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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CELULAR




                A invenção da telefonia celular móvel mudou alguns aspectos comportamentais da nossa sociedade e, acredito, para sempre. Hoje é praticamente impossível viver sem um destes aparelhos que fazem quase de tudo, alguns até mais potentes que alguns computadores. Estes novos promotores de estresse reúnem, em um só corpo, vários outros benefícios além da comunicação por voz.  São circuitos eletrônicos que podem solucionar e/ou criar problemas comportamentais para o usuário principal e os personagens de seu relacionamento.

                Podemos começar pelas vantagens que, realmente são excelentes quando o sistema está plenamente funcional, ou seja, com “sinal”. Várias funções podem ser simplificadas na palma de sua mão, como: agenda de compromissos, calculadora, câmera filmadora e fotográfica, internet e todo tipo de informação que pode ser acessada por ela, e-mails e ainda, quando possível, ligar para outros telefones. Realmente não resta dúvida quanto à utilidade! Hoje o telefone fixo, tradicional, ficou em segundo plano. Só isto já é uma mudança fantástica no modo de vida!

                Lembro-me de quando meu falecido pai foi alugar uma casa para morarmos e, o corretor, disse muito animado: “ – Sr. João, aqui o senhor pode ficar tranquilo, o vizinho, no fim da rua, tem telefone em casa. Qualquer emergência é só ir na casa dele pedir para ligar para o SAMDU.”  Naqueles ido anos 70 ter telefone fixo na própria residência era algo inacessível para a maior parte da população. Essa mesma parcela do extrato social que hoje saca smartphones do bolso a todo instante.

                Claro que o melhor vem agora: o que piorou com a utilização destes aparelhos? Gostaria que você pensasse, por um momento, antes de prosseguir esta leitura. Existe alguma reclamação, algum problema em possuir um telefone celular? Vamos deixar a conta ou recarga fora disto. Qual atitude ou comportamento, ruim, pode atingir o feliz proprietário de uma destas máquinas comunicacionais?

                Provavelmente a pior de todas as coisas é a total perda de privacidade. O mundo acredita que você jamais poderá desligar o seu celular e, caso isto ocorra, você pode estar sendo sequestrado por um grupo de terrorista. Pessoas inseguras não aceitam que o telefone de seu ente amado esteja desligado ou que não possa ser atendido, isso só pode ser sinal de traição! No entanto, é bom lembrar, o telefone celular esta a serviço de seu dono e não do outro com suas emergências particulares. Aprender a desligar o celular sem culpa deve ser a primeira lição para qualquer novo usuário.

                Vício! Este é o segundo pior problema: pessoas não se desgrudam destes novos Tamagotchis! Pode ser apenas impressão, mas parece que os aparelhos vão morrer se ficarem longe do dono por algumas horas. Pessoas chegam mesmo a levar o celular para a praia e falam, com eles, com metade do corpo dentro do mar. Como isso é possível? Chama-se dependência psíquica de dissociação. Ocorre que o telefone promove um distanciamento da pessoa do lugar onde ela se encontra, por isto, se ela está insegura, ligar para alguém pode trazer alivio e segurança. Terapia Celular -  é possível que, em breve, venhamos a ter uma especialização da psicologia nesta área, aguardem!

                Por último o pesadelo dos aplicativos e jogos que funcionam sempre contra o proprietário. Alguns são rastreadores e informam a localização dos usuários com uma precisão incrível! Outros viciam com os  jogos, que tomam tempo e prejudicam o estado de atenção geral (a tela é muito pequena para isso) ou, nas milionárias redes sociais de uma forma quase incompreensível para quem não pertence a este universo. A necessidade de compartilhar aspectos íntimos da vida só nos leva a crer na fragilidade do ego. Provavelmente são pessoas portadoras de baixa autoestima e que precisam provar o tempo todo que são felizes. 

