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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

ORGULHO




Por João Oliveira
               Enfrentamos um grande problema linguístico com algumas palavras, principalmente as que se relacionam a certas emoções e atitudes humanas. A palavra “orgulho”, por exemplo, pode ser direcionada de várias formas diferentes e com resultados distintos nas pessoas que manifestam tal comportamento. 


               Existe o orgulho próprio que, na medida certa, é uma excelente forma de demonstrar autoestima: não aceitar tudo que lhe é imposto pelos outros. Este perfil de orgulho coloca a pessoa em um lugar de proteção aos próprios valores e respeito a si próprio. Assim ele irá lutar pelos seus direitos, reivindicar seu espaço e, sobre tudo, buscar sempre uma melhora em suas aptidões. Uma pessoa na eterna busca de aperfeiçoamento.


               Podemos também notar o orgulho social ou comunitário. Este é mais ligado a instituições ou grupos sociais. Como o orgulho de ser brasileiro! De viver numa nação sem guerras, onde conhecemos todos os nossos malefícios e vivemos com eles como se nada fossem além de desígnios de Deus: aceitamos e pronto! Da mesma forma pessoas são orgulhas de seu time de futebol e vestem a camisa mesmo na derrota ou, de sua religião. Então, este orgulho torna o sujeito participe de algo maior onde ele completa e é completado.


               Orgulho de outra pessoa. Um perfil diferente e saudável é o orgulho que os pais têm pelos filhos. Mesmo eles não correspondendo às expectativas iniciais (projetadas pelos pais) sempre haverá espaço para uma mãe elogiar seu filho ou filha. Isto pode estar mais ligado a uma autoafirmação do que amor propriamente dito. Uma mãe falar do sucesso do seu filho está, automaticamente, dizendo o quanto ela foi competente em educá-lo.


               Claro, existe um orgulho que é danoso e destruidor é o que corresponde à arrogância de ser melhor do que outros seres humanos. O sujeito neste modelo de orgulho acredita que está sempre certo em suas afirmações e que, os demais, por serem inferiores, não têm nem mesmo o direito de manifestarem suas opiniões. Está intimamente ligado ao preconceito, discriminação, racismo e, como resultado, exploração e humilhação das pessoas que ele não considera como iguais.


               O orgulho prepotente destrói laços de afinidade – às vezes nem permite que surjam – pode acabar com famílias e iniciar guerras. Quem está vestido com esta roupa comportamental, neste momento, acha este texto ridículo, pois, como elemento especial de uma categoria se acha acima de qualquer análise de conduta.


               A frase preferida deste personagem insólito é: - Você sabe com quem está falando? Provavelmente não se trata de uma pessoa ignorante no aspecto formal da educação. Por incrível que pareça, encontramos muito mais pessoas cultas neste perfil, mas não se trata de uma exclusividade. Podemos encontrar pessoas assim em todos os níveis financeiros ou culturais.


               Acredito que o orgulho destruidor possa surgir como uma autodefesa, uma tentativa violenta de demonstrar capacidade. Ocorre que o efeito é tão nocivo que qualquer tentativa de explicação para o fenômeno será usada como desculpa para continuar agindo da mesma forma.


               Ter orgulho é saudável, faz parte da estrutura de uma elevada autoestima. Apenas observe se o nível não ultrapassou os limites da manutenção do “status quo” e já está ambientando uma resposta agressiva ao ambiente. Fácil de descobrir? Claro, veja quantas pessoas já não lhe procuram mais, isto é um péssimo sinal de que você não pertence ao círculo social delas. Caso isso esteja de fato ocorrendo e, queira terminar seus dias recebendo ligações de amigos, mude sua postura agora! Enquanto há tempo.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Simples assim!




               Por João Oliveira
               Uma vez duas cobras estavam conversando sobre o que teriam para o almoço. Entre os itens do cardápio estavam ratos, corujas e a grande possibilidade de um filhote de homem. Já havia tempo elas estavam de olho no pequeno indiozinho que todos os dias brincava nos arredores da aldeia. A mãe, ocupada em seus afazeres, nem prestava muito atenção: Tupã toma conta dos curumins – pensava ela.


               Esqueci-me de dizer que, neste tempo, os animais falavam entre si e com os homens. Como sabemos, hoje não é mais assim, já que inventaram a tal ciência que não consegue provar nada disso. Bem, as cobras se prepararam para sequestrar o menino, levá-lo para o meio da mata e lá, em paz, poderem saciar sua fome.


                Ao laçar o pequeno índio pelos pés, a primeira cobra permitiu que a segunda se enrolasse no corpo dele e começaram a puxá-lo mata adentro.


               - Para onde vocês estão me levando? – Perguntou o garoto muito tímido e calmo.


               - Para uma festa! Um banquete! – respondeu a primeira cobra.


               - Que ótimo! – disse o menino – Estou mesmo morrendo de fome, na aldeia só tem cobras para comer... e eu não gosto de comer cobras. Me dá dor na barriga.


