Endereços:

Instagram: @prospero.universo @dr.joao.oliveira.oficial Web: joaooliveira.com.br

sábado, 7 de novembro de 2015

ESCUDO PROTETOR



Por João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)


Existem várias técnicas de conversação que criam uma estrutura de proteção e impedem que a conversa tome um rumo emocional perdendo o foco na real negociação. Uma delas é a do escudo protetor que iremos falar hoje.


Diante de qualquer argumento negativo ou ofensivo da pessoa com quem está dialogando não replique com argumentos defensivos. Procure iluminar o assunto com um questionamento colocando o outro em uma posição deslocada. Criando uma dissociação para que ele possa ver a situação pelos olhos de outra pessoa. Veja o exemplo:

- Não acho que esse plano que você tem vai dar certo.

- Pode ser verdade. Mas, me diga uma coisa, o que você acha que o cliente faria numa situação igual a essa?

Quando o outro é colocado na posição de “ver” o tema deslocado de sua posição ele fica mais leve pois, perde um pouco da responsabilidade pessoal.

Na verdade, o esquema do Escudo Protetor completo que consiste nas regras básicas de uma boa abordagem em negociação, possui cinco itens que podem ser apresentados de uma forma simplificada assim:

1 – Jamais contra-atacar: Use perguntas para clarificar os argumentos.

2 – Não atacar a posição do outro: Pode ocorrer que, no final, seja uma opção.

3 – Não defenda suas ideias: Isso cria a dicotomia, use perguntas e deixe que ele conserte os pontos falhos de sua argumentação - “Qual dos seus interesses essa proposta que eu estou fazendo deixaria de levar em conta?

4 – Coloque o outro na sua posição: Empatia. Pense que está na posição do outro e o que ele faria neste caso?

5 – Reformule os ataques feitos a você como ataque ao problema: Jamais leve para o campo pessoal. Os argumentos devem ser direcionados ao problema em foco não as pessoas que estão dialogando.

6 – Dois instrumentos básicos: pergunta e silêncio: Ninguém consegue superar uma lacuna de silencio sem colocar mais argumentos. Seja você a provocar essas lacunas para que o outro esgote toda a argumentação respondendo as suas perguntas.

Cada um desses itens pode ser desdobrado em inúmeras formas de se criar um ambiente conversacional adequado à uma resolução. E lembre-se também:

- Fale do problema antes de apresentar a solução.

- Esqueça situações negativas que ocorreram no passado e se concentre no futuro.

- Tenha uma mente aberta para várias opções e não a uma única. Caso contrário não será uma negociação e sim uma determinação.

- Seja rigoroso com o problema, mas amável com a pessoa. Isso vai criar o fenômeno da “dissonância cognitiva” e será positivo para você.

Tenho certeza que se você seguir essas pequenas regras no próximo embate de negociação que tiver, lembre-se que isso vale para tudo na vida, a resolução será mais tranquila. Jamais permita que alguma emoção invada sua estrutura psicológica e prejudique a argumentação. Se isso começar a ocorrer aborte (imediatamente) a conversa e peça um tempo para pensar no assunto: saia de cena!

O mundo em que vivemos já tem problemas suficientes que não podemos controlar, por isso toda e qualquer oportunidade que tivermos de ajudar a diminuir conflitos deve ser bem utilizada. Boa sorte na próxima contenda!




http://www.isec.psc.br/produto/mindset-business/

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENCONTRO



Por Beatriz Acampora – Psicóloga (CRP 05/32030)


A palavra encontro deriva do latim INCONTRARE, que significa encontro de adversários. IN – em e CONTRARE – contra, oposto. A partir dessa ideia surge a derivação mais amena da palavra, que hoje significa estar face a face com algo ou alguém.

São considerados sinônimos de encontro: batida, choque, colisão, embate, trombada, incidência etc. Se um encontro pode ser uma colisão, ao mesmo tempo pode ser uma oportunidade de crescimento singular, pois é através dele que nos constituímos enquanto seres de relações.

Ao ouvirmos a frase “vamos marcar um encontro”, soa como algo positivo, mas isso porque os tempos mudaram e hoje dificilmente alguém marcaria um encontro para duelar ou combater. Isso é possível, mas incomum.

Estar com alguém vem se tornando algo tão precioso que é como uma confluência em que uma pessoa se deixa tocar pela presença de outra. E, nessa presença, as trocas acontecem, simplesmente porque duas pessoas se permitem olhar nos olhos e sentir o outro através do olhar, da escuta, da percepção.

Encontros são elos de ligação, de articulação entre pessoas, podem ser considerados positivos ou negativos e isso depende fundamentalmente do modo como nos dispomos em relação ao outro e às ideias apresentadas. 

Cada encontro é um evento único, visto que nunca mais se repetirá, como um rio, que não tem suas águas iguais no mesmo lugar. Como seres em constante evolução, cada encontro tem uma versão diferente das pessoas que nele se apresentam, voluntária ou involuntariamente.

Ao final de um encontro sempre temos algo mais do que o momento que nele entramos e o que levamos dele depende unicamente do modo como o absorvemos. 

Quando o encontro é marcado, não há surpresa, mas quando há surpresa no encontro, ele fica marcado.

A HIPNOSE CURA?




Por João Oliveira, Psicólogo (CRP 05/32031)

Afirmar categoricamente que a hipnose cura é a mesma coisa que dizer, em ordem inversa de resultados, que o carro mata. Sabemos que o carro é construído para ser um veículo de transporte e que pode levar uma pessoa de um ponto a outro com sucesso trafegando em diversas velocidades e/ou indo por diferentes caminhos. Da mesma forma, o carro pode ficar parado estacionado por muito tempo no mesmo lugar ou, em algumas ocasiões, se envolver em acidentes, podendo até ser fatal aos seus usuários.

Não podemos nos esquecer de dizer que o carro existe em vários modelos e para muitos tipos de utilizações: carro de passeio, duas portas, quatro portas, carro de corrida, trailers, carros de luxo, carros conversíveis e muito mais. Na hipnose é a mesma coisa: temos diferentes tipos de abordagens com intenções e resultados distintos.

O desdobramento da utilização da hipnose é amplo. Para facilitar podemos dividir em dois grandes grupos:

- Hipnose de Entretenimento: Também conhecida como hipnose de palco. Esse perfil foi proibido no Brasil no mesmo decreto que regulamentou a hipnose em 1961 (Nº 51.009 de 22/07/1961) assinado pelo então Presidente da República Jânio Quadros. O decreto baniu o uso da hipnose em espetáculos de qualquer tipo ou forma, em clubes, auditórios, palcos, ou estúdios de rádio e televisão. Foi revogado pelo decreto Nº 11 assinado pelo Fernando Collor em 19/01/1991. Por isso, você pode se divertir assistindo na televisão pessoas comendo cebolas pensando serem maçãs ou imitando galinhas sob o efeito da hipnose de palco.