                O aparelho é útil e, dificilmente poderíamos manter o ritmo de produção que temos hoje sem estes artefatos. Podemos pensar em, com cautela, tiramos essa muleta social algumas horas do dia, todos os dias. Quem sabe aos finais de semana isto seria possível, ou enquanto você almoça ou dorme?  Não se trata de um apêndice do corpo nem mesmo um pedaço biônico implantado. É só um aparelho! O mundo pode te esperar um pouco, afinal foram milhares de anos antes de você nascer e, serão outro milhares depois de sua partida com tudo funcionando sem a sua presença. Bem, talvez não tão eficiente...
               
 
Prof. Msc. João Oliveira           


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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A ENTREVISTA FINAL





                Tantas são as matérias, revistas e dicas preparatórias de entrevistas para empregos que os candidatos estão cada dia mais afinados para responder ou participar de qualquer dinâmica proposta. Alguns, que já passaram por vários processos seletivos, conhecem de cor os testes aplicáveis conseguindo ter performances admiráveis, o que os torna, na mesma proporção em que se preparam, um desafio maior para os analistas de RH, afinal, perguntam os profissionais do processo seletivo: “- Quem realmente está à minha frente? Um bom ator ou será um futuro colaborador maravilhoso?

                A postura corporal pode ser ensaiada, as respostas podem ser decorada,s as dinâmicas se repetem, assim como os testes. Então, qual é a última fronteira para se colher informações confiáveis de uma pessoa que se propõe a um cargo de extrema responsabilidade?

                Algumas coisas em nós são imutáveis como, por exemplo: os olhos (tem o mesmo tamanho desde que nascemos), as digitais e o DNA. Mas nada disto interessa para conhecermos da personalidade da pessoa, até porque seria absurdo (e ilegal) pedir um teste de DNA para conhecer a genética familiar. Deveríamos buscar no sujeito construções de suas emoções que pudessem indicar o seu perfil emocional ou seja, sua história comportamental para que facilitasse o direcionamento para o perfil de função mais correto.

                  Isto existe e está na cara!

                As emoções movimentam os músculos da face para que estes moldem as expressões. Muitas e repetidas emoções expressas acabam por deixar determinadas marcas, sulcos, que chamamos de rugas de expressão – nem todas as marcas do rosto têm a ver com as emoções –desta forma podemos conhecer um pouco da história emocional da pessoa analisando tais sinais externos.

                Da mesma forma que exercícios físicos repetidos na academia acabam por delinear um músculo do braço, a movimentação proporcionada pela expressão emocional acaba, com o passar dos anos, deixando linhas, como digitais, que são difíceis de serem extirpadas. Uma real assinatura da personalidade da pessoa. O que sou está exposto em meu rosto, não precisa me perguntar.

                Na verdade não podemos dizer como a pessoa é, mas podemos ter uma ideia de como ela foi durante boa parte de sua vida no quesito "emoções vivenciadas" e também é possível ver pelo músculo corrugador que, segundo Darwin é o músculo da personalidade,  seu modo de perceber o mundo.

                Hoje em dia mais e mais profissionais estão se aprimorando nesta arte que mais parece coisa de Ciganos ou Mentalistas, na verdade trata-se de uma linha de estudos da psicologia e pode auxiliar numa melhor comunicação entre pessoas. Sabendo como o sujeito respondeu a situações de pressões externas em sua vida, podemos auxiliar na melhor escolha possível de cargos dentro de uma empresa. 

                Os analistas comportamentais estão afinando este conhecimento e treinamentos rápidos podem dotar qualquer pessoa de conhecimentos básicos sobre o outro e, além disto, sobre si mesmo. Possivelmente, em um futuro próximo, as pessoas que não se utilizarem de recursos como botox ou intervenções estéticas (nada contra) serão mais valorizadas numa entrevista de emprego por serem mais “transparentes”. 

