diferenças de julgamento sobre o comportamento de homens e mulheres esteja diminuindo com o tempo, ainda existe um certo preconceito com o tipo de comportamento mantido pelas líderes. Os relacionamentos rápidos com membros da equipe ou que possam ser percebidos como tal podem diminuir o status de poder de uma líder gestora.

10 – Ter um aperto de mão delicado é natural das mulheres que são mais afetuosas. No entanto, esse gesto cortês também entrar na lista dos que podem sugerir submissão. Ter um aperto de mãos mais firme transmite confiança.

A preocupação de manter uma linguagem corporal que exiba um perfil de segurança e firmeza na atuação profissional não deve estará apenas centrada na figura feminina. Óbvio que o homem, igualmente, tem seus trejeitos inconscientes que contaminam suas palavras pela incongruência postural.

Apenas devemos lembrar que no ambiente corporativo todas as ferramentas que forem úteis ao crescimento pessoal devem ser absorvidas por quem almeja um desenvolvimento contínuo. Não é possível abrir mão de conhecimentos que podem ampliar a certeza, no meio do grupo de colaboradores, de estar sendo gerido por uma pessoa de competência ímpar.

Saiba mais sobre o ISEC


Assine nosso mail list: 
isec_news-subscribe@yahoogrupos.com.br

terça-feira, 16 de agosto de 2016

O MISTÉRIO DA PONTE SUSPENSA



Por João Oliveira

Era de fato muito interessante ver os animais passando sobre a Ponte suspensa de Ghasa – Nepal. Eles chegavam ao outro lado de uma forma tranquila e a ponte nem balançava. Isso era realmente interessante, pois ocorria mesmo sob fortes ventos.

Os moradores do local já não tinham tanta sorte. A ponte sempre balançava muito, mesmo quando não havia vento algum no desfiladeiro. Isso, fato percebível por qualquer pessoa, ocorria há muitos anos sem nenhuma explicação.

Os anciões, velhos sábios e experientes, têm algumas teorias: - “ A ponte protege os animais e não gosta dos homens! ” – Dizem alguns – “ Os deuses possuem preferência pelos inocentes, por isso a ponte respeita os animais que são almas puras de Deus! ”.

Dito pelo não dito ainda se configura a realidade: a ponte só balança quando passam seres humanos.

Não tem muito tempo uma pessoa trouxe um amigo cego para conhecer a aldeia e, como vocês já devem ter desconfiado, na ponte de Ghasa só é possível passar uma pessoa por vez, por isso o cego – que nunca havia estado por ali antes – foi colocado sozinho na frente e ninguém o alertou para o perigo da ponte.

Ele passou tranquilo por uma ponte firme sem nenhuma manifestação de incômodo. A ponte não balançou em momento algum.

Claro: - “Deus protege os cegos também! ” Mas, alguém lembrou de um pequeno detalhe, quando os animais passam pela ponte eles têm seus olhos vendados. 

Agora uma real confusão estava armada no pequeno povoado. Como podemos associar, pensavam os mais velhos, os olhos vendados dos animais ao cego e o não balançar da ponte. 

- “Já sei! – Disse o velho Safae (seu nome significa clareza, pureza e serenidade) – Venda-me os olhos e eu provarei que a ponte respeita aqueles que não tem visão. Está resolvido o mistério da ponte! ”

Aplaudido de pé por todos que estavam em volta da fogueira e, sem perda de tempo, foi vendado e colocado na ponta da ponte. 

Nem queira saber o que ocorreu em seguida. A noite de lua cheia, sem vento algum, viu a ponte balançar – de tal forma – que o ancião não deu cinco passos além da borda.

O segredo da ponte ainda impera entre os habitantes da pequena aldeia de Ghasa, lá no alto do Nepal, mas, eu posso dizer para você o que realmente ocorre. 

Os animais, com os olhos cobertos, não sabem por onde estão passando. Não tem medo, não tremem, e isso não reflete na estrutura da ponte que pode ser impactada por mínimas alterações em sua superfície. As cordas que a sustentam amplificam, como uma onda, qualquer tremor que ocorra em sua face.

O cego desconhecia o local, não tinha noção de onde estava caminhando e por isso não teve medo, não teve dúvidas e não causou nenhuma mudança na acomodação da ponte.