- Hipnose Clínica: Trata-se, como o próprio nome sugere, da hipnose voltada para o ambiente da saúde onde podemos encontrá-la sendo utilizada por: cirurgiões-dentistas, médicos, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas, enfermeiros, ou seja, o grande espectro que abrange o toque dos profissionais de saúde. Algumas profissões têm sua própria regulamentação quanto ao uso das técnicas da hipnose, mas, não é necessário em nosso país uma graduação específica para se tornar um terapeuta em hipnose. Bastando, para isso, uma formação adequada e a regularização para a atuação profissional.

Os modelos de atuação, dentro da própria hipnose clínica, são igualmente variados podendo ser ramificados de forma simples em cinco principais modelos:

 - Hipnose Comportamental – Voltada para a alteração no perfil comportamental da pessoa. Administração emocional, potencialização de qualidades, respostas assertivas e espontâneas as demandas dos ambientes profissional e/ou social/familiar e etc.

 - Hipnose no tratamento de fobias – Aqui se incluem todos os tipos de fobias que se pode imaginar, tendo técnicas diversas dependendo da intensidade e modelo apresentado. A Dessensibilização Progressiva é uma dessas técnicas que quando bem aplicada pode conduzir o paciente/cliente a obter resultados rápidos.

 - Hipnose para o emagrecimento – Muito na moda ultimamente com vários profissionais qualificados conquistando feitos notáveis com seus pacientes/clientes. Existem vários modelos de induções e sugestões que podem variar de implantes hipnóticos a alterações no estilo de vida.

 - Hipnose para a subtração de sintomas – Esse perfil exige um cuidado maior, pois como sabemos, todo sintoma está a serviço de alguma manifestação de descontrole interno que pode ser de âmbito emocional ou não. Nesses casos, quando os sintomas são mais severos, o aconselhável é que uma equipe multidisciplinar acompanhe o tratamento. O profissional psicólogo e o profissional médico são indispensáveis em casos graves.

 - Hipnose voltada para reabilitação – fantástico perfil da hipnose onde, mesmo sem movimentos físicos reais (somente na imaginação em estado alterado de consciência), o paciente/cliente é auxiliado a desenvolver de novo suas habilidades motoras perdidas por algum trauma físico ou AVC.

Poderíamos citar inúmeros outros tipos de abordagens, porém, acreditamos que esses sejam suficientes para demonstrar a grandiosidade dessa fabulosa ferramenta chamada Hipnose Clínica.

Voltando à comparação com os efeitos de um carro em relação às implicações da hipnose, existe apenas uma grande observação que deve ser feita: a finalização do processo no carro só depende do condutor, já na hipnose o sucesso só é alcançado com a total participação de quem é conduzido.

Por mais talentoso que seja o profissional de hipnose ele pode esbarrar com um paciente/cliente que tenha um ganho secundário muito forte com o seu sintoma/problema. Sendo assim, torna-se mais complexo o resultado esperado positivo sem uma ressignificação da estrutura emocional do sujeito.

“Dessa forma, o “interesse” da pessoa a ser hipnotizada é “regra fundamental que torna possível a hipnose”. Desprezar essa dimensão seria acreditar em um poder dominante ilimitado do hipnotizador que, na prática, não se constata”. (MARTINS, Francisco; BATISTA, Adalberto, 2002)

Também é necessário dizer que nem todo mundo pode se beneficiar da hipnose quando se trata da busca pelo resultado perfeito. Nessa categoria podemos citar alguns perfis:

- O paciente/cliente com problemas de ordem neurológica ou portador de debilidade mental que o prive da capacidade da estruturação do pensamento. Sem pensamento focal não há como atuar de forma eficiente com a hipnose pois, o sujeito não consegue alcançar o estado alterado de consciência que é fundamental nesse processo.

- Pacientes/clientes portadores de deficiências congênitas. Pessoas que nascem com um perfil de problema estrutural em um membro, órgão, glândula ou músculo. Desejar remissão total pode levar ao desencanto com o tratamento que, com toda certeza, pode ser útil para a superação das dificuldades enfrentadas.

- Paciente/cliente portador de doença hereditária. Praticamente se enquadra no perfil anterior. Existe uma predisposição metabólica que pode, independente do aspecto emocional, causar os sintomas. Claro que a hipnose é útil, mas não se deve esperar a superação total tendo em vista que o organismo possuir uma vocação natural para produzir os efeitos indesejáveis.

“Robles (2005) pondera que, para que um tratamento hipnoterápico atinja seu objetivo, é necessário que este possua uma meta; apenas dessa maneira saberemos para onde devemos levar a psicoterapia. Portanto, faz-se necessária a investigação dos significados, das angústias e das expectativas de cada paciente quanto a sua doença e sua vida, durante todo o processo do tratamento hipnoterápico”. (CAIRE, Lícia Ferreira, 2012)

O ideal é que, pelo menos, dois quesitos sejam aferidos para ter certeza que existe uma possibilidade de recuperação, no caso da abordagem está voltada para o tratamento onde seja necessária mudança física/orgânica/metabólica diante de um sintoma qualquer.

1- Que o paciente/cliente apresente a capacidade de manter foco de concentração durante alguns minutos, pelo menos, em uma única estrutura de pensamento.

2- Que exista alterações percebíveis conforme este paciente/cliente é estimulado psicologicamente em seu sistema nervoso parassimpático e simpático.

Essas duas condições nos revelam que o paciente/cliente possui facilidade de respostas internas. Isso é extremante útil para o tratamento alcançar êxito de forma rápida e segura.

Em todos os casos o acompanhamento médico é essencial. Jamais se deve substituir a terapêutica medicamentosa pela hipnose pura e simples. Entenda a hipnose clínica (contra sintomas) como uma ferramenta poderosa na potencialização de qualquer tratamento.

Já no perfil comportamental ou mesmo na reprogramação mental, outros cuidados devem estar presentes como, por exemplo, uma boa construção das sugestões, para que não ocorram conflitos éticos na personalidade do paciente/cliente.

Para finalizar: a hipnose sozinha não cura! Mas ela pode fazer parte de um processo capaz de levar a obtenção de uma saúde plena. É bom que se seja lembrado que uma ausência de sintomas não significa que a pessoa esteja absolutamente livre de qualquer mal já que saúde é algo mais amplo e toca tanto o aspecto físico do sujeito, onde surgem a maioria dos sintomas, como o psicoemocional que muitas vezes, dentro do desiquilíbrio, pode ser confundido com a própria personalidade do indivíduo.

“A presença do terapeuta, sua voz, sua gestualidade e, sobretudo, a ligação afetiva entre ele e o paciente proporcionam uma vivência material que atinge a fundo o sujeito em sua corporeidade, de maneira a poder desencadear processos internos e emocionais capazes de influenciar intensamente a experiência de dor, provocando um alívio que geralmente se inicia na sessão e, ao longo do processo, pode vir a se enraizar, de modo mais definitivo, nas novas formas de organização de tais processos”. (NEUBERN, Maurício da Silva, 2014)

Quem se cura é o próprio paciente/cliente que pode alcançar o resultado esperado da mesma forma que uma orquestra sinfônica, composta de diversos instrumentos e diferentes músicos, consegue executar uma harmoniosa melodia quando regida por um bom maestro. Um competente profissional de hipnose pode também ajudar a coordenar as diversas estruturas internas em conflito, extraindo o melhor que existe dentro de cada pessoa em busca do mais perfeito resultado possível.