                Obviamente que usar deste recurso como elemento de desclassificação é, antes de qualquer coisa discriminação. Não se pode avaliar uma pessoa ao ponto de traçar uma sentença apenas por suas rugas de expressão afinal, repetimos, elas mostram o que fomos e não o que somos.

                Explicando melhor: durante anos alimentei um ódio por uma determinada pessoa, pensar nela me fazia mal e isto, inclusive tirava meu sono. Este ódio, sentimento, e raiva, emoção, acabaram por deixar uma marca característica que se localiza no alto do nariz no formato de uma marca horizontal bem parecida com a marca do aro de metal que une os óculos – quem usa bem sabe que marca é essa. Ocorre que ontem à noite eu e a tal pessoa nos encontramos e, entre vinhos e queijos nos perdoamos, mutuamente, e a paz voltou a reinar entre nós. Na verdade tudo foi um grande equívoco. Hoje, portanto, não alimento mais nenhum ódio, mas, adivinhe só – a marca deixada pela vivência emocional ainda está lá e permanecerá, provavelmente, para toda a vida.

                Estudos ainda estão sendo feitos. Programas de computador aclopados a câmeras estão espalhados em aeroportos e bancos de todo o mundo. Estes visam, mais que as marcas, detectar os movimentos sutis das microexpressões. Em São Paulo uma empresa antes ligada a Itautec está testando um sistema para lojas em shoppings: o cliente olhou para determinado produto na vitrine e sorriu para ele levemente é o suficiente para um vendedor ser avisado para abordar a pessoa e lhe oferecer um “desconto” por tal produto. O resultado em positivação de vendas está sendo apurado e pode ser que em breve tenhamos isto disponível também para salas de aula, bancos e entrevistas de empregos.

                A verdade é que hoje buscamos o melhor em todos os níveis e o aprimoramento pode levar, inclusive, em um futuro próximo, a uma série de exercícios para os músculos faciais desenvolverem o desenho certo para indicar o que queremos sobre nós. Antes de ser ruim, isto pode auxiliar a formação de um novo personal treiner  preocupado com o zigomático maior ou corrugador ou invés de bíceps e peitorais.
            


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quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A AULA




Por Prof. Msc. João Oliveira

                Todos estavam sentados esperando que o professor entrasse para dar sua costumeira aula de filosofia. Neste dia, um forte calor fez com que as janelas fossem abertas e o vento disputava caminho com os sons que vinham do bosque ao lado da faculdade.

            Professor Augusto entrou como sempre elegante em seu velho e modesto terno de casimira, parou diante dos 50 alunos e tossiu muito, por vários minutos! Aquela tosse estava sinalizando algo muito ruim e, mesmo assim, ele continuava fumando naquele cachimbo de porcelana. Um lápis caiu ao chão e, dois alunos, na tentativa de recuperar o objeto, acabaram chocando as cabeças quando se abaixaram rapidamente. “- Meninos! E, se pudéssemos voltar no tempo para impedir que o lápis caísse ao chão?” – Perguntou  o professor. “- Teríamos agora dois colegas sem dor nas testas?” A risadaria foi geral e, ele interrompeu com outro questionamento: “ – Quem não gostaria de voltar no tempo para mudar algo que fez de errado na vida?”

            O silêncio tomou conta do lugar: “- Eu poderia, por exemplo, voltar 30 anos na minha própria vida e evitar que começasse a fumar. Quem sabe, deste jeito, eu não teria um câncer diagnosticado como incurável? – O silêncio se transformou em algo triste. Ele finaliza olhando o céu pela janela: “– O que você gostaria de mudar em sua vida caso pudesse voltar no tempo?”

            O paradoxo temporal sempre foi motivo para muitas histórias de ficção científica: como o filho voltando no tempo e quase impedindo os pais de se casarem ou evitando a morte de um amigo e, com isto, causando um dano maior ainda. A trilogia “Efeito Borboleta” transforma essas possibilidades em filmes de terror.

