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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Matei um homem





        Por João Oliveira        


                Meu nome é Alexandro e devo lhe contar uma coisa. Um evento muito sério... vou dizer toda a verdade, afinal, ele me fazia muito mal. Hoje não seria capaz de dividir a mesa do jantar com ele em nenhuma ocasião. Fiz bem em destruir sua existência.       

                Agora que ele se foi posso me sentir mais livre e feliz. Sumiu de mim toda inquietação que sempre me provocava. Muito passional, ele levantava questões especulativas sobre todos ao seu redor e, por conta disto, vivia em um mundo de medo e ansiedade constante, quase um psicótico.

Não era boa companhia para ninguém, não construiu amizades sólidas e, ao contrário, conseguiu impedir o surgimento de várias possibilidades de relacionamentos duradouros. Afinal, abusar dos sentimentos dos outros era sua melhor especialidade.

Agora que está morto, por minhas próprias mãos, o mundo é um lugar melhor. Principalmente para mim e, tenha certeza do que vou lhe dizer, devia tê-lo matado muito antes. 

Antes que você me condene, deixe-me esclarecer alguns pontos:

1)      Ele estava destruindo, por completo, minha capacidade de raciocínio.
2)      Seus hábitos poderiam me matar em algum tempo.
3)      Nunca me ajudou a crescer, muito pelo contrário, sempre atrapalhava tudo com seu comportamento inadequado.

O homem que matei tem o mesmo nome e cpf que eu, no entanto era outra pessoa completamente diferente. Você faria o mesmo, se é que já não fez e ainda não se deu conta: extirpou parte de você que prejudicava sua vida.

Sabe, isso funciona como uma nova posição de ver o mundo: como se você estivesse sobre a montanha vendo, agora, as grandes casas que você admirava muito pequenas lá embaixo. O problema é que ainda existe uma sombra, sua, pairando por onde você caminhou.

São as pegadas de outro homem que habitava seu corpo. Uma identidade diferente que podia agir de uma forma abominável para os seus princípios atuais. Claro que ele pode te assombrar em pesadelos noturnos e, o melhor que pode ser feito neste momento, é matar, por completo, cada estrutura ruim deste ser antigo que ainda habita sua mente.

Não me olhe assim. Nem tudo nele estava perdido (ainda bem) muitas coisas foram excelentes em seu tempo e, graças a estes passos, pude ver o diferencial de escolhas. Realmente sei o que pensa, você se orgulha de tudo que vez em sua vida. Que bom! Isso deve ser porque eu tenho boa memória dos meus atos e consigo julgar a mim mesmo antes de avaliar a ética de outras pessoas.

Está morto! Falar disso me causa uma sensação de livre arbítrio como nunca tive antes. Tomei a decisão, olhei para a meta final e sigo caminhando. Nem sei porque motivo você elenca este assunto agora. Deixe isso no passado. Já confessei meu crime. O que tenho de pagar?

Entendo... então estarei condenado a viver com ele dentro de mim mesmo que ele não possa se manifestar em momento algum. Ele será memória. Fator importante para manter o rumo centrado a cada novo momento desafiador.

Saber reconhecer suas falhas pode ser o fator mais importante para o crescimento pessoal. Entretanto, não é possível matar parte de você como se fosse um jornal velho que queimamos no quintal. Sempre haverá lembrança dos erros e isso pode ser o guia para os acertos futuros.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O ESTACIONAMENTO





  Por João Oliveira            

          Há algum tempo eu estava conversando com um amigo que construía um grande estacionamento. Ele me dizia da importância de conhecer o fluxo de veículos por dia, o tipo de carros, seu peso e o horário de funcionamento para poder prever o perfil da obra que iria fazer.

                Não me pareceu algo complicado, afinal estacionamentos são todos iguais é um espaço plano, com um piso concretado e faixas que sinalização onde se pode parar. Na verdade, neste dia, descobri que isso pode ser apenas parte da realidade. Os estacionamentos são muito diferentes, uns dos outros, na sua estrutura de base. O que fica sob a terra e não podemos ver quando utilizamos seu espaço.