               Aquela fala bateu como um tiro nas duas serpentes! Como assim os índios estavam comento cobras??? Que coisa mais horrível e descabida! Elas pararam de arrastar, soltaram o menino e a cobra número dois furiosa gritou:


               - Que povo horrível é esse que come cobras! Eles não sabem que nós somos venenosas? Comer cobra é um sacrilégio! Só os ignorantes sem alma comem cobras!


               - Pior – disse o índio – é como eles caçam as cobras!


               - Como isto ocorre? – perguntou a primeira cobra em tom cuidadoso.


               - Eles usam crianças como isca.


               Dito isso, duas cestas feitas de cipós caíram sobre as duas cobras que foram capturadas e levadas para serem preparadas para o jantar. O pequeno índio foi homenageado, pois essa já era a sua quinta caçada – sendo isca – bem sucedida! Um verdadeiro feito entre os habitantes da aldeia.


               Moral da história: Muitas vezes fazemos exatamente o que os outros querem que façamos. Nos sentimos muito espertos e parece que dominamos a situação enquanto, na verdade, somos tolos.


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

As conchas no mar




Por João Oliveira
                         
                       Dizem que cada conchinha guarda, em si, o barulho de todo oceano. Quando criança eu adorava colocar o ouvido dentro da concha para ouvir aquele eco que muito lembra o barulho das ondas.


               Pelo princípio holográfico tudo contém o todo e, por menor que seja a partícula, todo universo pode estar ali representado em sua totalidade. Assim sendo somos parte deste espectro e poderíamos estar vivendo limitados pelas interpretações sensoriais do mundo à nossa volta.


               A velocidade do pensamento pode gerar o que quisermos, dentro de nossa mente, em frações de tempo tão pequenas que nem podem ser medidas. Pense no que quiser: elefantes de bolinhas, um oceano revolto, um galáxia colidindo com outra gigantesca espiral no profundo espaço desconhecido. Pronto! Sua mente já construiu estes cenários antes mesmo que você, de forma consciente, ordenasse isto. Uma máquina espetacular: o nosso cérebro.


               Ocorre que nossa mente não difere muito o que foi realmente vivenciado do que foi imaginado pela nossa cabeça. A diferença mais forte é o momento presente. No momento presente sabemos que estamos imaginando algo, mas, mesmo assim, o corpo e suas produções endócrinas podem agir como se, de fato, estivéssemos vivenciando o fato real.  Quer um exemplo? Assistindo um filme de terror você não fica com medo? Ou, se imaginar um saboroso limão, verde e bonito, gelado e suculento, sua boca não começa a salivar?


               Nossas memórias são, em sua grande maioria, montagens de fatos que vivenciamos misturados e editados de acordo com nossas emoções no momento em que ocorreram. De fato boa parte do que acreditamos ter ocorrido em nossas vidas não corresponde ao que realmente aconteceu. Junte a turma para relembrar os velhos tempos de escola e verá como isso funciona.


               Assim, podemos ampliar o que somos (lembra-se da teoria holográfica?) usando nossa infinita imaginação de forma positiva. É bom ressaltar o aspecto positivo, pois, se deixar por conta da natureza humana, nos tempos atuais, o que vem à tona é pura ansiedade e medo do futuro. Uma boa meditação, todos os dias, projetando um futuro mais tranquilo e com resultados produtivos poderá fazer o seu dia melhor.


               Não há nada de errado ou de misticismo nisso.  Pensamentos bons acabam por fazer surgir em nosso corpo excelentes produções neuro- hormonais que irão permanecer em nosso corpo por um bom período de tempo. Dessa forma, o nosso próprio corpo cria as condições perfeitas para que você tenha um dia espetacular no trabalho ou estudo.


               O mundo não vai mudar. É assim mesmo, chove e faz sol quase ao mesmo tempo. O que podemos fazer é sair de casa sempre com um guarda-chuva, mesmo que seja bem pequeno ou criado pela nossa imaginação. Assim um oceano pode ser sentido colocando uma pequena concha junto à orelha, a mente cria o vento e as ondas da mesma maneira que pode construir uma vida mais saudável e feliz.

              

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fugindo da Própria Sombra





Por João Oliveira

               Não há como mudar o passado. Ele estará sempre lá, em suas lembranças. Todos os erros e acertos, quando lembrados, poderão servir como referência para escolhas futuras mais assertivas. No entanto, existe gente que não consegue conviver com sua própria história de vida e vive fugindo da própria sombra. 

               Situações onde erro e vergonha nos fizeram sofrer podem ser ressignificadas e, desta forma, passar ao rol de fatos aceitáveis ao invés de momentos que provocam dor ao serem lembrados. Não existe alguém que só tenha, em sua trajetória de vida, acertos e glórias. Errar faz parte do processo de aprendizado: ninguém nasce sabendo!