Já os homens, que temem a altura e a fragilidade aparente da ponte de Ghasa, possuem temor ao perigo e, seus pequenos movimentos de insegurança, mesmo os ideomotores, acabam sendo refletidos pela ponte que, como já sabemos, os amplifica em toda sua extensão. O velho ancião, mesmo vendado, conhecia os riscos da ponte, temia cair e morrer e isso não mudou seu passo mesmo tendo seus olhos vendados.

O que podemos retirar dessa verdadeira história?

Na vida devemos caminhar com segurança sobre qualquer caminho que tenhamos de enfrentar. Isso fará, com que o próprio piso, se mantenha estável enquanto atravessamos as tempestades.

Ter medo, deixar que ele se apodere de nós, só irá criar ondas que serão potencializadas pela estrada da vida.

Ainda penso em atravessar a ponte de Ghasa um dia. Será que ela irá tremer sob os meus pés? E sob os seus? Na verdade, me desculpe a pergunta: o chão está trêmulo agora ou são apenas os seus pés?


sábado, 13 de agosto de 2016

CURSO DE ORATÓRIA EM COPACABANA DIAS 20 E 21 DE AGOSTO



CURSO ORATÓRIA E COMUNICAÇÃO EM PÚBLICO

Neste sábado e domingo dias 20 e 21 de agosto !

LOCAL : ISEC de Copacabana - Av. Nsa. Senhora de Copacabana próximo a Rua Santa Clara

Horários:
Sábado dia 20 – de 09h00 as 18h00
Domingo dia 21 – de 09h00 as 14h00

Matrícula apenas R$ 20,00

http://www.isec.psc.br/produto/curso-oratoria-e-comunicacao-em-publico/

sábado, 18 de junho de 2016

A LOJA DOS ELEMENTOS HUMANOS




Por João Oliveira

- Boa tarde meu senhor, tudo bem? Veja só, minha esposa mandou uma lista de elementos humanos para eu comprar. Será que o senhor tem dessas coisas aqui para vender?

- Sim, claro! É justamente o que mais vendemos aqui em nossa humilde loja, em que posso lhe ser útil, meu senhor?

- Bom, primeiro ela pediu que eu comprasse um pouco de opinião. O senhor tem?

- Claro! Vendemos isso demais por aqui. Olha, antigamente eu vendia opinião a dúzia, agora, com essas novidades de redes sociais, Facebook, Instagram e etc, eu vendo somente sacos fechados com cem opiniões cada.

- Ela não disse aqui quantas eu deveria levar...

- Pela minha experiência, deixe-me pensar um pouco, duas pessoas, hoje é sábado.... Pode levar quatro saquinhos de cem que vai dar para uma semana inteira e isso é só porque não estamos em período eleitoral ainda.

- Obrigado. E razão? O senhor tem razão por aí com um bom preço?

- Sim, qual dos dois tipos o senhor vai querer levar?

- Como assim?  Dois tipos?

- Tem a genérica, com base na opinião dos outros e a fundamentalista, que só se apoia no próprio pensamento.

- Qual a mais barata?

- Claro que é a genérica. Temos uma promoção: a cada dois pacotes de cem opiniões o senhor ganha um cheio com cinquenta novas razões.

- Excelente. Então, para completar o enredo coloca mais dois pacotes de cem razões fundamentalistas cada um aí para mim, fazer o favor.

- Claro, senhor. E o senhor vai querer mais alguma coisa? Mais algum elemento humano aqui de nossa pequena lojinha? 

- Olha, ela escreveu uma coisa aqui, mas, a letra está meio complicada. Acho que só ela mesmo para entender essa letra.

- Deixa eu ver. Pera aí... Claro: prepotência. Por isso o senhor não entendia, só ela mesmo para entender o que escreveu.

- Mas o senhor leu com muita facilidade.

- Porque eu sou uma pessoa preparada entende? Como eu existem poucos no mundo. Um momento que vou ver aqui... tenho somente uma unidade, mas, não tenho como lhe vender de jeito nenhum. 

- Por que?

- É de uso pessoal. Somente pessoas especiais, assim como eu, podem usar tal elemento humano.

- E autoestima? Isso o senhor pode vender, não é? Está muito cara?

- Alta ou baixa?

- Ih... tem de dois tipos? Eu não sabia disso. Me desculpe senhor. Eu sou tão ignorante para certas coisas.