                Ocorre que, a massa dos veículos que usa o estacionamento, difere pois, podem ser carros de passeio, caminhões, ônibus; o tempo que os veículos ficam parados podem ser 24 horas, de curta ou longa duração; e, principalmente: que tipo de solo é este onde estamos construindo este estacionamento? Acredite, tudo isso vai influenciar no cálculo final da obra. Só após este minucioso estudo é que os engenheiros podem projetar o tipo de base necessária para suportar, sem risco de afundamento ou rachaduras, um perfeito local onde você poderá estacionar seu carro com total segurança.

                Isso me fez refletir sobre outra coisa.

                Quando vemos pessoas sentadas no metrô ou se divertindo em um bar não podemos saber que tipo de estrutura elas possuem. Veja, conhecimento e experiência não estão estampados na roupa ou na face das pessoas. Aparentemente todas podem ser muito parecidas, pois tem o mesmo perfil físico, falam o mesmo idioma e riem das mesmas piadas. Mas, o que está por baixo desta capa (como o estacionamento) pode fazer toda diferença no lidar com o peso do mundo.

                Da mesma maneira que não podemos julgar uma área livre concretada – sem conhecimento específico de engenharia – como um local seguro para deixarmos nosso carro, Também deveríamos evitar comparar as pessoas sem um conhecimento mais aprofundado de suas capacidades, experiência de vida e investimento, que cada uma vez, em adquirir conhecimentos para se tornar um profissional em sua área de atuação.

                Pode parecer muito simples, de fato, construir um estacionamento principalmente se não houver compromisso com segurança e durabilidade. Pode parecer muito fácil ser competente em determinada área tão somente porque podemos ver pessoas sendo assim. Aparentemente são pessoas que poucas diferenças possuem das outras e isso se dá exatamente porque o diferencial não está à mostra. Não podemos tocar o que faz alguém se tornar virtuoso: isso faz parte de uma estrutura interna, construída com cuidado e longo período de maturação.

                Caso tenha a intenção de construir uma base sólida bastante para suportar todas as intempéries da existência, sugiro um bom estudo do campo onde pretende atuar. Seja na vida profissional, pessoal social ou familiar, sempre é válido um período de investimento em preparo para que possa obter sucesso em suas interações.

                No campo pessoal social ou familiar o foco deve ser a administração emocional. Para isso existem vários métodos capazes de dotar uma pessoa de mecanismos comportamentais, basta um investimento em livros ou mesmo o auxílio de um profissional no campo da saúde mental (isso mesmo, pessoas saudáveis são as que mais buscam o profissional psicólogo).

                Já se o foco for direcionado para o ambiente profissional o conhecimento específico da área de atuação deve ser captado na fonte: sala de aula! Seja no universo técnico ou acadêmico não se deve abrir mão de obter o saber de onde o credenciamento dos profissionais professores foi avaliado como fidedigno. Além disso, a busca pessoal pelo crescimento vai além das horas requeridas em qualquer formação e se dedica ao aprofundamento do conhecimento recebido. Criando, em si, uma estrutura de base invisível aos olhos numa mesa de bar, mas eficiente na sua atuação no dia a dia como bom profissional.

                Transforme-se! Se já se considera eficiente em tudo que faz, ainda existe tempo para se tornar ainda melhor, mais competente e comprometido com sua área. Caso se julgue inferior às pessoas ao seu entorno, invista em si próprio. E, em último caso, se mesmo sem preparo algum acredita que pode fazer igual ou melhor do que as pessoas que passaram anos de sua vida edificando a própria estrutura, saiba que o mercado atual seleciona os melhores profissionais e mais bem preparados; diante de tanta informação na internet, as pessoas dificilmente entregam suas expectativas ao desconhecido. 

