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sábado, 31 de dezembro de 2016

ERA SÓ ISSO 2016?



Por João Oliveira

Então você termina dessa forma? Se o que desejava era nos colocar em provação quero te dizer que passamos com êxito.

Veja bem, diante de todas as dificuldades colocadas por você na população brasileira (principalmente as de ordem financeira) estamos conseguindo ir adiante. Muitos ainda sofrem, isso é verdade, mas a chegada de um novo ano sempre renova a esperança e, como deve saber, não existe nada mais forte que a fé e a esperança.

Vendo por outro lado, você nos trouxe coisas boas também com a destruição de vários bandidos que se travestiam de políticos e roubavam a nação. Creio que ainda faltam muitos, mas, já é um bom começo. Nesse ponto 2016, você foi campeão.

Fico apenas pensando que, se fosse diferente, você não seria lembrado. Afinal, tenho certeza, que muitos irão se recordar de 2016 como o ano que pessoas morreram da mesma forma que outros irão ter seu número sempre lembrado como o ano que seus filhos nasceram. Cada um tem uma ótica pessoal sobre algum espaço temporal.

Não se sinta menor por isso. De fato, você foi apenas mais um ano na vida de muitas pessoas e O ANO na de outras.

Quero te contar um segredo, sei que para onde você vai não será possível espalhar essa pequena fofoca: você foi fantástico para mim!

Sim! Durante todos os 365 dias eu despertei pela manhã! Você me ofertou todas essas possibilidades me dando novas 8.760 horas para usar da forma como eu decidisse! Usei todas, não sobrou nenhuma: muito obrigado! Claro, devo ter dormindo quase um terço disso tudo, mas, nessas horas, com os olhos fechados, tive a oportunidade de sonhar em um universo onírico além da vida material.

Fechando nosso papo: era só isso 2016? Você não tinha outras pretensões? Que bom! Você preservou as pessoas que amo, estive produzindo, trabalhando e ajudando pessoas. Confesso que, quando você começou – lá em janeiro passado – tive receio de ter os dias contados e por isso me apressei em fazer tudo que desejava com a maior brevidade possível.

Olha que maldade: você vai e eu fico. Fico devendo, obrigado 2016. Vá descansar na eternidade das lembranças daqueles que puderam viver todos os seus dias.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O HOMEM DAS BALAS




Por João Oliveira

Com o rompimento do aneurisma da aorta abdominal ela tinha agora apenas alguns pouco minutos de vida, a hemorragia de grande volume dissipava o brilho de uma vida inteira pouco a pouco. O médico já havia saído do quarto dando privacidade ao casal de idosos nesses derradeiros momentos. 


Ele segurava carinhosamente as mãos dela e não escondia as lágrimas silenciosas.


- Amor – Disse ela com voz calma e baixa – Me prometa que você vai mudar... antes eu me preocupava que houvesse apenas uma pessoa em seu enterro: eu! – Abaixou a cabeça e continuou - Agora, com a minha partida, temo que somente o coveiro esteja com você no cemitério.


- Que história é essa? Você está morrendo e se preocupa com a minha morte? Não faça isso...


- Amor... – disse ela com um pequeno sorriso triste nos lábios – Foram quase 60 anos juntos. Você não tem um único amigo até hoje. Essa profissão de cobrador de impostos tornou você uma pessoa amarga e mal vista. Prometa que vai ser agradável com as pessoas para que, no seu enterro, muitas pessoas possam estar presentes para se despedir de você.


O velho senhor percebeu que não restavam mais que alguns segundos. O olhar dela já demonstrava uma distância do mundo dos vivos. Só lhe restava uma opção:


- Claro amor, eu prometo! Prometo qualquer coisa para você ir em paz. Vou mudar meu jeito de ser e conquistar as pessoas...


Provavelmente ela não ouviu a conclusão dessa frase. Em seu enterro, centenas de pessoas estavam em volta do caixão. Como professora do ensino fundamental ela ajudou a formar a maior parte dos grandes homens dessa pequena cidade. Lá estavam todos no último adeus a querida professorinha do antigo curso primário.


Ele, por sua vez, resolveu de fato cumprir a promessa e depois de muito pensar elaborou uma estratégia: comprava pela manhã meio quilo de balas e doces e ia distribuindo com as pessoas que encontrava nas ruas sempre sorrindo. Todas as vezes que pensava em desistir se lembrava da promessa que havia feito a esposa no leito de morte e, mesmo triste, sorria para as pessoas e oferecia uma bala para adoçar o dia.