Conheça o curso de Formação em Hipnose do ISEC: 
http://www.hipnose.com.br


Referências:

CAIRE, Lícia Ferreira. Hipnose em pacientes oncológicos: um estudo psicossomático em pacientes com câncer de próstata. São Paulo: Psico-USF, v. 17, n. 1, p. 153-162, jan/abr 2012.

MARTINS, Francisco; BATISTA, Adalberto. Atos de fala e hipnose. Belo Horizonte: Psicol. rev. 8(11): 92-104, jun. 2002.

NEUBERN, Maurício da Silva. Hipnose como proposta psicoterápica para pessoas com dores crônicas. Curitiba: Psicologia Argumento, nº 77 abril/jun 2014.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

LIDERANÇA INTELIGENTE




Por João Oliveira - Psicólogo (CRP 05/32031) O tema é bastante comum e facilmente qualquer pessoa poderá nos apresentar quais são as qualidades que um líder deve ter para, com eficiência, comandar uma equipe. Claro que o líder só passa a existir quando uma pessoa, ou um grupo, passa a seguir suas orientações. Então, o líder não pode crescer sozinho e, por isso, precisa cuidar de seus liderados para manter seu status. Um líder sem ninguém é apenas uma pessoa com muitas ideias, da mesma forma que um pintor sem tintas e telas. Sabemos também que pairam muitos mitos sobre o que é um líder de fato. O que chamamos de liderança não está de fato relacionado com alguma posição hierárquica ou com uma função exercida pelo profissional na instituição ou meio social. Nos dias atuais, as organizações estão cada vez mais competitivas e cada trabalhador deve ser líder dele mesmo antes de liderar uma equipe, o que implica em autoavaliação e investimento constante em habilidades como inovação, trabalho em equipe, comunicação, relacionamento interpessoal, organização, planejamento, tomada de decisão, negociação etc. A exceção, como nos diz Bennis & Nanus (1988) ocorre principalmente pela existência de, pelo menos, cinco grandes mitos sobre o tema: a) a liderança é um dom raro; b) os líderes são inatos, não feitos; c) são carismáticos; d) só existe liderança no escalão mais alto da organização; e) o líder controla, dirige, estimula, manipula. A liderança não é um dom raro, pois é uma competência que pode ser aprendida. Uma das grandes invenções da modernidade muito comum na PNL, pode ajudar bastante no desenvolvimento da liderança: a modelagem. Podemos assumir um modelo de atuação e implementar em nosso comportamento de forma a replicar o que um bom líder faz. Assim os dois primeiros mitos caem por terra, podemos construir uma liderança através de treinamentos e força de vontade. Também é falho dizer que os líderes são carismáticos. Alguns até são, mas isso não é uma regra de ouro. Muitas vezes quem está no comando pode tomar medidas antipáticas para o bem maior do grupo. Um exemplo claro é a construção de normas éticas de conduta. O quarto item se refere a uma liderança hierárquica e se esquece que, em todos os ambientes, sempre existe alguém que se sobressai e se torna referência mesmo sem uma titulação apropriada. Na escola entre os alunos ou em um bar entre os bêbados, sempre haverá alguém capaz de direcionar outras pessoas. É bom lembrar que nem sempre uma liderança pode estar indicando o caminho certo. Liderança e gestão estão intrinsecamente interligadas. Um líder-gestor se preocupa com a inovação, desenvolvimento, estimula seu grupo, transmite segurança e pensa vários passos à frente. Sempre buscando o melhor possível para todos os seus liderados. Cuidando, inclusive, de suas carreiras dentro da instituição. Seu chefe, não é assim? Então ele não é um líder de fato é apenas alguém que está no poder (ressaltando: Está - no Presente do Indicativo em breve, provavelmente, no Pretérito Perfeito do Indicativo). Esse poder só existe porque alguém confere autoridade a ele. No momento em que essa autoridade desaparecer, pela falta de credibilidade, encerra-se a carreira de mais um ditador.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

ESPELHO RETROVISOR


Por João Oliveira (psicólogo CRP 05/32031)

             
Como uma estrada a vida disponibiliza caminhos que podem apresentar diferentes resultados ao final da jornada. Às vezes, no mesmo trajeto, encontramos alternativas de atalhos ou desvios que nos tiram do rumo principal. O mesmo pode acontecer com certas estruturas de relações que travamos com outras pessoas. Algumas funcionam como placas que indicam direções, outras são barreiras que limitam possibilidades.

Ocorrem encontros que são úteis e outros que podem atrapalhar, prejudicando o andamento do projeto pessoal de vida que cada um de nós deve possuir. Saber descartar essas relações é necessário, da mesma forma que, por vezes, desfazemos de um carro (que ainda funciona bem) para podermos adquirir um modelo mais novo.

Um bom amigo certa vez me disse que devemos quebrar o espelho retrovisor de vez em quando para acelerarmos mais em direção a bandeirada de chegada. Olhar para trás em busca de soluções para fatos ocorridos no passado ou de tentar manter todas as amizades que construímos dando a elas o mesmo espaço e importância que um dia tiveram na nossa caminhada pode criar as chamadas raízes. 

As raízes são perigosas, pois nutrem prendendo as árvores ao chão o que é diferente das âncoras que podem ser içadas a qualquer momento para permitir a navegação de um barco. É bom lembrar que as estradas mudam com o tempo e, muitas pessoas, podem não se encaixar mais no cenário que existe pela frente.

Claro que o passado é importante. No entanto, o futuro deve ser cuidado para que possa acontecer de uma forma plena dentro dos nossos planos. Sacrificar trechos percorridos e amizades que foram construídas como relações saudáveis, também pode ser necessário no momento de se “quebrar o retrovisor”, afinal não há espaço para tanta mobília na sala.

Podemos até nos tornar acumuladores de memórias o que é ruim, pois embaça a visão de futuro. Quem guia um carro olhando somente para as imagens que estão sendo refletidas em seu espelho, com certeza irá colidir com algo na estrada. Dessa forma, muitas experiências do passado, paisagens que vimos pelo caminho até aqui, devem possuir um lugar na memória (com certeza) mas não o foco de atenção na mesma grandeza que um dia possuíram.

De certo que surge um saudosismo que deve trazer também uma necessidade de rever as antigas fotos. Não há nada de errado nisso. Surge o problema quando a doce saudade se transforma em angústia por achar que o melhor lugar está no passado e não nos projetos futuros.