- Então o senhor precisa levar a de alta. Fique tranquilo que não tem erro, sua esposa vai ficar satisfeita com sua escolha.

- Hum... ela pediu inteligência também.

- Ah... tenho aqui sim. Afinal: todo mundo tem inteligência. Nem consideremos no comércio como um produto que se vende no varejo. Mas, só um momento, não sei onde guardei a minha. Bom, ninguém usa isso mesmo. Tem tempo que não vejo a minha aqui no balcão. Estranho né? Todo mundo possui inteligência e não usa. Justamente por isso, pensa que não tem e quer comprar a dos outros.

- Humildade o senhor tem?

- Claro que não. Nem sei que produto é esse.

- Remorso?

- Isso depende. É para católico ou protestante?

- Só tem mais um item aqui que ela pediu.

- O senhor me desculpe, mas eu nem perguntei: é para entregar em casa?

- Sim, mas nem tudo. Algumas coisas ela pediu para eu já sair usando daqui.

- Uma dessas coisas seria a coragem?

- Isso mesmo! O senhor sabe tudo mesmo.

- Estou nesse ramo há muito tempo. Algo mais que freguês vai querer?

- Sim, vergonha, isso é muito importante, ela até grifou no papel em vermelho. O senhor tem?

- Tenho, mas acabou! Foi logo assim quando começou esse negócio de delação premiada.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

A DESPEDIDA



Por João Oliveira

Ver você ainda em seus instantes finais transforma toda a percepção de longevidade que tinha em minha vida. Todos os bons momentos que foram vividos por mim, em sua bela companhia, se tornam flashes de milissegundos. Grandes momentos, cheios de emoções positivas, agora se tornam mais importantes do que pareceram ser quando ocorreram de fato.


Não é interessante como damos importância às coisas quando vemos elas partirem? Você, sempre presente em todos os dias de minha vida, nem sempre teve o real destaque de merecimento. Acho que não lhe retribuí de forma adequada sua presença em minha existência.

As pessoas são assim mesmo: dão pouco valor ao que têm. Saber cuidar daqueles que estão ao seu lado, corresponder a expectativa do outro de afeto e atenção, são coisas que deixamos de fazer apenas porque estamos acostumados a ter, todos os dias, sua proximidade. É fato, deixamos de amar o que pensamos possuir.

Trata-se de uma confusão interna que mistura as emoções e as trata como percepção territorial: o que já é meu não necessita de investimento. Claro que isso está errado. Só percebemos o erro quando a percepção de posse é substituída pela de perda.

Como eu gostaria de estar diante de meu falecido pai, mesmo que fosse para ouvir seus sermões que, na época, pareciam ter pouco sentido. Hoje, mais maduro, saberia encontrar encaixe em cada uma de suas sabias palavras. Perdi muito pela arrogância de pensar ser o dono da verdade. Algo, inclusive, que hoje duvido que exista de fato.

Assim, te ver partir, diante de meus olhos de forma lenta e dolorosa, me chama a atenção para tantas outras perdas que já tive e ainda terei nessa existência curta de mão única. Todos os dias morremos um pouco. Uma prestação lenta e quase impercebível, com juros que crescem exponencialmente para, em um único momento, cobrar toda a nossa dívida sem nenhum pudor, sem nenhum aviso prévio. Apenas vem e nos tira de tudo e de todos.

Também seremos lembrados?

Não há como olhar seu poder, seu brilho, sua força sendo sugado para a escuridão sem notar sua tristeza também. Parece que queria fazer mais pelo mundo e não teve tempo suficiente nessa sua pequena jornada. Sei que muitos nem terão percebido que você esteve aqui, mas, em mim, sua marca está colocada como símbolo da capacidade de influenciar e, todo mudar, sem ao menos levar o algum crédito por isso. Mesmo assim cumpriu o seu papel, sem se importar com o reconhecimento das pessoas que tocou e, de alguma forma, exerceu sua força. 

Como se estivesse cerrando os olhos me preparo para ficar sem você. Tenho algumas certezas que estarão comigo a partir deste momento: irei ser melhor com todos os perecíveis afetos que me circundam. Tentarei perenizar, consolidando os afetos positivos na forma de reconhecimento explícito. Eles precisam saber que são importantes ao menos para mim. 