Assim fez durante todos os seus últimos cinco anos de vida. Tornou-se o cobrador de impostos mais simpático da cidade e, no dia do seu enterro o próprio prefeito proferiu um discurso diante de uma multidão assustadora. Naquele dia o prefeito prometeu ampliar o cemitério para que não ocorresse mais tumultos como aquele novamente.


No momento em que chega ao Céu ele encontra, na porta lhe esperando, sua esposa furiosa:


- Como é que pode isso? Eu fui professora, ensinei pessoas a minha vida toda. Eduquei grandes homens e no seu enterro tinha mais gente do que no meu? Como é que pode? Doces? Você estava é cultivando cárie na boca das pessoas! Você trapaceou!


- Que isso meu amor. – Responde ele de cabeça baixa – Fiz o que você pediu: conquistei as pessoas.


- Mas, desse jeito? Com doces? Sem realmente ajudar as pessoas positivamente?


- Amor... eu pensei muito e descobri que mais importante do que oferecer o que pessoas merecem é dar o que elas querem.


É certo que os dois se reconciliaram ali mesmo na Porta do Céu e estão até hoje desfrutando do Paraíso. Mas, essa pequena história nos diz algo sobre como nos relacionamos com as pessoas.


Muitas vezes, nos esforçamos em ofertar o que, em nossa opinião, as pessoas precisam e nos esquecemos de procurar saber se é o que elas desejam de verdade. Geralmente elas não querem coisas muito complexas. Em outras ocasiões é possível que elas nem ao menos saibam o que desejam. Por isso, é importante lembrar que o valor que aferimos as coisas é altamente pessoal e, muitas vezes, ou outros não possuem critérios de avaliação similares ao nosso. 


Antes de dar, esperando retribuição, procure constatar se isso que oferta com tanto carinho tem, de fato, algum valor para o outro.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

IMAGENS DE A FACE NÃO MENTE






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sábado, 19 de novembro de 2016

A ORIGEM



Por João Oliveira


Citado na Epopeia de Gilgamesh o deus Enki estava diante de um grande problema com a sua missão no terceiro planeta: seus comandados não queriam mais atuar nas minas de ouro junto com os Lulus Amelus. Liderando um grupo de cinquenta nefilim-anunnakis, Enki estava parado olhando sua oficial médica Ninti.

- Não deu certo, é necessário apurar mais a raça mestiça de trabalhadores. Esses que você criou, os Lulus Amelus, são imprestáveis.

- Eu aproveitei uma espécie local que estava em evolução, apenas acrescentei alguns elementos na cadeia genética. – Ninti disse em tom de seriedade e continuou – Para termos um trabalhador perfeito posso produzir clones em escala.

- Clones? Você quer dizer que serão feitos a nossa imagem e semelhança?

- Sim Enki! Fisicamente seriam tal como nós e teriam as mesmas capacidades intelectuais...

- Isso nunca! – Gritou Enki – Enlouqueceu? Para serem escravos e trabalharem sob nosso comando é necessário criar estratégias de segurança em seu próprio código de geração.

- O que sugere, meu comandante? – Falou Ninti, abaixando a cabeça demonstrando total submissão ao seu líder.

- É possível ditar no código condições psicológicas?

- Sim, claro...

- Então coloque o medo como principal emoção...

- Medo de que Enki?

- De tudo! Da morte principalmente, mas, medo do futuro, de adoecer, de não ter o que comer, de qualquer coisa e até mesmo medo do nada.

- Enki – disse com voz miúda Ninti – Medo da morte? Veja, tecnicamente falando e se eles se cuidarem ...

- Cale-se! – Gritou raivosamente Enki – Não diga isso em voz alta! Isso eles jamais poderão saber. Coloque o medo como elemento principal e também tristeza, raiva, nojo, espanto ...

- Enki, para ser justa devo colocar uma certa dose de alegria também.

- Sim, concordo, mas que seja breve, passageira. O medo não... esse deve ser permanente.

- Isso não iria prejudicar o desenvolvimento deles?

- Claro Ninti, essa é a intenção.

- Mas, isso também não irá atrapalhar a produtividade?

- Ninti, eles vão receber ordens. Serão coordenados! Não irão se desenvolver por conta própria e nem queremos isso. Basta terem medo e serem obedientes. Queremos escavadores, seres para transportar cargas pesadas e só isso.

- Assim será feito. – Disse Ninti, que se despediu de Enki e começou a caminhar para ir ao seu laboratório manipular as provetas de incubação.

- Ninti – Chamou Enki – Só mais um detalhe: essa programação deve estar fechada com sete chaves. Ninguém terá acesso ao destravamento dessa condição. Lembre-se: fechado a sete chaves.

