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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O CAMINHO



              

Por João Oliveira

             Durante a caminhada os dois personagens deste texto conversavam e, o que estava ao lado direito da estrada parecia estar mais animado.

- Hoje teremos um grande dia não é?

               O outro personagem, que caminhava mais lentamente e de cabeça baixa respondeu em um tom lento e tristonho.

- Pode ser para você. Afinal a festa é sua, eu só recolho os poucos que me escolhem.

- Eu acho que você faz bem o seu trabalho, afinal todos os que vão em sua direção são autênticos. Meu trabalho é diferente: não escolho nem sou escolhido. Apenas pego o que aparecer pela frente. Ou seja, quantidade: todos são meus afinal! No seu caso acho que é a qualidade que importa.

               O que andava lentamente parou, olhou de frente para o companheiro de jornada e disse em tom solene.

- Já não é mais assim, o mundo mudou! Eles só me procuram quando percebem que você já está diante deles. Por isto sempre caminhamos juntas: Morte e Fé!

               Deixando os dois personagens seguindo pela estrada, por enquanto, podemos refletir sobre o que entendemos por fé ou esperança. Afinal, posso apostar, a maioria das pessoas liga (imediatamente) fé a uma religião qualquer ou a uma deidade amparadora que oferta soluções em tempos de crise. Não é desse tipo de fé que gostaria de tratar, até porque não possuo credenciais para tal, e sim de outra, uma que conhecemos como projeto de vida.

               Ter uma vida com um projeto estabelecido é ter fé em um amanhã melhor. A grande massa aprisionada entre a conquista do almoço e do jantar não pode olhar além do final de semana e isso se instala como uma rotina para toda existência. Não está certo viver assim.

               A morte, embora  certa, não está nos planos de ninguém. O que resta então é poder seguir em sua direção com o proveito máximo da vida: realizando, construindo, tendo lazer, amando e tantas outras coisas que podemos fazer para manter uma boa qualidade de vida. Para que isto possa ser possível é necessário um plano de voo estabelecido: onde quero chegar e em que tempo?

               Calcular o tempo de vida que se espera ter à frente e como pretende distribuir deveres e prazeres deve ser uma prioridade para criar o elemento de fé na vida e não ter surpresas ou arrependimentos no momento em que a morte se tornar presente. 

Quais são os seus planos? São viáveis? Está cumprindo as etapas? Já desistiu de tentar?

               Este perfil de fé mantém o caminho firme sobre os pés e mesmo nas turbulências que ocorrerem você será capaz de suportar, pois, existem outras metas para serem alcançadas e tantas outras que já foram superadas. Escolha algo para conquistar em curto prazo, outro objetivo para médio prazo e, para o resto da vida, projete conquistas em longo prazo. Assim será mais fácil administrar sucessos e fracassos (sim, eles existirão).

               Voltamos ao caminho. A Morte se volta para a Fé devolve um olhar tranquilo e diz:

- Então temos aqui um grande problema amiga: estou sempre diante deles. Pode ser que eles vivam fingindo que nunca os encontrarei. Mas, não saio, um segundo sequer, do futuro de todos os que vivem.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O DRAGÃO DA MONTANHA




Por João Oliveira
              
               Todos os guerreiros estavam sentados em volta da mesa quando o Rei levantou-se e começou a falar:

- Não podemos mais viver com esta ameaça constante! Não é possível prosperar como nação desde que este Dragão começou a cobrar partilha! Não é possível dar 50% de toda produção de nosso trigo!

- Mas majestade – disse um cavaleiro próximo ao Rei – corremos o risco de sermos destruídos, queimados, triturados se não houver tal tributo como sempre nos disse o velho sábio.

- Olhe bem! – Disse o Rei em tom áspero- Estou disposto a pagar tal preço pela liberdade. Quero cinco voluntários prontos para partir amanhã em direção a montanha e enfrentar o monstro. Levem com você o portador dos tributos - o velho sábio que duas vezes ao ano leva as mulas com o trigo para pagar o Dragão. Ele sabe onde a fera se esconde.

               Silêncio total. Um dos mais idosos cavaleiros se levantou:
- Eu vou majestade!

               Outro, igualmente velho e acabado também se anunciou como voluntário. Logo o Rei já tinha, à sua frente, cinco bons guerreiros dispostos a lutar e morrer em defesa do reino. O Rei estava curioso em saber porque só os mais idosos haviam se disponibilizado e perguntou aos jovens valentes que continuaram sentados:

- Vejo que os mais velhos estão dispostos a combater o inimigo que assombra nossas vidas. Porque os mais jovens não se apresentaram para o combate?