Nem todos são como você, astro rei, que renasce todos os dias pela manhã. Boa noite sol, amanhã estaremos juntos se a natureza (da morte ou vida) assim me permitir. 

sábado, 4 de junho de 2016

AS AVES LÁ DO ESCRITÓRIO


Por João Oliveira

Todos sabemos como as metáforas e analogias possuem um forte efeito de insights nas pessoas. Saber utilizar desses recursos facilita o fluir das informações relacionadas ao autodescobrimento.  Na verdade, quando as analogias são diretas e fortes, como essas que vamos apresentar aqui, não devem ser colocadas em público para que não venha ocorrer brincadeiras que podem constranger um ou outro colaborador e sim distribuídas em house organs,  ou por lista de e-mail. Nada que possa facilitar a interação como nos grupos de WhatsApp.

A criatividade no setor de RH, de qualquer empresa, é a chave para uma boa cultura organizacional.  Claro que de nada adianta uma boa produção sem a capacidade de distribuição de conteúdo. A comunicação, portanto, deve ser muito bem estruturada para que as ideias não morram no nascedouro.

Criar elementos comparativos que podem despertar a consciência e recuperar colaboradores que não estão adequados à realidade de produção de uma instituição não é somente uma questão de entretenimento, como muitos gestores podem pensar. Não deve ser apenas um texto poético ou agradável de ler, muito além disso ele deve provocar a intenção de uma leitura de si mesmo e de suas ações na instituição.

Como primeiro exemplo, temos a analogia chamada: As Aves do Escritório. 


No nosso escritório temos muitas pessoas que se parecem com aves e podem assim ser classificadas:

GALINHAS – São os funcionários que, como as galinhas, ficam ciscando aqui e ali. Não reclamam de nada e sempre que existe algum risco, essas criaturas se afastam em desespero, pois não querem se comprometer de modo algum. Fazem o que deve ser feito sem inovação e nunca procuram chamar a atenção para si, afinal temem ser notados e com isso, avaliados.

GAVIÃO – Fica observando parado no ar esperando o melhor momento para se apresentar como responsável por algo que deu certo. Tal qual a galinha não quer aparecer muito: só no momento certo e sempre se aproveitando de alguém com uma personalidade mais fraca que não reivindica seu feito. Assim, o gavião, muitas vezes pode parecer um elemento produtivo, mas, na verdade, outro colaborador quase sempre é o responsável pelos feitos que ele afirma serem de sua autoria.

FALCÃO – Fiel ao líder e certeiro em suas ações. Extremante rápido quando está determinado a finalizar uma tarefa e, raramente erra em seus projetos. O falcão também funciona como olheiro do chefe dentro da repartição ele é capaz de investigar os colegas e produzir relatórios sobre quem faz o que na ausência do gestor maior. Diferente do famoso puxa-saco ele é produtivo mas, por ter baixa autoestima, procura fazer além do devido para manter uma forte relação com o patrão.

ÁGUIA -  Esse é muitas vezes o perfil de um chefe imponente e que se coloca como um líder generoso capaz de ter todas as respostas possíveis sobre tudo e todos. Realmente causa impacto, pois sabe usar da sua influência entre os colaboradores para conseguir o melhor da equipe. Não é um mal gestor, mas, pode estar exagerando no que diz respeito ao protecionismo da equipe. 

POMBOS – Provavelmente a pior categoria dentro do escritório. São aqueles que ficam de cabeça baixa reclamando pelos cantos da empresa. Quase sempre andam em grupos pequenos e parecem estar elaborando algum tipo de complô contra alguém. Não são produtivos de fato, fazem o que é ordenado e pronto: o resto não é responsabilidade deles.

GALO – Esse tipo fala alto com os outros e sempre se anuncia como o melhor. Na verdade, sempre fica esperando a solução dos problemas para depois subir no pódio e cantar vitória. Rival do gavião o galo teme perder sua posição e por isso está sempre contando vantagens sobre suas ações na empresa aos seus superiores.

PAVÃO -  Exibicionista que, diferente do Galo, não se anuncia com a palavra e sim com sua forma de vestir, uso de alta tecnologia e abuso de selfies nas redes sociais. Sua mesa muito bem pode estar ornada de souvenir coletados em suas espetaculares viagens pelo mundo.  Mas, na verdade, cumpre mal sua missão de colaborar com a produtividade da empresa. Perde muito tempo cuidado da autoimagem.