            Pensado bem, não teríamos as guerras mundiais! Voltando ao momento chave e mudando o rumo da história poderíamos evitar muitos massacres. No entanto, das guerras surgiram avanços tecnológicos. O esforço de guerra obrigou os países a acelerarem projetos que hoje estão plenamente incorporados ao nosso modo de vida moderno. A penicilina, do Dr. Alexander Fleming,  é um grande exemplo disto, pois sua utilização prática só começou em 1943, quando os governos, preocupados com o aumento das baixas decorrentes de infecções nos campos de batalha, resolveram aplicá-la nos soldados feridos. A aviação, outra beneficiada, teve um avanço incrível, também na segunda guerra, com a invenção alemã do avião a jato, o Heinkel He 178,ue alcançava os incríveis 640 Kms/h a 12 mil metros de altura! Logo após a guerra essa tecnologia passou para a aviação comercial. Nem é necessário lembrar a energia atômica e seu uso calamitoso no fim da guerra. Mas, surgia aí, a história da energia produzida pelos átomos que hoje ilumina milhões de lares em todo o mundo, inclusive no Brasil.

            A verdade é que, o que ocorreu de ruim em nossa concepção no passado, pode ter direcionado nossas vidas de um jeito do qual não queremos abrir mão hoje. As tragédias sempre existiram e existirão. A despeito de todas as precauções que possamos tomar, jamais poderemos evitar a catástrofe e o sofrimento, pois, isto é parte da nossa própria existência do mesmo jeito que a morte.

            Muitas vezes podemos pensar que certas coisas poderiam ser evitadas. Quem sabe não saindo de casa nunca, jamais seríamos atropelados? Ou, não morando em prédios escaparíamos de incêndios e desabamentos? Uma vez, minha esposa estava dirigindo quando um caminhão (desses de colocar concreto em obras) bateu com seu braço articulado em um poste. Os fios de alta tensão romperam e “laçaram” o carro dela que passava no local. Foram alguns minutos de faíscas e fogo em volta do veículo com ela dentro, com os vidros fechados sem nada poder fazer. Logo o sistema tombou a eletricidade e o horror passou sem deixar vítimas. Minha pergunta é: qual a probabilidade de algo assim ocorrer com alguém transitando em seu carro?

            A aula, com o professor Augusto, aconteceu de fato em 1988, apenas seu nome está alterado neste texto. O cenário se tornou duvidoso após a pergunta que ele fez, o que poderíamos querer mudar em nossas vidas e quais seriam as consequências disto? Será que a morte, a tragédia maior, pode(ria), de fato, ser evitada? No meio desta aula ele perguntou solene: “-Quem aqui, nesta turma, fuma? Por favor, levante o braço.” Quase todos ergueram os braços, afinal, naquela época, fumar era um atestado de independência e masculinidade entre os meninos e, apenas duas pessoas não se manifestaram. Ele completou em tom profético: “- Chegará o momento que, em uma sala como esta, será justamente o contrário, apenas um ou dois terão este vício maldito, no dia em que tiverem mais exemplos como o meu.” Um ano depois, por causa do câncer, ele deixou esse plano.  

                Existe uma frase na filosofia védica: “Rakhe Krishna mare ke mare krishna rakhe ke”.  Significa: aquele que é protegido por Krishna ninguém pode matar, mas se Krishna desejar matar alguém, não há ninguém que possa salvá-lo. Devemos sim, aprender com os erros que ocasionaram tragédias e tentar, se possível, evitá-las no futuro e, caso algo ronde a mente tirando a paz de espírito, gerando angústia com memórias trágicas do passado o melhor que se pode fazer é ressignificar. Não se trata de diminuir o valor do ocorrido, mas, de procurar entender que, tudo caminha sempre para o mesmo destino final, é só uma questão de tempo. E o tempo, querido amigo, é apenas uma interpretação nossa da percepção do movimento da luz e sombra proporcionado pelo sistema solar onde estamos inseridos no momento.



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