- Trata-se, apenas, de uma questão de estratégia Vossa majestade. – falou um dos mais novos e fortes guerreiros.

- Como assim? – Perguntou o Rei junto ao pasmo geral.

- Veja, eu e meus comandados somos uma força poderosa com muitos anos de combate ainda pela frente. Já os que se voluntariaram estão no término de suas jornadas em nosso plano.

- Sim! E daí? Onde está à estratégia nisto? – Questionou o Rei ansioso.

- Senhor, vejo nessa situação três possibilidades. Primeira: se eles forem e vencerem acabou o problema. Nós seremos poupados para outras lutas com nossos inimigos. Segunda: caso sejam derrotados os que sobreviverem poderão nos trazer informações valiosas sobre localização, tamanho, força e pontos fracos da besta, assim poderemos organizar um ataque fulminante munidos de certezas e não de medo do improvável, afinal ninguém nunca viu este Dragão de perto, só o sábio. 

- Parece realmente interessante. – Comentou o Rei

- É, mas a terceira possibilidade deve ser testada em primeiro lugar, pois, caso nenhum velho guerreiro volte com vida e da montanha só retorne o sábio a luta também estará terminada para todos nós. - Completou o guerreiro.

- Mais uma vez não lhe entendo. - Falou o Rei com a voz pequena.

- Muito simples. Caso só o sábio sobreviva posso entender que tudo é um plano dele para enriquecer as nossas custas. Não há Dragão algum, provavelmente ele está vendendo ou estocando este trigo ao longo dos anos. Assim, se o senhor acreditar que isso possa mesmo vir a ocorrer, bastam algumas horas de tortura no sábio para termos toda verdade e pouparmos as vidas de nossos idosos.

                Dito isso o Rei, pensou um pouco e se lembrou de que o portador da ameaça do Dragão havia sido o próprio sábio há muito tempo e que, de fato, ninguém nunca tinha visto tal dragão de perto, só barulhos e os incêndios na floresta. Mandou chamá-lo e apenas após duas horas de forte inquérito descobriu-se uma caverna lotada de trigo no alto da montanha. Ele planejava sumir do reino após essa última colheita com todo o lucro da venda dos seis anos de terror.

               Moral da história: Dentro de uma organização é necessário muito cuidado, pois, quem para mim traz, de mim leva. Fique atento com pessoas que sempre trazem novidades ruins ao seu ouvido, algo de ti, para o próximo, eles podem estar levando. E, ouça os mais jovens, existe sabedoria até mesmo no que julgamos ser pura inocência ou inexperiência. O bom gestor sabe ouvir, separando o que deve ser levado em consideração ou não.


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

RAZÃO




Por João Oliveira

               Sempre nos deparamos com situações onde temos absoluta certeza que estamos certos e a outra pessoa – mesmo errada – não abre mão do seu ponto de vista. Este é o exato momento em que se deve fazer uma pergunta a si mesmo: essa relação tem valor para mim?

               Algumas pessoas podem chegar a extremos para manter uma posição da qual não abrem mão. Podem alterar a voz ou, em situações fora da ordem emocional, serem violentas fisicamente. De uma forma ou de outra a sua relação com esta pessoa sofrerá uma modificação e, mesmo com desculpas posteriores, pode nunca mais voltar a ser igual, algo terá se perdido para sempre. 

               Por isso, é sempre bom avaliar até onde queremos ir, em um debate, onde a razão pode não ser a coisa mais importante em jogo. As relações humanas, tão difíceis de serem criadas nos tempos atuais, tem mais valor e – acredito – devem ser poupadas de opiniões individuais sem propósito maior.
               Verdade seja dita: as maiores brigas verbais são por assuntos débeis ou altamente subjetivos. Termos ligados à religião, futebol, política e (pasmem) meteorologia são os maiores pontos de atrito entre pessoas e, por consequência, geradores de embates. A filosofia também é uma grande produtora de matéria prima, da melhor qualidade, para discussões intermináveis.

               Como evitar situações de risco e ainda sair bem da história toda?

               Normal você procurar, junto com outra pessoa dirigindo, algum endereço. Se ela estiver dirigindo e, indo para um lugar errado, avise com educação, mas não teime nem se altere. Se perceber que ela não vai ceder apenas diga: “- Quando você estiver certo que está enganado estou pronto para auxiliar!” A junção das palavras certo e errado na mesma frase dá oportunidade à pessoa de tomar a decisão e alterar o rumo da prosa sem nenhuma vergonha de tê-lo feito afinal, ele tem “certeza” que está errado e, o aspecto positivo prevalece sobre o negativo.