- Sim, meu senhor – finalizou Ninti.

Segundo os escritos mais otimistas esse diálogo pode ter ocorrido há 450 mil anos. Os nefilim-anunnakis se foram com todo ouro que podiam carregar, vieram as catástrofes naturais e, entre elas, o Dilúvio. Mesmo assim, a nobre raça denominada Adam (Aquele da Terra) sobreviveu e arrastadamente prosperou em vários aspectos.

Ainda possuem, esses seres, segredos libertadores escondidos a sete chaves. Aqueles, dentre eles, que forem capazes de se libertar dessas amarras poderão usufruir de uma vida mais serena e feliz. Primeiro é necessário estar ciente dessa condição programada e, depois, procurar, chave a chave, a sua própria libertação, até chegar a Sétima Chave.







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terça-feira, 15 de novembro de 2016

OS SETE MORTOS DO MONTE DE SIÃO



Por João Oliveira

O monte Sião possui algo em torno de 800 metros de altura e fica localizado na parte leste de Jerusalém, trata-se da montanha mais alta próxima à cidade Santa. Ali, muito antes do Monte Sião se tornar a cidade de Davi, que é citada na Bíblia nos livros de Reis e Crônicas, e onde Salomão construiu o Templo de Jerusalém, habitava um povo conhecido como os Jebuseus. Acreditam os mais antigos, pode ser deles esse conto que passo a revelar.

Mesmo não sendo muito alto o monte de Sião sempre inspirou alegorias e mitos na mente daquela população humilde que vivia em sua base. Talvez, pelo formato íngreme ou, pelo ruído que o vento faz durante as noites de verão, não se pode dizer ao certo de onde surgiram as lendas sobre esse local e, principalmente, essa que conta as desventuras de sete almas que lá encontraram o seu final.

O primeiro subiu ao monte em busca de saciar uma fome pulsante por todo o tipo de comida. Ele ouviu dizer (eram muitas as lendas sobre o monte) que lá no alto viviam deuses que se fartavam de todos tipo de alimentos em excesso. Fartura em uma festa permanente cheia de gostosuras vindas de todas as partes do mundo somente para saciar o paladar infinito dessas criaturas celestiais. Se encontrou tal buffet infinito, não sabemos, certo é que ele nunca mais foi visto e, portanto, se tornou o primeiro dos sete mortos do Monte de Sião.

Havia um homem no pequeno povoado que temia ter sua fortuna roubada. Não dormia direito protegendo seus valiosos metais. Um dia, teve a ideia de juntar tudo e, usando trinta mulas de carga partiu para o alto do monte em busca de uma caverna secreta onde pudesse esconder, de forma definitiva, toda sua riqueza material. Uma única mula desceu o monte anos depois, não trazia nada, magra e sedenta ela foi a única coisa que dele se soube. Tornando-se assim o segundo morto do Monte de Sião.

Outro, dominado pela busca do prazer carnal, não encontrava satisfação com nenhuma mulher que lhe compartilhasse o corpo. Informado que os mesmos deuses dos banquetes também praticavam orgias intermináveis, foi em busca desse local como forma de, finalmente, aplacar sua volúpia escravizante. Deste, que jamais se ouviu falar novamente, surgiu a fábula do terceiro morto do Monte de Sião.

Depois de ser preso várias vezes por não controlar suas emoções raivosas, o próprio povo expulsou um homem que desapareceu no Monte de Sião, ficando conhecido como o quarto morto deste lugar. Dessa pessoa, conta-se que explodia em ira por qualquer fútil motivo. Bastava ser contrariado para causar grande confusão entre as pessoas ao seu redor. Um grupo se reuniu e o baniu da comunidade, sendo visto pela última vez subindo o Monte de Sião.

O quinto morto deste monte era um sujeito por demais invejoso. A inveja lhe doía como uma doença e, um dia, pensou que se pudesse viver totalmente isolado dos outros seria mais feliz. Com esse pensamento escalou o monte e de lá não mais voltou. Se isso resolveu o seu problema não sabemos. De fato, como todos os outros que o antecederam nessa jornada, nunca mais nada se ouviu falar desse homem.

Houve também um jovem que não gostava de trabalhar. Ele vivia inventando desculpas e doenças para não ajudar o pai e seus irmãos nos trabalhos do campo. Não queria buscar água, não alimentava as criações, não ajudava na plantação e, sempre que possível, se escondia para dormir na sombra de alguma árvore. Aborrecido com as cobranças contínuas da família resolveu subir no monte em busca de paz e tranquilidade. Um lugar onde não seria perturbado pelas pessoas. Claro, você já deve ter imaginado, esse é o sexto morto do Monde de Sião.

