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domingo, 10 de março de 2013

O Elefante e o Coelho




O mágico colocou a cartola sobre a mesa, com a boca virada para cima, e gritou: – “Alakazan!”. Um silêncio imperou no auditório, a expectativa era grande, pois o anunciado é que, desta minúscula cartola, sairiam um enorme elefante e um pequeno coelho. Mas, nada ocorreu. O mágico, desolado, pediu desculpas e, sob vaias, deixou o palco.

No camarim, cabisbaixo, ouve uma voz que vem do fundo da cartola:

– “Ei, psit, senhor mágico, está me ouvindo?”

O mágico responde:

- “Quem está falando?” 

- “Calma! – diz a voz – Sou eu, o elefante... tudo bem?”

- “Claro que não! – responde o mágico – Vocês me fizeram passar o maior fiasco, o que houve que não saíram da cartola?”

- “Bom, – fala o elefante – o coelho anda meio deprimido, e, sabe como é, eu não ia sair sozinho da cartola, o show não seria completo!

- “O que aconteceu com o coelho? – pergunta o mágico nervoso – Ele está vivo?”

- “É, até está, – diz o elefante – mas muito mal, ele anda meio deprimido, você poderia nos ajudar se comprasse uma televisão 42 polegadas de leds e um desses vídeo games possantes, acho que o coelho iria se animar.”

O mágico comprou a maior TV de leds que encontrou e um vídeo game XBOX 360, com muitos jogos divertidos. Enfiou tudo na cartola.

A noite estava quente, mais de 200 pessoas na plateia, o show estava apenas começando. Todos esperavam a saída triunfal do elefante e do coelho da cartola. O mágico grita a palavra que já conhecemos e, mais uma vez, nada acontece. Grita nervoso novamente: - “Alakazan!”. Desta vez o público não tem paciência, tudo que podia ser atirado ao palco atingiu o mágico: tomates, ovos, pedras e até cadeiras.

No camarim ele se revolta:

- “Por que vocês não saíram da cartola?”

- “Sabe o que acontece, – diz o elefante – o coelho não encontra espaço vital depois que a televisão chegou, ela é muito grande e a cartola pequena. Acho que o senhor deveria comprar uma cartola maior”.

O mágico comprou a cartola maior, transferiu todos os pertences de uma para outra. Agora, tudo parecia certo. O novo show estava pronto. Multidão se acotovelava na porta do teatro. Mais de mil pessoas pagaram ingressos. O espetáculo vai começar.

O grito do mágico assusta as crianças: - “ ALAKAZAAAAAAAN!”. Ecoa o silêncio no ambiente – “ALAKAZAAAAAN !” Repete em desespero. E, mais uma vez, nada ocorre. O mágico já estava abaixando a cabeça e se escondendo atrás da capa quando surge a tromba do elefante saindo, timidamente da cartola. Como um periscópio ela se move apontando na direção da plateia para, subitamente, em um movimento rápido recuar, como quem toma um susto, vira em 180 º e sua ponta foca no mágico:

- “Casa cheia hoje hein?” – fala em tom macio.

- “Temos mais de mil pessoas hoje no teatro, por favor, saiam da cartola!”

- “Pois é – diz o elefante – Seria um mau momento para conversamos sobre participação nos lucros?”

Moral da história: “Dê a mão, e eles lhe arrancarão os braços”!

O que podemos tirar deste pensamento é que o contrato, termos contratuais, devem ser explícitos e confirmados pelas partes. Mesmo quando começamos uma relação profissional com pessoas com quem mantemos laços espetaculares devemos pensar em colocar, no papel, o que pretendemos no futuro sobre a produção que estar por vir.

No início tudo pode ser maravilhoso e a situação pode influenciar numa relação participativa harmoniosa. No entanto, o tempo e o resultado do trabalho podem alterar a percepção inicial. Por isso, o papel (contrato) pode nortear as querências futuras.

Os problemas que surgem durante o desenrolar de uma parceria são mais comuns do que imaginamos e, muitas vezes, o sucesso de uma empresa pode ser prejudicado por má distribuição de deveres e obrigações no início do processo. A questão da retirada de lucros nem é o ponto mais importante nos atritos, mas o que se faz para que o resultado ocorra. 

A parte intelectual do processo, o investimento, a força produtiva e, caso exista, distribuição e venda quase sempre disputam a relevância pelo sucesso. Para que isto não se torne um problema futuro deve-se montar um claro texto onde, todos envolvidos saibam exatamente o que lhes é devido.

Pode-se, ainda, colocar um item valioso neste texto, o distrato. Onde já devem ficar acordado, pelas partes, motivos para a extinção do vínculo originado do contrato, a condição gatilho para que o processo tenha uma interrupção, caso algo saia errado. Assim não haverá maior desgaste.

