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sábado, 23 de junho de 2018

QUEM MANDA AQUI?




Os recursos humanos, dentro de qualquer perfil de instituição, são o que há de mais importante mesmo nos ambientes altamente tecnológicos onde a presença humana é quase totalmente dispensável. Sem a interação do colaborador com o mercado, usuários, equipamentos ou até mesmo os sistemas operacionais, a instituição irá parar de gerar recursos, de ter retorno e zerar sua produtividade. Deixando assim de existir.

Na época em que o projeto Apolo estava no auge, final dos anos 60, corria uma piada que os russos haviam conseguido criar um equipamento tão sofisticado que eram necessários apenas dois elementos para sua operação: um homem e um cão. O homem tinha como obrigação alimentar o cão e, o cão ali estava para não deixar o homem tocar em nenhum comando da máquina.

Mesmo se tratando de uma antiga anedota o pensamento de se evoluir para uma estrutura funcional perfeita sem a necessidade de interação humana sempre foi o sonho dourado do mais apaixonados capitalistas – visando o lucro – e dos socialistas/comunistas – visando a liberdade do homem para tarefas mais filosóficas.

Ocorre que o homem não deseja se libertar de suas atribuições. Isso o faz se sentir produtivo e um elemento capaz de contribuir para a sociedade gerando seu próprio sustento a cada dia. Não existem funções sem especialistas, mas, algumas funções deixaram de existir durante a evolução industrial permitindo uma migração de especializações.

O antigo alfaiate de bairro pode ter se transformado em um atendente em uma loja de roupas. O homem que amolava facas com sua roda gritante pelas ruas da cidade pode ter se tornado um carpinteiro ou, quem sabe, cursado uma graduação e hoje é um profissional liberal.

Assim, a transformação das funções foi gerando outra grande novidade nas empresas: as equipes de trabalho. Vários são os perfis de equipes que podem ter objetivos claros e serem diferentes principalmente por tipo de atividade e expectativa de resultados. Certo é que, cada equipe tem seu líder. Seja ele certificado ou não.

A liderança nas equipes de trabalho pode ser exercida pelo líder instituído ou pelo elemento de maior capacidade de gerenciamento emocional. Aqui, as habilidades comunicacionais sempre levam vantagem sobre a técnica operacional. O líder não é quem manda, é quem coordena. Não é o profissional mais habilidoso e sim o que melhor interage com os outros indivíduos de seu grupo de trabalho.

Encontramos o perfil multidisciplinar onde os elementos possuem formações diferentes e isso pode gerar conflito se não houver uma boa condução dos processos. Nesses casos a liderança natural ou supervisão externa é altamente aconselhável principalmente em ambientes como o de saúde onde algumas áreas do conhecimento científico se intitulam soberanas no saber absoluto sobre todas as coisas neste ambiente.

Sobre isso o sábio educador paulista Celso Antunes nos conta que, certa vez, um professor faltou na escola e, uma das funcionárias foi ao hospital que funcionava em frente a dita escola e adentrou a sala dos médicos solicitando que um deles pudesse cobrir a falta do docente. Ela foi prontamente atendida e um dos profissionais de saúde foi a escola e tudo explicou sobre saúde no tempo que era destinado a aula de matemática. O problema aqui é que, se fosse ao contrário, se uma enfermeira adentrasse a sala dos professores solicitando a ajuda de algum docente para conduzir uma cirurgia, cobrindo a falta do cirurgião, com certeza não seria atendida, pois, afinal, nenhum deles estaria capacitado para tal ato complexo e não arriscaria da vida de outrem apenas pela oportunidade de demonstrar saberes além de sua formação. Ocorre que, lecionar também é um ato complexo e necessita de preparo e organização. No entanto, parece simples para os leigos no tema.

Desta forma, as especializações devem ser respeitadas assim como os limites de cada formação. O comando não é imposto, é conquistado pela capacidade de gerenciar conflitos e ofertar possibilidades de crescimento aos elementos que formam a equipe. Capacidade de ser solidário, assumir responsabilidades, saber unir as habilidades e criar sinergia é o papel do líder.

Ainda teremos um ambiente perfeito onde os diferentes saberes possam fazer suas trocas ampliando a produtividade com estratégias comportamentais assertivas e as lideranças sempre surjam de forma natural com apoio de todos da equipe. Enquanto isso não ocorre, é necessário elencar talentos que ajudem na boa relação com o grupo.

Também é de bom tom lembrar que, embora uma pessoa possa ser líder dela mesma, só existe equipe de trabalho a partir de dois elementos unidos em prol de um objetivo comum. E, somente dessa forma, um pode exercer liderança sobre o outro. Da mesma forma, a liderança pode ser alternada em diferentes momentos do processo produtivo.

Para que isso fique claro, basta lembrar que o capitão do navio cede o comando para um prático fazer as manobras até atracar a embarcação no cais. A mais alta patente de um navio abre mão da liderança diante de um profissional especializado em uma determinada função que, muitas vezes, nem fala o mesmo idioma.

O trio que mantém uma empresa em funcionamento deve ser facilmente identificável em um corpo funcional: boa comunicação entre os elementos com clarificação de conteúdo sempre que possível, objetivos claros e aceitos pelos membros da equipe e uma liderança capaz de orientar os passos de todos os processos.

Por  Prof. Dr. João Oliveira

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