O sétimo e último morto (que sabemos) do Monte de Sião lá subiu em busca de reconhecimento. Soberbo e vaidoso disse a todos que poderia se estabelecer no alto do monte ao lado dos deuses pois, somente eles poderiam reconhecer o seu real valor. Foi-se em uma tarde fria de inverno e dele, da mesma forma que todos os outros que citamos, nada mais se soube nos milênios seguintes.

Provavelmente é só uma dessas histórias que o povo inventa afim de ensinar lições de moral. É possível perceber que cada um deles representa um pecado capital e como castigo encontraram a morte no alto do monte de Sião. O que não se conta, nesse pequeno texto mitológico, é que todos nós podemos desaparecer em nuvens exaladas pelos excessos de nossas convicções e desejos.

O monte simboliza o afastamento da realidade que pode nos levar a um lugar de onde jamais poderemos voltar. O monte é o externo, fora de nós, onde muitas vezes buscamos algo que está dentro de nós. Quando não reconhecemos que a falta é interna nada em altos montes poderá completar o vazio. Da mesma forma que devemos ter cautela na resolução de nossas paixões, pois, nenhuma velocidade é suficiente se estamos indo na direção contrária.



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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Fragmentos



Por Beatriz Acampora
Psicóloga (CRP05/32030) – Arteterapeuta - Escritora
Talvez uma das coisas que as pessoas façam todos os dias das suas vidas é se olhar no espelho: para se arrumar, para avaliar como está sua apresentação pessoal, para encontrar algum defeito ou até mesmo acertar algo que possa parecer fora do lugar. Uma ou outra pessoa se olha no espelho para se elogiar, mas isso é raro em um mundo de competições e comparações.
Assim é a nossa personagem: ela foi desacreditada por seus pais durante toda a sua vida, até que, quando cresceu, em meio a muitas dificuldades de relacionamentos, tinha a pior de todas as relações: consigo mesma. Não gostava de se olhar no espelho e até mesmo evitava que isso ocorresse.

Em sua casa havia um único espelho de porte médio que não a refletia de corpo inteiro. Ela buscava mantê-lo coberto por um pano e, muito raramente, quando precisava ver como estava seu cabelo ou sua roupa, em função de alguma reunião importante no trabalho, ela descobria um pequeno pedaço do espelho e se via rapidamente.

Aprendeu a passar batom, pentear o cabelo e até mesmo se maquiar sem precisar do espelho, apenas dava uma rápida conferida no final para ver se estava tudo ok. Em seus momentos livres dava preferência aos livros e filmes, alguns encontros com poucos amigos e ficar com seu gato.

Certo dia, chegando do trabalho, viu algo inusitado: muitos reflexos luminosos no teto e um monte de fragmentos de espelho no chão. Seu gato miava sem parar e ela já havia entendido que muito provavelmente aquilo foi um acidente que o envolvia diretamente.

Ela respirou fundo e foi limpar a bagunça. Enquanto colocava cuidadosamente os pequenos pedaços do espelho em um pedaço de jornal se distraiu com as formas diferentes que eles tinham e olhou para um deles com atenção. Viu, então, seu olho direito e sua sobrancelha. Percebeu que aquele olho era bonito, amendoado, diferente de tudo o que ela já tinha visto: nem acreditou que aquele olho era dela.

Pegou um outro fragmento de espelho e viu sua boca, percebeu que era carnuda, bela e que tinha qualidades nunca apreendidas. Em um outro pedaço de espelho, viu seu nariz: ela nunca tinha sequer analisado a importância do seu nariz – era por ele que ela respirava e estava viva.

Decidiu guardar alguns fragmentos do espelho e todos os dias brincava de se olhar através deles e se divertia com possibilidades nunca antes vislumbradas: partes do seu corpo que apenas tinha conhecimento da existência porque simplesmente fazem parte do corpo de todas as pessoas. Mas a consciência delas fazia toda a diferença. Dentro dela foi se reconstruindo, pedaço a pedaço, fragmento a fragmento, valorizando cada parte de si, restaurando sua autoimagem.

Em uma manhã acordou se sentindo tão bem que abraçou seu gato e agradeceu pelo incidente, foi até a casa de sua vizinha, pediu para se ver no espelho dela. E quando se olhou, pela primeira vez em muito tempo, de corpo inteiro, viu uma mulher linda, inteligente, que superou muitos obstáculos e que era capaz de ser feliz do jeito que era: inteira.