BEIJA FLOR – Silencioso e veloz o elemento que se parece com o beija-flor resolve tudo de forma rápida e correta. Ele não reclama pelos cantos, não se exibe e nem canta vitória sobre seus feitos, mas sua presença ilumina o escritório, pois, todos confiam nele como capaz de solucionar os problemas mais complexos. Seu índice de produtividade é alto. O beija-flor é daqueles indivíduos que tem a liderança natural conquistada pelo exemplo que dá com suas ações.

Essas são as aves no nosso escritório. No seu também tem? Qual delas você seria hoje?


Assim, você pode terminar essa analogia que, com um pouco de imaginação pode migrar para o universo dos: metais, minerais, das forças da natureza, das frutas, animais selvagens e etc. Apenas tenha o cuidado de não usar somente os perfis negativos, deixe pelo menos um deles ser o ideal de um bom colaborador na empresa.

A outra forma de se levar o leitor ao pensamento sobre si mesmo é a metáfora.  Que é uma história de fundo moral e ético. Existem centenas que podem ser usadas no ambiente empresarial. Vamos a um curto exemplo.


Todos os dias o jardineiro conversava com suas flores enquanto cuidava delas. O carteiro, que sempre passava pelo local, um dia perguntou porque ele fazia isso. O jardineiro responde que estava mostrando às flores o seu amor e carinho por elas e que, muitas vezes, cantava ou recitava poemas afetuosos.

O carteiro riu muito e perguntou como ele podia saber se elas estavam entendendo o que ele dizia. O jardineiro se levantou e abriu os braços apresentando um jardim espetacularmente florido: - “Assim, disse ele, se tornando o melhor que podem. Cada uma do seu jeito!

Podemos muitas vezes receber o retorno de nosso esforço de forma diferente da que fazemos. Isso se dá porque as pessoas possuem diferentes formas de apresentar sua produtividade, seu agradecimento ou seu afeto. Um bom gestor deve ser igual a um jardineiro, jamais esperar que uma rosa se transforme em uma margarida, mas, saber que cada uma delas está fazendo o melhor de si para retribuir o que recebe. Cabe ao gestor, escolher o canteiro certo para cada espécie de flores.

Dessa forma, podemos nos utilizar de várias formas de conteúdo para facilitar a comunicação com o corpo institucional. Da mesma forma que essa metáfora traz o pensamento que o gestor é o responsável por colocar o profissional certo no cargo exato onde ele poderá ter sua produtividade máxima, o setor de RH pode se valer de outras que devem servir como elementos facilitadores de um processo de reflexão para um melhor desempenho.

Para receber sempre nossos textos, envie um e-mail para:


sábado, 28 de maio de 2016

CURSO DE CULINÁRIA VEGETARIANA

TESTA

CURSO DE CULINÁRIA VEGETARIANA

Dia 02/07/2016 De 09h00 as 13h30
Local: ISEC de Copacabana

Aprenda na prática!

Feijoada vegetariana
Lasanha de legumes (com massa sem glúten)
Panqueca com creme de espinafre (sem glúten e sem lactose)
Estrogonofe de palmito
Hambúrguer de lentilhas
Hambúrguer de legumes
Caldo verde de inhame com tofu defumado
Creme de milho com couve-flor
Nuggets veganos
Molho de tomate natural

Extra:

Receitas de diversos pratos
Receitas de saladas diversas
Receitas de sucos naturais
Dicas de alimentação saudável

Valor R$ 250,00 
Apenas 6 vagas 
Para detalhes e fazer sua inscrição: clique aqui

Obs: cada participante deverá levar alguns ingredientes que serão enviados por e-mail no ato da inscrição, bem como 1 pote (tupperware), pois, ao final, será servido o almoço, e nada ficará nas panelas. Será uma manhã para aprender e se divertir!




quinta-feira, 26 de maio de 2016

O CASTELO DAS MIL PORTAS



Por João Oliveira

Provavelmente não existiriam algarismos suficientes no mundo se alguém quisesse escrever o número exato de anos de existência do castelo. Ele sempre existiu. O tamanho também era outro mistério pois, parecia aumentar quando uma tempestade noturna recheava a madrugada com seus trovões e, sempre, quando isso ocorria, uma de suas centenas de portas amanhecia aberta.

Posso explicar melhor essa situação estranha: algo, ou alguma coisa, saía do castelo após uma tormenta de raios.