Bom para o coelho que, em nenhum momento, se manifestou para solicitar melhorias em sua relação e que, pelo visto, sempre teve vantagens dentro desta montagem. Pior para quem se achava mágico capaz de controlar, apenas pela palavra, toda situação.

A verdade é que, de elefante, todos nós temos um pouco: sempre querendo mais do universo.

Ainda bem!


  

Este texto foi publicado na Revista Psique número 85 no espaço de RH.


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João Oliveira no Programa Rio Melhor Idade - CNT - Com Cristiane Brasil



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terça-feira, 5 de março de 2013

ATIVIDADE DESLOCADA

 

         
         Por Prof. Msc. João Oliveira

        

         Segundo o biólogo inglês Desmond Morris em seu livro de 1967, “O Macaco Nu”, podemos observar um perfil comportamental nos animais que pode ajudar a explicar algumas situações no ambiente humano. Trata-se da Atividade Deslocada: atitudes estranhas e sem nenhum propósito prático que ocorrem em momentos de grande estresse ou pressão. Funciona como uma válvula de escape para a energia que está sendo reprimida e o animal adota comportamentos que não tem nenhuma ligação com o que de fato está ocorrendo a sua volta.

            Às vezes, quando prestes a entrar em um combate, diante de um oponente mais forte, o animal pode intercalar os gestos de ameaça com movimentos alimentares, como se estivesse comendo algo invisível, ou ainda se coçar ou limpar os pelos. Algumas espécies chegam a montar abrigos imaginários no ar ou caem no sono repentinamente para logo a seguir voltar à posição de defesa ou ataque. Estes movimentos deslocados, que não possuem nenhuma função de ordem real, são atitudes do animal que se julga vencido no embate. Na verdade o máximo que podemos observar é a total paralisação de todo e qualquer movimento, colocando o animal ameaçado, em uma total inércia diante de seu opositor. Diante deste quadro, geralmente o rival cessa sua agressão e se dá como vencedor da disputa.

            Como isso ocorre em humanos?

            Podemos perceber que, quando em estado de ansiedade, desconforto, medo ou insegurança, o sujeito pode exibir o mesmo modelo de atividades deslocadas. São movimentos comportamentais sem nenhuma praticidade como: olhar o relógio repetidas vezes, se coçar, balançar os pés, mexer nas pulseiras e, hoje com a modernidade, explorar funções no celular. Além se servir como elemento de saída para a energia acumulada também funciona como estado dissociativo, retirando o sujeito, mentalmente, da área de confronto onde está colocado.

            O grande problema começa quando o último estágio, ou o mais poderoso deles, se torna real na vida de uma pessoa: a inatividade completa. Um recurso extremo para solucionar a evitação ao confronto. Óbvio que não estamos nos referindo a um combate físico e sim a luta diária pela sobrevivência. Aliás fizemos bem essa adaptação para nossos dias, tanto que falamos: -“Vou a luta!” , quando queremos dizer que estamos indo trabalhar. Essa substituição muito tem a ver com as antigas disputas por territórios entre nossos antepassados mais distantes. Então, diante de situações onde nosso sistema de defesa se encontra esgotado, o metabolismo pode se valer de uma “saída”  emergencial para retirar o corpo do elemento estressante: o sintoma/doença.

            O mecanismo parece ser o mesmo que ocorre nos primatas menos evoluídos, mas é interessante observar que, para cada tipo de confronto (trabalho) existe um perfil diferente de sintoma, que podemos considerar como uma atividade deslocada de último nível. O exemplo é que, quem trabalha com a voz, poderá desenvolver algum sintoma que o impeça de falar ou cantar. No entanto esse sintoma dificilmente irá ocorrer em um lutador de boxe, pois ele não depende da voz para atuar em seu ramo profissional. Neste caso a maior incidência é de doenças de pele. Cabe-nos observar com maior atenção o surgimento destas “Atividades Deslocadas” logo no inicio, antes de tornarem sintomas e, vale lembrar, que a doença psicossomática não é menor em sofrimento para o sujeito. Penso que, no futuro poderemos prevenir o surgimento de doenças que possam limitar o sujeito em seu esforço produtivo, se conseguirmos identificar, com acuidade, o comportamento deslocado persistente.

            Sintomas comuns como alergias, disfunções fisiológicas, cefaleias ou até mesmo TOCs, podem ser resultado de uma “Atividade Deslocada” não percebida em seus momentos iniciais que, por ser desconhecida do sujeito, foi migrando e ampliando até um ponto culminante de colocá-lo na inércia de fuga através do sintoma manifesto.