Para aliviar essas possíveis situações existe a técnica da prospecção de cenários. Basta fechar os olhos e tentar se colocar alguns anos à frente com suas questões solucionadas, vasculhando todo o ambiente criado pela sua imaginação, buscando os detalhes, cores, cheiros, temperatura e sempre montando soluções diferentes. O cérebro gosta de fazer isso e o prazer de se ver realizado no futuro traz calma para a mente ansiosa que tenta se refugiar no passado.

Outro modo, caso o passado esteja sempre trazendo péssimas recordações, é trabalhar com a ressignificação de memória. Trata-se de um método de reconstrução do entendimento das memórias. Não se muda o passado, mas, pode-se mudar o que sentimos em relação a ele.

Viver no presente é buscar lidar com o equilíbrio entre os desejos e a realidade, entre o que ainda é um devir e o que já se conquistou. Ocupar a mente com o presente proporciona um encontro consigo mesmo no aqui e agora, que é a melhor possibilidade de construir o futuro e de agregar o valor do passado. O Hoje é uma dádiva.

Claro que a teoria jamais supera a prática. Um protocolo escrito de nada será útil se ninguém o colocar no mundo através de atos comportamentais. O truque aqui é saber a hora de deixar de estocar relações e ter coragem para criar novas e, com isso, abrir caminhos e vislumbrar destinos diferentes.

Não tenha medo de mudar: o que hoje pode parecer uma perda, no futuro pode ser encarado como uma libertação, como o corte da linha que prende o balão de gás. Nenhum avião chegaria ao seu destino final se não deixasse para trás a segurança do solo firme. Pense sobre isso, pelo menos no dia de hoje.

                

O MOMENTO É O PRESENTE




Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)

Às vezes nos pegamos pensando no passado, um tempo onde as coisas certamente eram melhores que hoje ou sobre o futuro, onde poderemos realizar alguns de nossos desejos. Isso é salutar, mas, muitas vezes, deixamos de vivenciar o momento presente que, de verdade, é o único que realmente existe.

Para que possamos começar esse pensamento, gostaria que você pudesse participar de um pequeno experimento (não vai durar nem um minuto) sobre a percepção consciente. Trata-se de uma dinâmica muito simples e fácil de ser realizada por qualquer pessoa que tenha seus sentidos funcionais.

Primeiro, olhe à sua volta prestando atenção aos objetos, a paisagem, ao momento. Tente, apenas por alguns segundos, ouvir o som da própria respiração. Muito bem! Agora, se prepare para fechar os olhos – mas leia o parágrafo até o final antes de fazer isso (claro) – com os olhos já fechados imagine-se na beira de um lago calmo e tranquilo. Na sua mente perceba as cores verdes das árvores e da grama. Olhe, com os olhos da sua criatividade, pássaros e flores multicoloridas que rodeiam o ambiente onde você se colocou em sua mente. Abra os olhos, olhe à sua volta novamente com calma repetindo o ato de tentar ouvir o som da sua respiração e olhando com atenção os objetos e a paisagem e, só depois disso, leia o próximo parágrafo.

Percebeu uma mudança radical na tonalidade das cores e na qualidade da imagem dos objetos e da paisagem? Sem entrar em muitos detalhes técnicos sobre a constância perceptiva e a economia neural, podemos simplesmente falar que: você está mais presente agora porque acalmou os seus ânimos!

O simples fato de se desligar do ambiente temporal e se colocar em uma criação mental, que está fora do sistema, pois não é passado nem futuro, disponibiliza mais recursos cognitivos para um real posicionamento na realidade instantânea. Caso não tenha conseguido o efeito desejado não se preocupe. Depois, com calma, tente novamente não é tão difícil assim.

Ocorre que os mais jovens quase sempre estão se projetando no futuro e antecipando problemas e soluções. Nesse jogo os problemas vencem nas prospecções porque são os mais ativos na memória por um motivo simples que faz parte do evolucionário que faz questão de das privilégios especiais aos momentos ruins,  vamos falar depois sobre isto.

Já os mais idosos se colocam em suas argumentações vivenciando momentos do passado (muitas vezes adulterados pela própria memória) e não conseguem vislumbrar os acontecimentos presentes de uma forma mais prazerosa. Colocando a história vivida em primeiro plano deixando de lado o que resta para viver.

No entanto, voltando aos momentos ruins, eles sempre prevalecem na memória por um processo de preservação da espécie, a natureza prefere manter com muita força as memórias ruins, onde os fatos não foram os melhores possíveis. Isso é fácil de ser explicado: o mesmo erro não deve ser cometido duas vezes, por isso lembre-se de sua falha. Assim, temos mais facilidade em elencar memórias ruins do que as boas.

Juntando tudo isso em um único pacote podemos encontrar mais de mil motivos para privilegiar o presente. Sem essa de selfies como marcadores temporais e conteúdo midiático de redes sociais, devemos apenas viver o momento na sua plenitude. Trazer as emoções ao nível de consciência para serem saboreadas como quem come uma maçã com calma e serenidade.

Não existe segredo: abra os olhos e os sentidos!

O passado já se foi o futuro pode não acontecer só o momento presente é real. Toque, cheire, sinta aproveite a vida de uma forma sensorial sem tentar fugir da realidade que se apresenta a cada segundo. O único momento em que se pode ser feliz é o agora.



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

EXPATRIADOS NA PÁTRIA


Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)


As mídias nos enchem de imagens de refugiados de todas as partes do mundo com sofrimento por não ter um local seguro para viver. São cenas que nos levam a uma reflexão sobre a realidade sangrenta de certos países e do desespero dessas pessoas que, muitas vezes, perdem a vida antes de conseguirem chegar ao local de destino seguro.

Aqui, em terras brasileiras de um povo amigo e acolhedor, tal realidade nos choca ainda mais por ser algo absolutamente incompreensível para nós ver fronteiras se fechando e negando dar refúgio à massa de seres humanos em fuga.

Será isso uma verdade absoluta?

Quando no dia primeiro de maio de 1943 o então presidente Getúlio Vargas assinava o surgimento da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), depois de 13 anos de preparação por renomados juristas, ele tinha um ideal em mente para os habitantes desse país: trabalho para todos. Uma nação de trabalhadores inspirada na Carta Del Lavoro italiana.

Hoje, mais de 70 anos depois desse evento, que ocorreu no Campo de São Januário na Cidade do Rio de Janeiro em um sábado de sol, a verdade de nossa era bate na porta como um marrete com a força de enorme população completamente fora do ambiente do trabalho e, portanto, além do acolhimento dos braços quase gentis da pátria mãe.

Temos, como um reflexo disso, uma violência juvenil nas ruas como nunca antes havia ocorrido em nossas terras. Menores infratores, jovens sem emprego ou formação profissional, que se tornam bandidos violentos e matam trabalhadores de carteira assinada, muitas vezes a troco de quase nada. São eles os nossos refugiados isolados por fronteiras sociais fechadas e sem chance de acolhimento pelo estado?

Nas calçadas encontramos pedintes. Muitos até acreditam que assim eles são por mera opção ou que isso é um estilo de vida resultante da falta de esforço ou vontade de estudar. Pensando assim se alivia uma parte da sociedade da responsabilidade sobre eles, pois transfere para o miserável a culpa pela própria sorte. Seriam esses então os expatriados que vivem em sua própria nação?

