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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A MENINA QUE NÃO CONHECIA A NOITE



Por Beatriz Acampora

No Egito antigo era comum as mulheres dormirem muito, cerca de 16 horas por dia. Yasmin era uma menina jovem, com 14 anos de idade, e tinha uma vida confortável, sem muitas regalias, mas com o que era preciso para viver naquela época.

A rotina da jovem Yasmin era acordar cerca de 07h da manhã, comer alguma coisa, ajudar sua mãe nos afazeres domésticos, estudar um pouco e voltar a dormir por volta das 15h. E dormia até o dia seguinte. Essa rotina, dizem, tornava as mulheres mais belas e saudáveis.

Ocorre que Yasmin nunca havia visto a noite. Certa madrugada, ela teve um sonho estranho e acordou antes do sol nascer. Quando abriu os olhos viu seus pais deitados dormindo, diferentes do que estava acostumada e assustou, acreditou que eles estavam mortos. Olhou pela janela e ficou ainda mais apavorada, pois, no lugar do sol, havia a escuridão da noite e pontos brilhantes no céu.  Aterrorizada, a menina começa a gritar e acorda a casa inteira.

Yasmin corre para o deserto tentando fugir daquela situação desconhecida. Porém fica ainda mais atordoada quando vê uma bola redonda, grande e branca no céu. Ela pensou: “será que esta coisa engoliu o sol”? A mãe foi atrás dela, a abraçou e explicou: “minha filha: essa é a noite, de dia existe o sol, a claridade e à noite existem a lua, as estrelas, que são esses pontos brancos no céu.

A mãe de Yasmin ficou abraçada com a filha, explicando os benefícios do dia e da noite, até que o sol nasce e a menina fica maravilhada com o amanhecer, com a transformação da noite em dia.

Os mistérios da vida, precisam ser apresentados. Quantos mistérios ainda seriam revelados a Yasmin? Quantos mistérios ainda se desvelarão na sua vida? E diante destes mistérios, todos têm o poder de escolher o que fazer com o novo conhecimento.  Cada um tem mistérios a revelar que podem surpreender o outro, abrir a porta para um pensamento, um julgamento diferente.

A cada um é dado muitas possibilidades em uma trilha individual e, na pessoalidade cotidiana do viver, a escolha de quais caminhos percorrer, qual a direção seguir, a intenção e a vontade de realizar, se tornam o chão daquele que percorre a vida em toda sua intensidade.

É como um homem de setenta anos do interior que nunca viu o mar e quando fica diante da imensidão do oceano, dentro dele, tem uma vastidão de ondas porque seus olhos se enchem de lágrimas, que viram rio.

É como um ribeirinho que cresce do lado do rio e para ele aquilo não tem mais mistério nenhum, mas quando ele vê uma cachoeira, se maravilha. É como um homem que vive ao lado da cachoeira, perto de uma floresta e vê os peixes pulando e não há mistério algum, mas quando ele vê algo novo pela primeira vez, maravilhado, aquilo também se torna um mistério desvelado.

Então, todo mistério, só pode deixar de ser mistério quando é revelado.  Quantas revelações ainda vamos nos permitir ter? A vida fica mais simples e fácil quando somos capazes de compreender e aceitar que existem mistérios a serem revelados em toda a parte e qualquer pessoa pode ser a fonte para desvelar um enigma quando estamos dispostos a entendê-lo.


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