            Isto não significa que toda “Atividade Deslocada” deve gerar um sintoma futuro mas, a observação da quantidade de ocorrências, como as descritas aqui, pode nos indicar que algo precisa mudar para evitarmos danos posteriores. Lembrando sempre das palavras de  John Milton:  "A mente não deve ser modificada pelo tempo e pelo lugar. A mente é o seu próprio lugar e, dentro de si, pode fazer um inferno do céu e do céu um inferno." 

            Quem escolhe sou eu, e você mesmo!


       
           
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

MEDO REAÇÃO DEFESA




Por. Prof. Msc. João Oliveira

                Muitos problemas de relacionamento podem ser explicados se estivermos diante de uma pessoa que teve uma história de rejeição em sua vida. Ocorre que o sistema de defesa da estrutura psíquica do sujeito acaba por criar regras de conduta que o impedem de se entregar realmente a um compromisso para evitar uma nova perda. Ou seja, com medo de perder nem chega realmente a possuir algo. Quando se percebe gostando de alguém, ele rapidamente dá um jeito de sabotar a relação, neste caso o sofrimento é controlado e fica menor do que se tivesse totalmente envolvido com a outra pessoa.

                Lendo isto em um parágrafo apenas nos dá a impressão de que se trata de um problema muito simples e fácil de ser resolvido: não é!

                Para começar existem outras vertentes: emprego, família, bens materiais, amigos e toda e qualquer coisa que possa lhe trazer alguma satisfação ou apego. O sistema de defesa impede que o prazer seja prolongado sempre baseado na mesma premissa de que é melhor não ter nada do que sofrer depois por querer demais. Um comportamento aprendido e que pode ser ressignificado (acostume-se com essa palavra, pois ela sempre tem lugar comum em nossos textos).

                A história pode começar com uma morte de alguém muito querido como a avó, por exemplo, quando o indivíduo ainda estava na infância ou saindo deste período de descobrimento de mundo. Neste perfil é uma reação à perda real: alguém que amava o deixou. Outro modo é quando o sujeito possui um pai/professor/amigo muito duro que cobra e pressiona o tempo todo e nunca fica satisfeito com nada que é feito/produzido pela pessoa em questão (pode haver punição envolvida neste processo), pode ser que o sujeito tenha uma reação posterior em sua vida de não permitir que isso torne a ocorrer, ou seja, dele depositar confiança ou autoridade a outra pessoa que passa a vir tripudiar dele no futuro. Desta forma ele não consegue construir vínculos mais duradouros com ninguém que possa representar uma linha de afeto mais forte. Em alguns casos ocorre justamente o contrário: o sujeito projeta nas figuras de autoridade a figura que deseja agradar para obter afeto.

                Não há uma regra de como a estrutura de reação de defesa se forma. O que hoje pode parecer uma coisa simples, como uma família que se muda de bairro e, a criança, perde seus primeiros amigos de colégio, pode gerar o mesmo complexo processo no futuro. Cada caso é um caso e, se você estiver dentro deste padrão, provavelmente possui uma história completamente diferente dos exemplos aqui citados.

                Podemos mudar?

                Primeiro ser capaz de se descobrir dentro deste programa comportamental. O fato de reconhecer em si um movimento repetitivo de rompimentos prematuros com elementos que poderiam lhe dar afeto/satisfação/prazer já é um excelente começo para a mudança, se você assim desejar. Afinal a pessoa pode argumentar que é mais feliz assim, pois não sofrerá jamais a perda de algo ou alguém. Neste caso o assunto está finalizado e a vida segue.

                No entanto, se estivermos diante de uma pessoa que gostaria de experimentar o risco de se entregar em uma relação de troca com alguém, ou que deseja possuir em sua vida elementos duradouros capazes de oferecer prazer ou satisfação, aí teremos o início do processo da mudança. Então são dois passos iniciais: 

1)      Reconhecer em si um padrão de comportamento que lhe causa algum prejuízo.

2)      Querer mudar trocando o padrão antigo por outro mais atualizado.

                Como fazer para mudar?

                Lógico que o caminho mais fácil é procurar um profissional psicólogo que possa lhe oferecer instrumentos e recursos para facilitar este processo. Na impossibilidade disto, podemos reescrever a própria história tentando localizar os pontos de fraturas cognitivas e elaborar o luto não vivido por estes fatos tentando alterar seu significado interno.

                Um passo de cada vez! O processo levou anos para se instalar e não vai desaparecer antes do almoço, portanto tenha calma e faça uma leitura de sua trajetória de vida tentando descobrir se realmente existe(m) fatos que pode(m) ter criado um sistema de defesa. O medo de perder e como consequência o abandono das melhores coisas da vida, pode privar uma existência inteira da melhor coisa de todas: o verdadeiro amor!

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