Como pequenos trechos de textos retirados de um livro de realismo mágico, nosso dia a dia ferve a face com as rasteiras de uma cinegrafista húngara e nem move o pescoço para a mãe que explora seus filhos sedentos de leite na esquina, bem embaixo do sinal de trânsito. A universalidade pregada em 1988 com a nova constituição ficou “no mundo”, porque está grafada em papel, mas de fato apenas na imaginação do escriba, porque não ganhou as ruas nem as mentes éticas.

Atirar pedras é fácil! Apontar as falhas e não apresentar soluções é o mesmo que criticar o outro apenas com difamatórias intenções. Não é verdade?

Pode até ser. No entanto, a solução já está posta e não precisamos de uma nova apresentação: basta cumprirmos. De leis e normas regulamentadoras estamos cheios, são 922 artigos na CLT e 36 NRs que surgiram desde 1978 afim de corrigir o universo de cuidados com o trabalhador formal. Quatro ministérios voltados quase exclusivamente para a classe produtiva, enquanto quem está fora desse ambiente, por não ser produtivo e legalizado, permanecerá além da fronteira e do abrigo, que só existe de fato, para os reais cidadãos regularizados nesse pais.

A educação das salas de aula sempre é o melhor caminho em todos níveis. Aos que não tiveram essa oportunidade, por um motivo ou outro, e hoje margeiam as avenidas dormindo sob viadutos, poderiam receber apenas o mesmo lugar de amparo que seria dado a um refugiado qualquer, que ao cruzar o oceano em busca de refúgio, viesse aportar em nossas areias. Verdade é que não há como se preocupar com sofrimento além-mar se o frio agride brasileiros em nossas calçadas nas grandes cidades.

E se a desculpa para o retardo das ações é a crise que enfrentamos, então estamos perdidos para todo o sempre. Ainda ouço as palavras de meu pai na década de 60 preparando o pequeno Joãozinho (pouco mais de seis anos) para a crise que o Brasil enfrentava. Pode ser engando meu, mas até hoje não saímos dela, pois todos os anos, ainda sou alertado para agir com cautela, afinal, estamos em crise.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

MENTOR E A ALMA

Por João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)

Mentor olhou pela pequena janela da estalagem percebeu que esse não seria um bom dia para continuar a jornada em busca de Ulisses, desaparecido desde que partiu para a Guerra de Troia. Chovia e estava mais frio que no último inverno. Já se passaram três anos e eles ainda não tinham nenhuma informação do paradeiro de seu rei.

Telêmaco, filho de Ulisses, ainda dormia profundamente quando ele ouviu uma voz feminina mais grave, vinda do fundo do quarto. Não tinha dúvidas, era Palas Atena, a deusa da sabedoria, que mais uma vez surgia para lhe dar orientações.

- Oh! Senhora da sabedoria, mostrai-me o caminho do conhecimento. – Ao dizer isso, Mentor abaixou a cabeça numa forma de profunda reverência a deusa.

- Olhe para mim Mentor. Hoje vim lhe falar sobre as almas dos homens.

- Sim, minha senhora.

- O que sabe sobre as almas? – Questionou Palas Atena.

- Que sempre retornam ao lar, como nós querendo voltar para Ítaca. Existe uma saudade interna em todas as almas: elas querem voltar para o lar dos deuses.

- Sim, isso é verdade. Mas sobre bondade, ética, honestidade... como são as almas?

- São puras, minha senhora. Como o papel que vem do oriente carregam nesse mundo o que neles é escrito. Não são as almas boas ou más, os homens que as carregam é que moldam escrevendo sobre elas da mesma forma que fazem com o papel que vem ao mundo sem nada grafado.

O silêncio se fez presente no quarto naquele momento. Mentor continuava de cabeça abaixada como se quisesse evitar o brilho claro que emanava daquela presença divina.

- Disse-o bem Mentor. Por isso é um dos meus mais amados protegidos na Terra. No entanto, se esquece que existem papeis feitos de diferentes materiais: alguns são feitos de lascas de madeiras, outros de restos de tecido, alguns são mais leves, outros mais ásperos. Diferentes matérias primas formam diferentes tipos de texturas no papel.

O brilho aumentou de tal forma que Telêmaco despertou, mas, continuou de olhos fechados para não interferir na conversa de Pallas com Mentor. Assim, a deusa Pallas continuou sua argumentação:

- O papel guarda um pouco da essência de sua forma original e, por mais que sejam diferentes conteúdos escritos sobre ele, as pessoas poderão ter maior ou menor dificuldade de entender devido ao seu formato e cor. Assim também são as almas: elas já vêm ao mundo com uma estrutura, mesmo que pálida, pré-definida.

- E quem define como será a personalidade de uma alma?

- Os deuses Mentor, os deuses. Cada uma delas deve ter um tipo de missão. Uma produção que deve ser elevada do mundo das ideias para o mundo das pessoas. Quanto mais produções mais próximas as almas estarão de seu retorno ao mundo dos deuses pela última vez.

- Como nós, se acharmos Ulisses poderemos voltar vitoriosos para Ítaca ao lado de nosso rei?

- Como vocês se souberem imprimir boas palavras nos papéis em branco que encontrarem pela jornada.

Dito isso, Pallas desapareceu no ar deixando um forte cheiro de flores no quarto. Um lembrete que o inverno logo estaria indo embora e a primavera iria surgir. Telêmaco ainda atordoado pelo sono perguntou:

- Mentor, e como uma alma pode ter consciência de seu real papel? Como ela pode conseguir isso?

Mentor levanta a cabeça e olha com tristeza nos olhos do jovem Telêmaco dizendo:

- Se não forem tocados pelas deidades diretamente como nós, Telêmaco, elas nunca saberão. Provavelmente é justamente isso que torna valioso o livre arbítrio: ser capaz de escolher o que não se pode saber. Ser capaz ver as reais intenções da própria alma.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A POTÊNCIA MAIOR



Por João Oliveira – Psicólogo (CRP 05/32031)

                Do alto da mais alta nuvem, naquele céu de agosto, duas entidades conversavam:

- Olhando assim não me parece muito promissor mesmo, acho que é hora de tentar recomeçar o processo.

- Não é tão ruim assim, na minha opinião o único problema são os buracos do pescoço para cima e a relação com a potência maior.

- E do pescoço para baixo?

- Nem se preocupe: só reverberam o que foi decidido pelos buracos superiores.
                Uma das divinas criaturas se levanta e caminha sobre a branca nuvem que parecia um lençol de cetim.

- Sete buracos acima do pescoço! Pode contar.

- Acho que alguns são maiores (e mais relevantes) que outros...

- É por causa da função. Mas veja bem, esses sete, que estão acima do pescoço são os mais perigosos.

- Assim você me faz rir. Os dois que estão abaixo da cintura é que geram todo o problema.