               Óbvio, que este processo pode ser amenizado com instruções qualificadas que podem ser encontradas nos elementos de referência. Esses elementos tanto podem ser figuras humanas como pai, mãe, amigos, professores quanto estruturas materiais que funcionam como reservatórios de saber: livros, filmes, monumentos, obras de arte e etc.

               Verdade é que, se apoiar somente na própria experiência de vida para construir um saber aplicável, pode não ser suficiente para se obter resultados positivos em uma só vida. Da mesma forma que não se deve ampliar todos os erros transformando a vida subjetiva em um inferno constrangedor da própria pessoa.

               Conviver bem com os reveses sofridos e buscar novos conhecimentos para auxiliar na elaboração de um projeto futuro mais adequado é a fórmula ideal de viver com sabedoria. Não adianta mudar de penteado, cidade ou sexo para apagar memórias sofridas. Empreender novos projetos colhendo resultados positivos e, entender que tudo que foi vivenciado tem sua  devida importância como base de aprendizado vai, aos poucos, criando uma iluminação que destrói todas as sombras. Mesmo aquelas que só surgem nos pesadelos noturnos.

               Caso você não consiga fazer isso sozinho, procure um profissional psicólogo, pois, ele possui as ferramentas certas para ajudar nesse processo. Algumas vidas realmente deixam de experienciar os bons momentos de sua história graças a preconceitos elencados contra si mesmo. Como um carvão que mancha ao menor toque ou, uma gota de óleo que contamina todo um barril de agua potável alguns fatos – já vividos – podem destruir uma imagem clara do aqui e agora.

               Não há segredos em viver bem. Porém, deve existir certa quantidade de vontade e o desejo de mudar. Se você sofre por conta de sua própria história de vida e coloca isso como referência em seu momento atual, saiba que nem todos são assim. E se alguém conseguiu sobreviver aos próprios medos é sinal que existem possibilidades e, sendo assim, você também pode. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

AJUDA (Natal 2013)



Por João Oliveira

               O quanto é difícil saber que poderíamos ter ajudado alguém a superar um problema e não foi possível pela impossibilidade do tocar suas dores. Profissionais psicólogos que, como eu, possuem a hipnose clínica como uma das ferramentas de trabalho, podem ver algumas situações onde uma emoção não resolvida é a principal causadora de algumas doenças que podem levar a morte. Situações onde o processo de ressignificação das emoções conflitantes pode, de forma rápida, trazer o caminho da resolução dos sintomas psicossomáticos.

               Antes de prosseguir é bom que se entenda que psicossomático não significa falso sintoma na verdade dita sobre a origem do sintoma: a doença sempre é real!

               O problema reside na busca e não na oferta. Quantas vezes encontrei amigos doentes ou com pessoas próximas apresentando sintomas clássicos de conhecidas doenças psicossomáticas e, com apenas algumas perguntas sobre prováveis gatilhos (mudou de cidade, morreu alguém, se separou, foi demitido, entrou para faculdade.. etc) pode ser possível elencar pistas da origem do processo.

               Além do médico e dos remédios – imprescindível em qualquer manifestação sintomática – existe algo que pode auxiliar, de forma transformadora, a causa dos males que afligem o corpo: o processo psicoterápico.

               Diante deste saber, e conhecedores que somos todos os profissionais desta área dos resultados possíveis, nos causa (pelo menos em mim)  tristeza de ver pessoas deixando este plano sem terem tido a oportunidade de experienciar esta oportunidade de resolução. Ocorre que a busca, a procura, deve partir da pessoa que sofre, pois, caso contrário, o profissional pode parecer oportunista.

               Surge, neste ponto específico, outro dilema o sujeito que sofre não sabe, não conhece, não acredita nestes tratamentos psicológicos. Se não conhece ou não sabe e gostaria de ter mais detalhes, é nossa obrigação esclarecer como se dá tal processo e, com ética, aconselhar a buscar na página do CRP (Conselho Regional de Psicologia) profissionais certificados para atuarem. Mas, se não acredita, não perca seu tempo. Isso também é uma escolha. Não há como convencer uma pessoa possuidora de uma intensa crença que discrimina a força da psicologia e em sequência vê-la inserida em uma psicoterapia breve. Se conseguir, me diga como, isso seria muito útil para muitas pessoas.

               Enfim sinto-me impotente diante de ver pessoas tendo um período de festas entristecido pela ausência de um de seus iguais. Não sei se seria diferente, até porque um dia, com certeza, isto iria ou vai ocorrer com todos nós. Mas a falta de uma possibilidade da chance de tentar mudar o humor da alma e, como excelente contrapartida, um corpo capaz de produzir toda química necessária para uma saúde plena, poderia ter ofertado algum tempo a mais. Breve que fosse: apenas mais um Natal e Ano Novo.

               Não ofereça ajuda aqueles que não te pediram nada. Não indique caminhos para quem não deseja sair do lugar... e a última dica para fazer sofrer, ainda mais, quem sabe que pode ajudar: Jamais responda a uma pergunta que não foi feita.

               Todos têm direito a escolha: até mesmo a escolha de sofrer e morrer.