A partir daquele dia o espelho se tornou seu melhor amigo. E todos os dias ela sorri para ele e ele sorri de volta para ela. A vida ficou mais fácil simplesmente porque ela passou a acreditar em si mesma, a se respeitar e se amar sem que fosse preciso nenhuma mudança.

Se a vida pode ser difícil, ela também pode ser doce. Quando a vida se apresenta como dura, com restrições e poucas alternativas, ela também se revela nas possibilidades em pequenos detalhes que podem fazer toda a diferença. É preciso ter olhos curiosos e ver através de fragmentos que transformam.

domingo, 30 de outubro de 2016

O ENCONTRO DOS MORTOS



Por João Oliveira
               
                

Você já ouviu dizer que as três pessoas que foram ressuscitadas por Cristo no Novo Testamento ainda estão entre nós? Parece que, como foi o Próprio Jesus Cristo que os tirou dos braços da Morte, ela nunca mais teve coragem de pegar de volta e por isso, esses três andam por aí desde então.


Ocorre que, de 10 em 10 anos eles se encontram na margem do Mar da Galileia, na margem oposta das antigas cidades de Betânia, Naim e Carfanaum de onde os três começaram a sua jornada nesse mundo. Sempre no mesmo local e, hoje, eles estão hospedados no Kinar Galilee, um pequeno hotel próximo a praia onde, a cada 10 anos, esse encontro ocorre.


Em pé na praia olhando a encrespada lamina d’água está um homem que aparenta uns 30 anos no máximo. Seu corpo é obeso, seu chapéu merecia uma cabeça maior. Ao longe ele percebe uma menina chegando e grita:


- Qual nome está usando desta vez?


- Voltei a usar Martha, é mais fácil de se pronunciar em qualquer idioma. E você?


- Eu voltei ao nome José, também, pelo mesmo motivo que os seu. Engraçado isso, mudamos o tempo todo e sempre voltamos ao mais fácil. Que vida...


- Horrível vida. Eu, presa nesse corpo de menina, com essa fome implacável por mais de 2.000 anos...


- Não diga isso, sei que você construiu um império na medicina e tem ajudado muita gente.


A pequena menina olha para a margem oposta do Mar da Galileia e sorri.


- Está vendo aquelas construções brancas do outro lado?


- Mais ou menos, a minha visão não está tão boa quanto as dos mais jovens.


- Não seja ridículo! Vê ou não?


- Sim, vejo, são fábricas?


- Não! São Universidades, tenho mais de 300 grandes Universidades pelo mundo, em todos os continentes, as indústrias farmacêuticas que criei agora estão em segundo plano. Descobri que o saber gera equilíbrio e o equilíbrio prove saúde e longa vida as pessoas.


- Lindo isso. Mas, você mesmo é uma pessoa sem controle algum sobre as próprias emoções. Conseguiu algum avanço?


A menina, filha de Jairo dirigente de uma sinagoga nos tempos de Jesus, citada no Evangelho de Lucas no capítulo 8, olha para o antigo filho de uma viúva, também personagem citado por Lucas, que em sua época morreu e foi ressuscitado por Cristo na cidade de Naim, hoje conhecido como José, e diz.


- Ainda tenho essa raiva que me consome. Vejo todos crescerem, terem uma vida adulta com os prazeres que esta oferece e eu, uma eterna criança. Só rezo para o dia da ressurreição venha logo...


- De nada irá adiantar para nós! – Grita um homem que se aproxima de nossos dois personagens.


- Porque diz isso Lazaro? – Fala o hoje denominado José.


- Por que, o Dia da Ressurreição é para ressuscitar os mortos e, como podem ver, nós estamos bem vivos. – Dito isso cai na gargalhada que contamina a todos o homem que tem sua história de ressurreição descrita no capítulo 8 do Evangelho de João.


- Você não presta mesmo! – Falou rindo o José.


- Não brinque com isso seu malcheiroso. – Também, rindo, disse a menina.


- Por falar nisso, minhas indústrias desenvolveram esse aparelho aqui – mostra um pequeno artefato eletrônico – que altera o campo magnético e perturba a percepção do odor direto no bulbo olfativo.


- Fantástico! – Disse José – A pessoas sentem cheiro de quê?


- De nada – respondeu Lázaro – Não é bacana isso? Resolveu o meu problema e vai resolver o de muita gente assim que for lançado no mercado.


- Nem acredito que aquele cheiro de morto da semana passada desapareceu. É verdade, não sinto nada – Falou a menina Martha.


- Quatro dias! Quatro dias! – Falou de forma imperativa o Lázaro.