                Um raio surge, rapidamente, de cada olho da entidade que caminhava.

- O que você não entende? São nove buracos que comandam quem deveria comandar! – Gritou furiosa a criatura da outra dimensão.

- Não entendo mesmo que uma potência tão fabulosa como a que existe em cada corpo seja escrava de buracos, sejam elas acima do pescoço ou abaixo da cintura. Isso não pode ser o foco de nossa discussão. Temos assuntos mais relevantes para tratar.

- Não é o assunto mais relevante! O que está criando toda confusão é que você mantém a potência maior adormecida. Assim ela não controla os buracos e torna essa era infernal. Eles não sabem o valor da potência maior. Os nove buracos mandam no corpo.

- Tudo bem! – Falou calmamente a criatura que estava sentada fazendo pequenas bolas com as frágeis nuvens ao seu redor – Por favor me coloque o seu ponto de vista antes que eu libere uma destruição e comece todo nosso jogo outra vez. Aliás, já se passaram os 432.000 anos.

- Não pelo calendário Juliano. Por ele você só têm 5.000 anos de existência e comando nessa era! Aliás, você sabe muito bem que nasceu à meia-noite em 18 de fevereiro de 3102 a.C. não é? Deixe-me te explicar uma coisa Kali,  essa era pode ser sua, mas, eles podem ter alguma chance. Afinal, todos têm a nossa imagem e semelhança. Basta que você me deixe liberar um pouco (só um pouquinho) da potência maior e explicar para eles como funciona sem entrar em um confronto direto com você.

-  Kalki meu amigo, você ainda terá de nascer entre eles e ser reconhecido como avatar para, só então, me enfrentar. Está escrito!

- Eu sei, eu sei... Mas lembre-se que, pelas escrituras, eu te destruo no futuro. Isso será mesmo necessário? Sabe, não suporto vê-los assim. Grande capacidade e tudo perdido por causa de buracos.. buracos...

- Você ia me explicar...

- Sim, desculpe! A potência maior está aprisionada diante do fluxo que entra pelos buracos do corpo sem serem devidamente apurados. Para começar temos a boca que perdeu sua função completamente. Ela deveria ser útil para alimentação e comunicação, hoje se transformou em elemento de captação de prazer nos dois sentidos. Sorve químicas e comunica asneiras.

- Concordo! – Falou Kali.

- Os dois ouvidos! Eles não escolhem no que devem prestar atenção e inundam a potência maior de informações sem nenhuma qualidade criando confusões nas interpretações. Muita bobagem ao mesmo tempo.

- Concordo também! – Disse Kali mais uma vez e Kalki continua.

- Os dois buracos do nariz nem causam tanto problema, mas se juntam a boca no quesito busca de prazer pois, estão interligados para ampliar o sabor das químicas.

- Está quase acabando seu tempo!

- E, os dois piores que estão acima do pescoço: os olhos!

- Realmente esses buracos são poderosos.

- Eles acreditam em tudo que é captado por eles! As ilusões do mundo entram como verdade e as tentações são simplesmente assimiladas como se fossem necessárias para a existência. A potência maior não tem tempo para coordenar o volume de imagens desnecessárias.

- Isso mesmo! Concordo com tudo que disse – balançou a cabeça Kali – Mas, me diga sobre os dois buracos que estão abaixo da cintura. Eles são os que realmente criam os problemas.

- Kali, devo seu sincero com você. O que ocorre com os dois buracos abaixo da cintura, na verdade, é apenas uma consequência do que se passou lá no alto, acima do pescoço. Não vou colocar na conta o que esses dois fazem ou deixam de fazer. Não vou punir ninguém pelo uso ou desuso.

- E o excesso?

- Não são buracos por onde entram informações para tomada de decisão. Eles já estão envolvidos no que a potência maior, certo ou erradamente, decidiu: estão na ponta do processo e não no início.

- Então, em sua opinião o que devemos fazer?

- Deixe-me liberar o poder da potência maior.

- Quem disse que ela está presa Kalki? Ela está plenamente solta e sendo amplamente usada. Apenas não me culpe pelas escolhas que eles fazem. Tudo é apenas uma questão de escolhas. Vamos fazer um trato?

- O que pretende?


- Tenho dois outros mundos que Brahma acabou de construir, vamos lá olhar com cuidado desde o início e ver como uma Yuga se forma. Lembre-se caro amigo... são apenas eras, nós somos eternos.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

ÁRVORE, LIVRO E FILHO





Por João Oliveira  (Psicólogo CRP 05/32031)


            Todos conhecem o antigo dito da sabedoria popular que, na vida, é necessário plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. O problema é que o mais difícil é cuidar da árvore até que ela cresça e fique forte, achar uma editora para lançar o seu livro e encaminhar o filho até, pelo menos, uma faculdade.

            Os tempos mudaram. O que seria necessário hoje para termos uma vida plena e produtiva?
           
            O mundo mudou muito em vários aspectos e podemos perceber que nem todos desejam o mesmo perfil de sucesso em sua existência. Alguns, por motivos próprios, possuem aspirações bem particulares que não podem ser simplificadas em um dito popular. Agrupados de forma aleatória na sociedade, essas pequenas fatias de nosso espectro social podem ter motivações bem diversas.

            Os jovens Nerds, por exemplo, podem estar pretendendo seguir outra linha de realizações. Talvez uma como essa aqui: “Para ter realmente sucesso na vida é necessário: escrever um software, distribuir um vírus global e ter um blog com um milhão de seguidores.”

            Já os Nerds mais antigos, na faixa dos 40 ou 50 anos, devem pensar de outra forma: “ O sucesso está em: participar como extra numa filmagem de Guerra Nas Estrelas, conversar com Stephen Hawking e dormir, pelo menos uma noite, na ISS.

            Claro que também existem os completamente avessos a esse ambiente e, alguns, com o perfil mais bicho grilo devem pretender: “ Ter uma fazenda no Uruguai, construir um gerador de energia limpa e ser dono de um sebo em Paris. ”

             Ocorre que a realização é algo muito particular e não pode ser rotulada para todos apenas com base em nossos ideais. Nem todos querem cofres cheios ou muito poder, da mesma forma que, muitas pessoas, jamais irão escrever um livro apenas por não gostarem de expor seus pensamentos. Não existe um modelo mais certo.

            O que seria para você ter uma vida feliz e produtiva?

            Algumas mulheres se tornam inteiramente realizadas ao terem filhos, outras preferem uma vida profissional com agendas lotadas. Alguns homens se matam de trabalhar todos os dias sem jamais tirarem férias, enquanto outros preferem pintar quadros quando surge a inspiração.

            Quem está mais certo?

            Não existe certo ou errado em nossas escolhas pessoais. Não há um livro de regras sobre como devemos conduzir nossas vidas. Apenas devemos respeitar uma única lei – rigorosa – que deve reinar sobre todos nós: ser feliz!