Devo também alertar que essa história se passa em um lugar no futuro que aconteceu há muito tempo atrás e que as todas as pessoas, que moravam nas aldeias próximas ao castelo das mil portas, eram muito afetadas pelas notícias de novas portas abertas.

Lembro de um dia, logo cedo pela manhã, quando um habitante de umas das aldeias chegou assustado trazendo a notícia que uma porta havia amanhecido aberta. Todos ficaram muito apreensivos imaginando o que de lá teria emergido:

- Com certeza é um monstro que vai devorar nossas galinhas.

- Pode ser pior – disse outro – E se for a própria morte que vem nos pegar durante a noite?

Foram dias perturbadores até que todos novamente tomassem suas rotinas no campo novamente. Embora, posso lhe confessar, nunca mais foram os mesmos e sempre que algo estranho e desconhecido ocorria em suas vidas eles facilmente se assustavam.

Em outra ocasião, foi uma criança que trouxe o alerta, logo após uma noite de tormenta, que uma nova porta havia sido aberta no castelo. Nesse dia a surpresa causou comoção positiva, afinal, estava um dia de sol tão bonito que só poderia ter saído algo bom do castelo:

- Será que é um anjo que veio nos trazer suas bênçãos?

- Pode ser que seja a própria sorte que saiu para andar entre nós: sinal de boa colheita este ano.

Passados uns quinze dias, nada de fato grandioso ocorreu, e a vida seguiu seu rumo costumeiro. Mas, de fato, eles se tornaram mais alegres deste dia em diante.

Estranho foi quando o senhorio da vila próxima ao rio chegou a cavalo alardeando que uma porta enorme havia amanhecido aberta. As pessoas ficaram indignadas com a notícia e demonstraram isso com aspereza:

- Essas portas também vivem abrindo e de lá nada de fato sai. Nada de útil para nós.

- Devíamos é tocar fogo nesse castelo inútil. 

Claro, que, como pode imaginar, em poucas semanas a rotina absorveu esses pensamentos e, de resto, posso afirmar que eles (até hoje) ainda se irritam com algo que os incomoda.

É possível que você já tenha percebido que, nessa curta metáfora, foram as emoções que surgiram após as diferentes tempestades. E, se possui uma imaginação fértil, já fez a conexão entre o castelo e as pessoas que mantém os corações com suas portas fechadas. 

Não há como aprisionar as emoções. Elas foram criadas para serem vivenciadas e, com o tempo certo, cada uma delas irá se tornar parte da memória. Boa ou má, a emoção será internalizada e se tornará parte do que somos e sempre seremos.

Manter as portas do coração fechadas até que uma tempestade as abra fazendo surgir uma forte emoção não é o melhor que podemos fazer. É lógico também pensar que ninguém possui as chaves para entrar e sair quando quiser e, é certo que, alguns arrombamentos e explosões irão ocorrer. No entanto, é justamente isso que nos faz humanos: sermos capazes de vivenciar e superar mesmo as emoções negativas mais marcantes em nossas vidas.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

CANAL SENSORIAL PREFERENCIAL EM RH



Por João Oliveira

Ter conhecimento dos sistemas representacionais tem uma enorme importância no ambiente corporativo, pois potencializa a comunicação em um nível de excelência. Caso a sigla PNL lhe cause estranheza tenha bastante atenção nessa leitura, afinal, trata-se de uma forma de mudar a maneira de como vemos e entendemos o mundo.
A PNL, Programação Neurolinguística, tem sua atenção voltada para três pontos da estrutura perceptiva humana:

1) Programação -  entende que todos nós possuímos, como um computador, uma programação que formata o mundo como percebemos ao nosso modo. Assim, as experiências de vida, modelo familiar, religião e muitos outros aspectos de nossa existência, acabam modelando quem somos e como entendemos a realidade ao nosso redor.

2) Neuro – Parte do princípio que todos temos um sistema neural dotado de cinco sentidos capazes de codificar o mundo para ser analisado e interpretado pelo cérebro. É a parte do que seria o hardware nos computadores.

3) Linguística – Forma de acesso à essa programação que pode ser verbal ou não verbal. A estrutura interna só é alterada através de estratégias linguísticas além das próprias experiências. 