               Assim, com pequenas estratégias verbais, você pode sair de um tema que gera atrito e solucionar a questão ou mesmo ir para outro tema mais ameno. Não vale à pena prejudicar um relacionamento de amizade por conta de ser a pessoa com “a razão”. Até porque ter opinião qualquer um pode ter, mas possuir estratégia de convencimento é para uns poucos habilitados.

               Sempre que temos treinamentos de persuasão, nos cursos de Análise Comportamental aprofundado, esta é uma das ementas mais concorridas. Acredito que alguns saiam decepcionados, pois, acreditam que vão aprender um jeito de convencer todo mundo do que quiserem. Isso e meia verdade, o que ocorre é que as técnicas fazem com que a outra pessoa é que deseje seguir uma linha de raciocínio – por você colocada –pensando que foi ideia dela e não sua! O truque é justamente você ser convencido, pelo outro, daquilo que você deseja.

               Hipnose Conversacional, gestos de apoiamento, jogo de olhar, tudo funcionando para que a razão esteja com o outro e o resultado positivo com você, mesmo que, para isto, você tenha de perder a discussão.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ORGULHO




Por João Oliveira
               Enfrentamos um grande problema linguístico com algumas palavras, principalmente as que se relacionam a certas emoções e atitudes humanas. A palavra “orgulho”, por exemplo, pode ser direcionada de várias formas diferentes e com resultados distintos nas pessoas que manifestam tal comportamento. 


               Existe o orgulho próprio que, na medida certa, é uma excelente forma de demonstrar autoestima: não aceitar tudo que lhe é imposto pelos outros. Este perfil de orgulho coloca a pessoa em um lugar de proteção aos próprios valores e respeito a si próprio. Assim ele irá lutar pelos seus direitos, reivindicar seu espaço e, sobre tudo, buscar sempre uma melhora em suas aptidões. Uma pessoa na eterna busca de aperfeiçoamento.


               Podemos também notar o orgulho social ou comunitário. Este é mais ligado a instituições ou grupos sociais. Como o orgulho de ser brasileiro! De viver numa nação sem guerras, onde conhecemos todos os nossos malefícios e vivemos com eles como se nada fossem além de desígnios de Deus: aceitamos e pronto! Da mesma forma pessoas são orgulhas de seu time de futebol e vestem a camisa mesmo na derrota ou, de sua religião. Então, este orgulho torna o sujeito participe de algo maior onde ele completa e é completado.


               Orgulho de outra pessoa. Um perfil diferente e saudável é o orgulho que os pais têm pelos filhos. Mesmo eles não correspondendo às expectativas iniciais (projetadas pelos pais) sempre haverá espaço para uma mãe elogiar seu filho ou filha. Isto pode estar mais ligado a uma autoafirmação do que amor propriamente dito. Uma mãe falar do sucesso do seu filho está, automaticamente, dizendo o quanto ela foi competente em educá-lo.


               Claro, existe um orgulho que é danoso e destruidor é o que corresponde à arrogância de ser melhor do que outros seres humanos. O sujeito neste modelo de orgulho acredita que está sempre certo em suas afirmações e que, os demais, por serem inferiores, não têm nem mesmo o direito de manifestarem suas opiniões. Está intimamente ligado ao preconceito, discriminação, racismo e, como resultado, exploração e humilhação das pessoas que ele não considera como iguais.


               O orgulho prepotente destrói laços de afinidade – às vezes nem permite que surjam – pode acabar com famílias e iniciar guerras. Quem está vestido com esta roupa comportamental, neste momento, acha este texto ridículo, pois, como elemento especial de uma categoria se acha acima de qualquer análise de conduta.


               A frase preferida deste personagem insólito é: - Você sabe com quem está falando? Provavelmente não se trata de uma pessoa ignorante no aspecto formal da educação. Por incrível que pareça, encontramos muito mais pessoas cultas neste perfil, mas não se trata de uma exclusividade. Podemos encontrar pessoas assim em todos os níveis financeiros ou culturais.


               Acredito que o orgulho destruidor possa surgir como uma autodefesa, uma tentativa violenta de demonstrar capacidade. Ocorre que o efeito é tão nocivo que qualquer tentativa de explicação para o fenômeno será usada como desculpa para continuar agindo da mesma forma.


               Ter orgulho é saudável, faz parte da estrutura de uma elevada autoestima. Apenas observe se o nível não ultrapassou os limites da manutenção do “status quo” e já está ambientando uma resposta agressiva ao ambiente. Fácil de descobrir? Claro, veja quantas pessoas já não lhe procuram mais, isto é um péssimo sinal de que você não pertence ao círculo social delas. Caso isso esteja de fato ocorrendo e, queira terminar seus dias recebendo ligações de amigos, mude sua postura agora! Enquanto há tempo.