            Paute suas escolhas para obtenção da felicidade pessoal fazendo antes uma breve prospecção de futuro. Qual será o resultado (ou resultados) dessa escolha? Isso pode ferir alguém ou causar problemas a longo prazo? Terei condições emocionais de suportar ser feliz de modo pleno?

            Embora todos desejem a felicidade, nem todos estão preparados para serem realmente proprietários dessa tal felicidade. Isso se dá porque, a realização é pessoal e única. No entorno desse sujeito pode haver pessoas amadas que fizeram outras escolhas e não obtiveram os resultados esperados. Assim, muitas vezes, pode surgir o remorso no lugar da felicidade.

            Então, para equilibrar o jogo vamos elaborar uma construção mais simplificada: “ Para se ter uma vida plena e produtiva é necessário: ser responsável pelas suas escolhas, saber acolher a felicidade e servir de exemplo para quem o mesmo desejar. ”

            Faça suas escolhas e seja feliz plenamente.

            

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

THE MAN THREW BOTTLES TO THE SEA



By Beatriz Acampora - Psychologist 

In a humble community a man was expert fabricate ceramics. He worked well the clay, gave unusual shapes and led to the oven at high temperatures so that they consolidate and stay totally waterproof. Her ceramics were known in the neighborhood as last long and could be washed or stay under water.

This man also enjoyed walking in a pirambeira which was a few kilometers from the community where he lived. There he just looked down and watched the movement of the waves and the noise they made. I felt absolute peace and was sure that if I closed my eyes feel that the sea was talking to him.

One day, looking at the beautiful scenery and possession of a ceramic pot with cork lid that had done to serve you water site, he had the idea to write something and put into the bottle to throw overboard. He took a piece of a banana leaf that was near and wrote a simple sentence. He emptied his pot, put the cork to seal well and hoped the retreat waves to play the pot to the sea.

I thought maybe someone, somewhere far away, could read those words. It felt good to do this and went home to do more pots that could be thrown overboard. He was married and had two children. His family questioned why so much excitement in doing the same pots every day. And he explained that felt good to play pots overboard with words he himself wrote in a banana leaf.

At home no one gave value to the fact. After all, he was spending time and materials that should be used to support the family. His children criticized him and nicknamed him "shooter pots". The man was undeterred and the end of time had made 30 pots, written phrases in banana leaves and thrown overboard. These were the only 30 pots that he did and threw overboard.

In his passion for the ocean, the man invited his family for boating. And in the middle of the tour the boat had a serious mechanical failure and sank. With the exception of his eldest son, all they submerged with the vessel. In an attempt to save, the only survivor struggled until he saw one of the bottles that his father had thrown overboard floating. It was a small bottle, but he clung to it with all his will to live. He spent some time floating and taking the bottle as your guide, until he saw an island and with great effort swam to her.

Once arrived on the island, much mourned the loss of his family and, after much whining, looking at the bottle, he thought: "This bottle saved my life. What do you have in it? " He opened the bottle and came across a piece of banana leaf a little aged, on which was written: "Happiness must be lived, even though it may not be shared."

And it was then that he understood that his father was not a "shooter pots" but a sower of words. Some of these pots, most likely, were found by people who had the opportunity to taste words and reflect on life. Others must still be floating somewhere in the ocean and, who knows, you may even be lucky enough to find one.

Although many words have already been placed, it is necessary to rescue them in the ocean of life. After all, the whirlwind of information of the times, they hide many bottles with his valuable teachings. We need to align the way to seize them.

O HOMEM QUE ATIRAVA GARRAFAS AO MAR



Por Beatriz Acampora – Psicóloga – CRP 05/32030

Em uma comunidade humilde um homem era especialista em confeccionar cerâmicas. Ele trabalhava bem o barro, dava formatos inusitados e levava ao forno com altas temperaturas para que se consolidasse e ficasse totalmente impermeável. Suas cerâmicas eram conhecidas nas redondezas, pois duravam muito e podiam ser lavadas ou ficar sob a água.

Este homem também gostava de passear em uma pirambeira que ficava a alguns quilômetros da comunidade onde morava. Lá ele apenas olhava para baixo e observava o movimento das ondas e o barulho que elas faziam. Sentia uma paz absoluta e tinha a certeza que se fechasse os olhos sentiria que o mar conversava com ele. 

Um dia, olhando a bela paisagem e de posse de um pote de cerâmica com tampa de rolha que havia feito para lhe servir de canteiro de água, teve a ideia de escrever algo e colocar dentro da garrafa para atirar ao mar. Pegou um pedaço de uma folha de bananeira que estava perto e escreveu uma frase singela. Esvaziou seu pote, colocou a rolha para selar bem e esperou as ondas recuarem para jogar o pote ao mar. 

Pensava que talvez, alguém, em algum lugar longe dali, poderia ler aquelas palavras. Se sentiu bem ao fazer isso e foi para casa para fazer mais potes que pudessem ser jogados ao mar. Ele era casado e tinha dois filhos. Sua família questionava o porquê de tanta empolgação em fazer os mesmos potes dia após dia. E ele explicou que se sentia bem ao jogar os potes ao mar com palavras que ele mesmo escrevia em folha de bananeira.

Em casa ninguém deu valor para o fato. Afinal, ele estava gastando material e tempo que deveriam ser usados para o sustento da família. Seus filhos o criticavam e o apelidaram de “atirador de potes”.  O homem não se intimidou e ao final de algum tempo havia feito 30 potes, escrito frases em folhas de bananeira e jogado ao mar. Esses foram os únicos 30 potes que ele fez e jogou ao mar.

Em sua paixão pelo oceano, o homem convidou sua família para passear de barco. E no meio do passeio o barco apresentou uma séria falha mecânica e afundou. Com exceção de seu filho mais velho, todos submergiram junto com a embarcação. Na tentativa de se salvar, o único sobrevivente se debatia, até que viu uma das garrafas que seu pai havia atirado ao mar boiando. Era uma garrafa pequena, mas ele se agarrou a ela com toda sua vontade de viver. Ficou algum tempo boiando e tendo a garrafa como seu guia, até que avistou uma ilha e com muito esforço nadou até ela. 

Logo que chegou à ilha, chorou muito a perda de sua família e, depois de muito se lamentar, olhando para a garrafa, pensou: “Essa garrafa salvou minha vida. O que será que tem dentro dela”? Abriu a garrafa e se deparou com um pedaço de folha de bananeira um pouco envelhecido, no qual estava escrito: “A felicidade deve ser vivida, mesmo que não possa ser compartilhada”.

E foi então, que ele entendeu que seu pai não era um “atirador de potes”, mas um semeador de palavras. Alguns desses potes, muito provavelmente, foram encontrados por pessoas que tiveram a oportunidade de degustar palavras e refletir sobre a vida. Outros, ainda devem estar boiando em algum lugar do oceano e, quem sabe, você ainda poderá ter a sorte de encontrar um deles.

Embora muitas palavras já estejam colocadas, é preciso resgatá-las no oceano da vida. Afinal, o turbilhão de informações dos tempos atuais, escondem muitas garrafas com seus valiosos ensinamentos. É preciso alinhar os sentidos para apreendê-las.