- E como você anda Lázaro? – Perguntou José.


- Ainda sinto a culpa por tudo que aconteceu. Se Ele não tivesse me ressuscitado não teria sido crucificado. Caifás só renuiu o Sinédrio porque soube que eu estava morto há quatro dias e o Senhor me trouxe dos mortos.


- Nós também fomos ressuscitados! – Disse a menina.


- Mas, foi o meu evento que marcou o início de tudo. A tragédia se deu quando voltei a caminhar entre os vivos.


- Lázaro, não se culpe. Você foi o mais importante de nós, graças a você a história pode ser escrita como foi. - Falou José.


- Você é o único que nunca trocou de nome esses anos todos. – Disse Martha.


- Sim, meu nome é comum... não tenho motivos para esconder e, claro, ninguém sabe da verdade.


- A verdade? – Disse a menina – É que preferia estar morta do que viver com essa raiva dentro de mim. Não vivo plenamente, o Senhor mandou me darem de comer e isso me persegue, uma fome que não se sacia e a idade infantil que não avança.


- A verdade? – Disse Lázaro – é essa culpa que não me deixa dormir direito a dois mil anos. Sabendo que minha ressurreição foi o estopim de toda tragédia e dor que se abateu sobre Nosso Senhor.


- A verdade? – Falou o filho da viúva, hoje denominado José – É que agradeço ao Senhor todos os dias pela dádiva da vida e faço sempre o melhor que posso para ajudar as pessoas a viverem melhor. Assim como vocês dois. Um, em busca do crescimento se tornou uma mulher que criou vários medicamentos e hormônios para o crescimento, ajudando muitas pessoas com esse problema no mundo e, agora, está espalhando universidades por essa Terra.


Fez uma pausa, mas nenhum dos outros dois ousou falar.

- Mais verdades? Lázaro, nessa busca louca por acabar com o mal cheiro que exalava, criou vários perfumes e suas indústrias o tornaram rico, famoso e, da mesma forma que você Martha, também ajudou pessoas a se sentirem melhor. Eu – abaixou a cabeça – Não tenho indústrias, não construí faculdades. Tenho mais de quatrocentas graduações, sempre querendo aprender mais para ajudar o maior número de pessoas possível. Mas, de fato, a raiva e a culpa foram mais úteis à humanidade estando nos corpos de vocês dois.


Lá estão em silêncio aquelas três pessoas condenadas a eternidade. Cada um com sua interpretação do que seja viver. Nem todos estão gratos pela longa existência, mas, cada um deles, faz o melhor que pode com o tempo e a motivação que possuem.


Eles têm todo o tempo para errar e acertar, tentativas e erros que podem chegar ao infinito de anos. E nós? Quanto tempo ainda teremos para arriscar, acertar ou errar? Pensar nisso pode nos levar a fazer escolhas melhores no próximo minuto.




sábado, 1 de outubro de 2016

O EMPODERAMENTO DA MULHER


Por João Oliveira


Várias publicações podem ser encontradas orientando os profissionais de como é possível usar melhor a linguagem não verbal no local de trabalho. Detalhes que vão desde da roupa que se veste até o modo de arrumar uma mesa de reuniões. Os cuidados que devem ser tomados para evitar discordâncias entre a comunicação verbal e a não verbal também sempre são tópicos importantes destacados em artigos, livros e revistas que focam no tema.

Poucos são os conteúdos voltados especificamente para o universo feminino que hoje ocupa lugar de destaque garantido dentro das instituições em quase todos os países. O fenômeno da líder gestora que emana poder com sua presença não chega a ser uma grande novidade nas instituições ocidentais, mas, alguns cuidados podem ser tomados para manter sempre um elevado nível de reconhecimento pela sua equipe de trabalho.

O espaço das mulheres no mercado de trabalho se amplia a cada ano e as barreiras, antes levantadas pelo perfil dos cargos que poderiam ser ocupados, agora se demonstram invalidas graças a capacidade de adaptação a todo tipo de desafio imposto pelas demandas emergentes. Não há estrutura organizacional que não perceba a multiplicidade da forma de pensar e agir do sexo feminino.

Longe de ser o sexo frágil, as mulheres dispõem de uma interação entre os hemisférios cerebrais muito mais eficiente que os homens. Isso ocorre por conta de um volumoso corpo caloso, a estrutura que existe bem no meio do cérebro unindo os dois lados por meio de conexões neurais. Isso permite uma troca de informações entre as regiões analíticas e emocionais com extrema velocidade permitindo que a mulher possa lidar com múltiplas tarefas ao mesmo tempo, enquanto, os homens, estão limitados em apenas uma única elaboração mental por vez.