Tendo isso como pano de fundo podemos focar nos Canais Sensoriais Preferenciais. Algumas pessoas especializam o modo como absorvem as informações. Algumas são visuais, outras sinestésicas e, outras ainda possuem o canal auditivo muito apurado.  O ideal é que, para ser um bom comunicador, o profissional de RH tenha uma distribuição equilibrada entre esses três canais sensoriais.

Ocorre que grande parte das pessoas acaba se tornando, por um motivo ou outro, muito especializada em apenas um canal. Dessa forma, podemos encontrar pessoas que são altamente visuais deixando de lado os elementos da comunicação sinestésica e auditiva. Algumas que, por serem muito sinestésicas, acabam valorizando apenas aquelas que lhe interessam e deixando todo resto das informações de lado e, por último, as auditivas que também podem sofrer perda de conteúdo relativas aos outros canais menos significativos para elas.

Nem todas as pessoas apresentam enorme divergência entre os canais. Podemos encontrar profissionais que lidam muito bem com todo o perfil de inputs e, por isso, podem desfrutar de mais recursos na hora de lidar com situações de escolha. Afinal, eles entendem a comunicação que chega com mais detalhes que outras pessoas. O mundo fica maior.

O visual prefere ter as informações por escrito, aprecia gráficos, cores e apresentações de slides bem elaboradas. Já o sinestésico irá apreciar mais o toque nos objetos, nesse caso ter miniaturas, maquetes ou o próprio produto irá potencializar o entendimento. O auditivo, claro, prefere uma comunicação oral bem detalhada já que sua memória nessa área é excelente.

O grande desafio do profissional de RH é saber como lidar com todos de forma a não criar ruídos no processo comunicativo permitindo que a informação chegue clarificada para todos os perfis de sistema representacionais. Na prática, agradar gregos e troianos.

Ao montar a estratégia de intervenção, o profissional pode se valer de uma escuta ativa usando algum colaborador como referencial em determinado canal. Como fazem as grandes empresas quando solicitam uma pesquisa qualitativa: pequenos grupos de pessoas apreciam e discutem sobre o produto com ou sem interferência do pesquisador. No caso específico da empresa que propõe uma ação comunicativa para todo o corpo laboral, o ideal é que elementos já percebidos como expoentes em um único canal sensorial sejam submetidos ao conteúdo e, após isso, dê o feedback à equipe para que seja aferido o grau de entendimento.

Assim, o RH pode eliminar falhas na raiz e propiciar uma maior facilidade de acesso ao estado natural de interpretação de cada um. As imagens mentais, o self-talk, sensações e sentimentos podem ser barreiras ou aliados se os blocos de informações forem bem elaborados. Cuidar para que o corpo laboral entenda o que a linha está propondo já faz toda diferença no resultado.

Muitas vezes o conteúdo está colocado de forma impecável para um elemento receptor altamente visual. Mas, deixa muito a desejar para o entendimento de um auditivo que pode ter uma compreensão errada e ter atitudes contrárias às pretendidas pelos profissionais que elaboraram o material.

Todo o cuidado é pouco quando se lida com um grupo, mesmo que pequeno, de pessoas. Vale a premissa: “comunicação não é que se fala, é o que se entende”. Os outros, que são tocados pelo conteúdo que geramos, podem receber aquilo que falamos e fazemos através dos seus mapas mentais personalizados. Sempre que alguém ouve de forma distorcida o que para nós é claro, nos permite uma correção na forma como colocamos nossos pensamentos no mundo.

Mesmo fora do ambiente institucional esse conhecimento é valioso. Perceber como o outro entende e, principalmente, quais são nossas próprias falhas perceptivas. Saber qual é o canal mais forte e, se existem canais representacionais menos potentes, nos alerta para a possibilidade de tentar melhorar nossa capacidade de coletar dados informacionais do ambiente.

Trazendo para o dia a dia, muitos casamentos ou amizades podem ter pouca durabilidade simplesmente porque os elementos envolvidos não conseguiram adaptar seus processos representacionais do mundo de forma a poder alcançar o outro em seu entendimento.

Existem vários testes on line disponíveis na internet para quem quiser descobrir qual o seu canal sensorial preferencial. Não se preocupe com resultados que apontam diferenças absurdas pois, não há nada que não possa ser alterado com treinos utilizando a neuróbica. Nossa mente possui uma incrível capacidade de mudanças, principalmente quando assim queremos.