THE WALL



 By João Oliveira Psychologist 

There was one wall. Actually it existed and exists since man was created. Overhead is that citizen who is always on the fence and chewing his doubts, he looked at two distinct characters one on each side of the wall.

On the right was God (yes Himself) with arms outstretched toward the subject and calling him all the time: - "Come child! Salta toward my hand, here will give you support, welcome. Come close to me my son! "
Already on the left side of the wall was in the Devil strangely quiet. Sitting in a rocking chair with a blanket over his legs, the devil was reading a newspaper and smoking a pipe or upward looking.

The citizen made a quick analysis: - "Well, if the devil does not try to call me is because he is absolutely convinced that their side is the best. God is calling me every minute, this must be a sign of insecurity, for its part must be much worse. "

After this thought the citizen, who has always been on the fence, jumped toward the Devil. Getting there discovered the obvious: boilers, skewers, moaning souls, a hellish heat (of course) and much suffering.

Disgusted with his bad decision went to a private individual site owner - "Your Devil, did not understand anything, why was not calling me just as God?" The Devil immediately answered: - "And because I call someone that is already within my territory? "

It turns out that those who do not make decisions, who is on the fence no say in anything in life, is already in hell. Shirk responsibility to take any position, believing that this will save you from conflicts, ends up creating something much worse is the growing impossibility.

On a road there are several corners where should we go on our journey of life. Many are the times to leave the straight line is even necessary to claim our rights. Even happiness, to be lived, may require a drastic change and a serious decision making.

If you omit everything is not wise. Believe that this makes it immune to the effects that can result from a result or another is nonsense. Best would be to analyze situations, choose a course of action and, if everything was downhill, start over with new choices.

Look around and see where this act leaving only because he fears hear contrary positions. The criticism will always exist and people are already talking bad about you for any reason, particularly if you take no advantage of anything in his life.

Even in the Bible it is clear: "I know your deeds, know that you are neither cold nor hot. Best would be that you were cold or hot! So because you are lukewarm-neither hot nor cold, I am about to spit you out of my mouth. " (Revelation 3: 15-16)

Decisions are not only important, they are necessary. Participate in the movement that generates results makes us productive, only reason to be here.

O MURO



Por João Oliveira (Psicólogo CRP 05/32031)

Existia aquele muro. Na verdade, existiu e existe desde que o homem foi criado. Lá no alto está aquele cidadão que sempre fica em cima do muro e ruminando suas dúvidas, ele olhava dois personagens distintos um em cada lado do muro.

Do lado direito estava Deus (sim Ele mesmo) com os braços estendidos em direção ao sujeito e o chamando todo o tempo: - “Vem filho! Salta em direção ao meu lado, aqui lhe darei apoio, acolhimento. Vem para perto de mim filho meu!”
Já do lado esquerdo do muro se encontrava o Diabo estranhamente quieto. Sentado em uma cadeira de balanço com um agasalho sobre as pernas, o Diabo lia algum jornal fumando um cachimbo e nem para o alto olhava.

O cidadão fez uma análise rápida: - “Ora, se o Diabo não se esforça em me chamar é porque está absolutamente convicto que seu lado é o melhor. Deus esta me chamando a cada minuto, isso deve ser sinal de insegurança, pois, seu lado deve ser bem pior.”

Após este pensamento o cidadão, que sempre esteve em cima do muro, pulou na direção do Diabo. Lá chegando descobriu o óbvio: caldeiras, espetos, almas gemendo, um calor infernal (lógico) e muito sofrimento.

Desgostoso com sua péssima decisão foi ter um particular com o proprietário do local: - “Seu Diabo, não entendi nada, por que não ficou me chamando do mesmo jeito que Deus?” O Diabo imediatamente lhe respondeu: - “E porque eu chamaria alguém que já está dentro do meu território?”

Ocorre que quem não toma decisões, aquele que fica em cima do muro sem opinar em nada na vida, já está no inferno. Fugir da responsabilidade de assumir uma posição qualquer, acreditando que isso vai lhe poupar de conflitos, acaba gerando algo muito pior que é a impossibilidade de crescimento. 

Em uma estrada existem várias esquinas por onde devemos passar em nossa trajetória de vida. Muitos são os momentos que sair da linha reta é necessário até mesmo para reivindicar nossos direitos. Mesmo a felicidade, para ser vivida, pode necessitar de uma drástica mudança e uma séria tomada de decisão.

Se omitir em tudo não é sábio. Acreditar que isso o torna imune aos efeitos que podem advir de um resultado ou outro é um absurdo. Melhor seria analisar as situações, optar por uma linha de ação e, caso tudo fosse por água abaixo, recomeçar com novas escolhas.

Olhe à sua volta e veja onde esta deixando de atuar apenas porque teme ouvir posicionamentos contrários. As críticas sempre existirão e as pessoas já estão falando mal de você por algum motivo, principalmente se você não toma partido de nada em sua vida.

Até mesmo na Bíblia isto está bem claro: “Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. (Apocalipse 3:15-16)

Decisões não são apenas importantes, elas são necessárias. Participar do movimento que gera resultado nos torna produtivo, única razão para estar aqui.


ISEC -  Conheça nossa página na internet http://www.isec.psc.br

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

WHEN SHE COMES




By João Oliveira - Brazilian Psychologist

When the Knight stopped at the top of the mountain all over the city could see the brilliance of his Red Horse and bow in his hands announced who he was and his power.

-Where is she? Said to meet us here didn't you? – Asked one of the two other knights who accompanied him.

You well know that she soon more does not fail – said that the Knight mounted on a beautiful white horse smiled.

-I know I'm going to bother you with my mind, but I think you should have eaten more of that stew for dinner ... I'm feeling – and the black horse rider was interrupted by the other two.

-We already know: hunger.

-You're not something else – said the rider holding a jar mounted on his white horse.

-Good! We can't just sit here, if it's not I'm going to go down and work this with my power. Look, just look at me are already intimidated. I will destroy everything and we can go back to our well-deserved rest.

It's not War, I'm the one who can destroy any faster. My scale of inequality will turn them all into hungry in a few days. Will be faster and less noisy than you. – Said hunger in his black horse.

-You don't even know who you are. Am I that I can annihilate everyone with my lethal virus. My name is and I have, here in this jar, the most dangerous diseases in the world.

-Stop! -Shouted a man who was under the mountain – please wait the fourth Horseman, not come down without it. Please!

-How? – Asked hunger – why would we do that?

Because the apocalypse is annihilation and the three of you only bring suffering, but never the extermination. Without death, pestilence, war and famine only generate torment and pain, but never will end. Only death can do that.

-He's right, "said hunger – that's why she gets here on time and often comes alone. Releasing people without suffering some.

-Shut up Hunger-said the plague – Well you know that she's the only one who can operate on us.

-So – questioned the War-Someone to go back and eat some more of that stew while we wait for the star of the party to arrive?