No entanto, ainda pode ser notado em algumas mulheres um perfil comportamental herdado, por uma provável memória filogenética, que pode ser percebido na assinatura exibida pela linguagem corporal. A renomada autora americana Carol Kinsey Goman (Phd) em seu texto de 2010: “10 Body Language Tips for Female Leaders” já ressaltava pequenas falhas na estrutura comportamental feminina que podem comprometer a imagem de uma líder diante de um grupo de colaborares masculinos, como relataremos adiante.

O universo corporativo solicita que seus gestores possuam líderes que transmitam: calor, empatia, simpatia e carinho. Em conjunto com a autoridade conquistada pela expressão do poder que surge com a credibilidade e o status alcançado. Claro que o compromisso com os atos da fala verbalizados deve ter seus correspondentes materializados no mundo real. Assim, tudo que o líder gestor (de ambos os sexos) diz quando declara algo ou solicita em suas petições ao grupo de colaboradores deve ter consistência para criar a credibilidade necessária à liderança.

A diferença na assinatura corporal, entre os sexos, pode ser corrigida com atenção a pequenos detalhes que, por serem absolutamente inconscientes, ainda podem ser percebidos em qualquer ambiente onde exista a interação entre homens e mulheres na organização. Alguns dos gestos e posturas são comuns aos dois sexos, mas, nem por isso devem ser menosprezados pela mulher que deseja polir sua imagem na instituição onde atua. Uma pequena lista pode ser útil para quem deseja alinhar a linguagem do corpo de forma a acrescentar qualidade aos talentos já existentes em uma líder gestora (GOMAN, 2010).

1 – As mulheres tendem a inclinar demasiadamente a cabeça para um dos lados quando se expressam através da linguagem verbal. Trata-se de uma forma de completar o que está sendo dito como uma afirmação ao conteúdo, mas esse gesto também sugere submissão.

2 – Outra tendência natural é uma necessidade inconsciente de diminuir em escala seus movimentos corporais. Aparentando uma vontade de ocupar um menor espaço no ambiente. A líder gestora deve buscar corrigir esse vício de linguagem corporal, mas, sem excessos.

3 – Muitos são os gestos de pacificação que funcionam como uma tentativa de diminuir a tensão e o estresse como: esfregar as mãos, tocar o pescoço, joias ou acariciar o próprio braço. Esses movimentos devem ser evitados sempre que forem percebidos.

4 - Mesmo querendo esbanjar simpatia, o que é muito bom, sorrir excessivamente pode diminuir a credibilidade principalmente quando se discute algo sério em alguma reunião no trabalho.

5 – Existe um movimento que é comum em homens e mulheres: balançar todo o corpo apoiado nos dois pés como um pêndulo. Esse jeito de reagir ao estresse é uma contramedida conhecida de momentos onde a ansiedade está presente. Também pode ser comparado a um balançar do berço do bebê. Claro, deve ser evitado, pois envia uma comunicação clara de nervosismo.

6 - Por ter uma voz mais aguda, as mulheres, de uma forma geral, procuram articular as frases aumentando o tom de voz ao final das frases que não são perguntas. Isso deve ser observado e pode ser corrigido (quando necessário) com exercícios de fonoaudiologia.

7 – Capaz de rápidas elaborações de pensamento, as mulheres, quase sempre, esperam mais tempo que os homens para articular sua fala durante uma negociação. Esse período de silêncio antes de voltar a falar dentro de uma conversação, especialmente no universo corporativo, pode parecer indecisão quando, na verdade, é o momento onde a mulher faz várias prospecções futuras sobre os resultados que podem ser alcançados.

8 - Quando deseja convencer alguém de suas ideias, tanto as mulheres quanto os homens, podem tender a usar gestos excessivos com as mãos, praticamente desenhando o que fala no ar com os braços. Isso não é aconselhável, pois podem ser confundidos com gestos de defesa ou ataque.

9 – Embora as diferenças de julgamento sobre o comportamento de homens e mulheres esteja diminuindo com o tempo, ainda existe um certo preconceito com o tipo de comportamento mantido pelas líderes. Os relacionamentos rápidos com membros da equipe ou que possam ser percebidos como tal podem diminuir o status de poder de uma líder gestora.

10 – Ter um aperto de mão delicado é natural das mulheres que são mais afetuosas. No entanto, esse gesto cortês também entrar na lista dos que podem sugerir submissão. Ter um aperto de mãos mais firme transmite confiança.