Nada, no universo, ocorre por acaso. Até existe sorte, mas ela precisa ser ajudada pelo esforço e pela dedicação.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Cheiro de Chuva



Por João Oliveira

                Um condicionamento feito por uma indução de auto-hipnose neurossensorial é algo realmente muito forte e, como percebemos, pouco utilizada. O tempo todo estamos sendo condicionados desta forma: o cheiro de um perfume lembra uma pessoa e bate uma saudade triste ou, uma música nos faz recordar de uma tarde na praia e ficamos mais alegres.

                O funcionamento é relativamente simples, uma sensação qualquer que pode ser visual, sinestésica ou auditiva serve como âncora para um estado psicológico instalado ou, como já conseguimos alguns resultados, em substituição a alguma substância química usual, como cigarros ou drogas. Estando o sujeito em estado alterado de consciência, sem barreiras criticas, o condicionamento fica livre de análises e pode alcançar um excelente nível de aproveitamento.

                Algumas ancoragens neurossensoriais foram desenvolvidas em nosso consultório durante a pesquisa para o mestrado na UENF-RJ e, se mostraram altamente eficazes. Na verdade elas nem são citadas na dissertação, pois este não era o tema principal e, essas induções com apoio neurossensorial, faziam parte da abordagem para o método desenvolvido para o Emagrecimento Pela Palavra. No livro “Ativando Seu Cérebro Para Provas e Concursos! Esse perfil de indução é associado à recuperação de memórias de conteúdo estudado, mas pode ser utilizado para qualquer “colagem” na estrutura psíquica. Uma dessas técnicas de auto-hipnose é mais antiga do que podemos mensurar: a do Mantra Diário, por exemplo, que foi reeditada pelo Émile Coué no século XIX já era usada pelo egípcios e hindus em suas meditações transcendentais.  Se observarmos bem, ao nosso redor, a auto-hipnose está em quase tudo que requer atenção dirigida. Como disse certa vez o Dr. Milton Erickson: “-Tudo é hipnose e nada é hipnose.” 

Alguns exemplos práticos que encontramos no livro “Ativando Seu Cérebro Para Provas e Concursos” Editora WAK 2012

Ancoragem Neurossensorial Tátil – As ancoragens neurossensoriais sempre são muito poderosas e esta é muito fácil de ser feita e só depende de uma boa concentração. Ao ler um trecho do texto que precise ser memorizado, repita a leitura tocando uma parte do seu corpo sob pressão tátil. Faça assim: Com dois dedos da mão direita pressione um dos dedos da mão esquerda. Continue apertando enquanto lê e relê o texto por alguns momentos. Pronto: a ideia é que, ao apertar de novo, nesta mesma área com pressão similar, irá criar condições para o acesso na memória do material estudado.

Ancoragem Neurossensorial Gustativa – Usando o paladar para memorizar. Use um tipo especial de balas com vários sabores diferentes. Lógico, você já entendeu, terá de ter acesso às mesmas balas no dia da prova, por isto saiba escolher bem. O resto é o mesmo processo: estude saboreando as balas. Uma para cada tipo de material que você quer criar associação.  Use, apenas, uma vez cada sabor e, quando necessitar recordar este material especifico, utilize o sabor como ponte à memória.

Ancoragem Neurossensorial Visual – Processo que utiliza cores para ancorar memórias. Utilize, para isto, fitas coloridas como pulseiras no braço. Cada cor um trecho importante. Leia mantendo a fita como guia de leitura, depois a coloque no braço.  Como sempre, a fita deve estar presente no dia da prova para facilitar a recordação do material estudado.

               
                Qualquer cenário psicológico pode ser associado a uma sensação, podemos ativar uma elevada autoestima, promover forte estado de segurança ou ainda substituir compulsões. Nosso cérebro tem respostas e artifícios incríveis que estamos apenas começando a descobrir. Não é nada difícil e você mesmo pode testar algumas destas possibilidades.

                Na próxima vez que sentir o cheiro da chuva chegando pegue um poema que deseja decorar, leia algumas vezes enquanto inspira o odor deste momento. Assim, quando a chuva estiver chegando em outra oportunidade, acredito que você já seja capaz de declamar, de memória, o mesmo texto olhando para as nuvens.