A preocupação de manter uma linguagem corporal que exiba um perfil de segurança e firmeza na atuação profissional não deve estará apenas centrada na figura feminina. Óbvio que o homem, igualmente, tem seus trejeitos inconscientes que contaminam suas palavras pela incongruência postural.

Apenas devemos lembrar que no ambiente corporativo todas as ferramentas que forem úteis ao crescimento pessoal devem ser absorvidas por quem almeja um desenvolvimento contínuo. Não é possível abrir mão de conhecimentos que podem ampliar a certeza, no meio do grupo de colaboradores, de estar sendo gerido por uma pessoa de competência ímpar.

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terça-feira, 16 de agosto de 2016

O MISTÉRIO DA PONTE SUSPENSA



Por João Oliveira

Era de fato muito interessante ver os animais passando sobre a Ponte suspensa de Ghasa – Nepal. Eles chegavam ao outro lado de uma forma tranquila e a ponte nem balançava. Isso era realmente interessante, pois ocorria mesmo sob fortes ventos.

Os moradores do local já não tinham tanta sorte. A ponte sempre balançava muito, mesmo quando não havia vento algum no desfiladeiro. Isso, fato percebível por qualquer pessoa, ocorria há muitos anos sem nenhuma explicação.

Os anciões, velhos sábios e experientes, têm algumas teorias: - “ A ponte protege os animais e não gosta dos homens! ” – Dizem alguns – “ Os deuses possuem preferência pelos inocentes, por isso a ponte respeita os animais que são almas puras de Deus! ”.

Dito pelo não dito ainda se configura a realidade: a ponte só balança quando passam seres humanos.

Não tem muito tempo uma pessoa trouxe um amigo cego para conhecer a aldeia e, como vocês já devem ter desconfiado, na ponte de Ghasa só é possível passar uma pessoa por vez, por isso o cego – que nunca havia estado por ali antes – foi colocado sozinho na frente e ninguém o alertou para o perigo da ponte.

Ele passou tranquilo por uma ponte firme sem nenhuma manifestação de incômodo. A ponte não balançou em momento algum.

Claro: - “Deus protege os cegos também! ” Mas, alguém lembrou de um pequeno detalhe, quando os animais passam pela ponte eles têm seus olhos vendados. 

Agora uma real confusão estava armada no pequeno povoado. Como podemos associar, pensavam os mais velhos, os olhos vendados dos animais ao cego e o não balançar da ponte. 

- “Já sei! – Disse o velho Safae (seu nome significa clareza, pureza e serenidade) – Venda-me os olhos e eu provarei que a ponte respeita aqueles que não tem visão. Está resolvido o mistério da ponte! ”

Aplaudido de pé por todos que estavam em volta da fogueira e, sem perda de tempo, foi vendado e colocado na ponta da ponte. 

Nem queira saber o que ocorreu em seguida. A noite de lua cheia, sem vento algum, viu a ponte balançar – de tal forma – que o ancião não deu cinco passos além da borda.

O segredo da ponte ainda impera entre os habitantes da pequena aldeia de Ghasa, lá no alto do Nepal, mas, eu posso dizer para você o que realmente ocorre. 

Os animais, com os olhos cobertos, não sabem por onde estão passando. Não tem medo, não tremem, e isso não reflete na estrutura da ponte que pode ser impactada por mínimas alterações em sua superfície. As cordas que a sustentam amplificam, como uma onda, qualquer tremor que ocorra em sua face.

O cego desconhecia o local, não tinha noção de onde estava caminhando e por isso não teve medo, não teve dúvidas e não causou nenhuma mudança na acomodação da ponte.

Já os homens, que temem a altura e a fragilidade aparente da ponte de Ghasa, possuem temor ao perigo e, seus pequenos movimentos de insegurança, mesmo os ideomotores, acabam sendo refletidos pela ponte que, como já sabemos, os amplifica em toda sua extensão. O velho ancião, mesmo vendado, conhecia os riscos da ponte, temia cair e morrer e isso não mudou seu passo mesmo tendo seus olhos vendados.

O que podemos retirar dessa verdadeira história?

Na vida devemos caminhar com segurança sobre qualquer caminho que tenhamos de enfrentar. Isso fará, com que o próprio piso, se mantenha estável enquanto atravessamos as tempestades.

Ter medo, deixar que ele se apodere de nós, só irá criar ondas que serão potencializadas pela estrada da vida.

Ainda penso em atravessar a ponte de Ghasa um dia. Será que ela irá tremer sob os meus pés? E sob os seus? Na verdade, me desculpe a pergunta: o chão está trêmulo agora ou são apenas os seus pés?