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sexta-feira, 31 de maio de 2013

RENÚNCIA




 Por Prof. Msc. João Oliveira

               

     Oferecer uma renúncia como prova de sacrifico em alguma negociação é algo relativamente comum em nosso ambiente social. Algumas pessoas fazem isto como forma de promessa para alguma deidade de seu íntimo relacionamento ou, um acordo entre amigos, parentes, sendo realmente mais comum, acredito, no aspecto religioso: – “Deus me dê isso que em troca eu deixo de fazer aquilo.”

     Posso estar enganado, mas é possível que existam duas coisas erradas nesta maneira de lidar com a renúncia: 1) Quando feita em forma de promessa, podemos estar colocando Deus em negociatas fora do interesse Dele e o colocando a nosso serviço. 2) Renúncia que gera sofrimento não deve funcionar bem, afinal, se gera angústia é porque existe desejo, então, não houve real desprendimento.

     Antes de tudo, devemos ressaltar se a renúncia ocorre como forma de devoção – um jejum, por exemplo, em datas específicas – fica fora deste contexto por ser ato de fé. O questionamento que trago é sobre a utilização deste mecanismo para pequenos negócios com o senhor do universo. Há alguns anos tive contato com uma pessoa que prometeu ficar um mês sem comer manteiga no pão se tirasse boas notas em uma determinada prova. Desculpe, mas isso me parece muito pouco para um esforço divino. E qual a vantagem – ou dor – envolvido em ficar um mês sem manteiga?

     Podemos até entender quando o esforço para a devolução de uma dádiva recebida se dá em direção ao próprio mundo. Pessoas que investem tempo em trabalho voluntário, criam fundações, fazem campanhas de alimentação para os pobres e tantas outras formar de colocar de volta no mundo aquilo que Dele recebeu. Isso me parece mais justo!

     O outro ponto é quando a tal renúncia não funciona no aspecto psíquico. A pessoa mantém seu voto, mas, por dentro, ocorre uma terrível luta por controle do desejo que não cessa de forma alguma. Lógico que isso não traz nenhum benefício, muito pelo contrário, irá criar danos que podem, até, chegar a doenças psicossomáticas. A pressão interna deve sair de alguma forma e, quando isto não é ressignificado, acaba por gerar sintomas físicos.

     Para a renúncia funcionar ela deve ser entendida como uma vitória cotidiana, dar alegria ao renunciado. Que ele possa vivenciar sua opção com orgulho e satisfação pela escolha dando, a si mesmo, prova de força e valor.

     Dois monges, renunciados ao sexo, estavam subindo uma montanha em direção ao mosteiro quando, um deles, percebe uma mulher em desespero em um rio se afogando. Ele se jogou na agua e retirou a mulher já desmaiada e com as vestes rasgadas pela luta contra a correnteza. Fez respiração boca-a-boca e conseguiu ressuscitar aquele pobre criatura em sofrimento.

     O outro que a tudo assistia ficou boquiaberto: - “Como você fez isso? Tocar em uma mulher seminua! Você colocou sua boca na dela! Você quebrou nossos votos!” – Falava a todo instante – “Quando chegar ao mosteiro eu contarei o fato para nosso líder. Você cometeu um ato abominável!”

     Aquele tom prosseguiu por toda a subida da montanha até quando chegaram às portas do mosteiro o monge nervoso falou mais uma vez: “-Um absurdo o que você fez: tocou as partes íntimas daquela mulher quebrando nosso voto de fé e sacrifício. Vou contar para nosso líder agora!”

     O outro, que havia salvado a mulher completou: - “Diga também por quanto tempo a mulher ficou em meus braços e há quanto tempo ela está dentro da sua cabeça.”

     Assim creio fica mais claro que ser renunciado, de fato, não é algo que se deixa de fazer com sacrifício. Trata-se de uma incorporação, uma maneira de viver sem sofrimento algum pela escolha e livre de qualquer ansiedade em relação ao tema.

     Um velho ermitão vivia isolado em sua caverna, bom homem, ele praticava curas e era muito sábio. Pessoas vinham de longe para estar com ele em busca de solução para os problemas da vida. Quando perguntavam o segredo de tal poder e sabedoria ele dizia simplesmente que a renúncia de tudo da vida material o havia dotado de tais capacidades. Na verdade, ele só tinha dois pertences: duas tanguinhas. Isso mesmo, ele só se vestia cobrindo parte do corpo, com uma pequena tanguinha, que revezava todos os dias.

     Um dia um visitante lhe disse que conhecia outro ser com tal poder, mas, que, ao contrário dele, se tratava de um rei muito rico que vivia lá embaixo da colina. Sem poder acreditar em tal coisa – alguém sem renúncia e poderoso? – ele desceu, levando sua tanguinha reserva e foi estar com tal personagem.

     Lá chegando enfrentou grande fila para falar com o rei, pessoas de todo o mundo vinham falar com ele em busca de cura ou conselhos, ele era realmente um ser poderoso e sábio. Questionou de pronto como seria possível ele ser rico e, ao mesmo tempo cheio de capacidades? O rei disse que não sabia como explicar e pediu que o sábio renunciado ficasse em seu castelo e observasse o dia a dia, quem sabe poderia encontrar uma resposta para tal mistério.

     Indignado por ver que seu sacrifício poderia ter sido totalmente evitado ele segue o rei em uma caçada durante o outono. Quando já distante uns bons 10 quilômetros, eles olham para trás e veem, com espanto, o castelo em chamas.

- “Meu Grande Senhor Do Universo! Seu castelo esta em chamas! Vamos voltar correndo!” – disse o mais pobre.

- “De nada adianta – falou o rei – as chamas já estão altas e o povo – veja a correria nos campos – já está fora de perigo. Nada resta a fazer... vai queimar tudo mesmo.” Completou.

- “Não! – gritou o sábio renunciado – Vamos voltar rápido! Ainda dá tempo! Vamos!”

- “Relaxe – disse o rei – Faremos outro castelo, não se preocupe, por que está tão nervoso assim? Estamos bem, a vida é o mais importante.”

- “Você não está entendendo? – gritou o sábio renunciado – Minha outra tanguinha ainda está lá dentro! Vamos rápido, temos de salvar minha tanguinha!”


              



quinta-feira, 23 de maio de 2013

A MOSCA QUE TOCAVA PIANO



Por Prof. Msc. João Oliveira

                A maior parte do tempo ela ficava pousada na cadeira onde o dono da casa sentava para tocar o piano. Os milhares de olhinhos brilhavam tentando entender aqueles símbolos estranhos que guiavam as mãos de forma melódica sobre as teclas: sonho impossível. Por mais que se jogasse, com toda força, sobre uma tecla jamais saiu som algum e, mesmo se conseguisse, como poderia executar tantas notas de forma simultânea já que, seu tamanho diminuto, impedia o trânsito por sobre a estrada de pedras brancas e pretas. Ficava sonhando apenas (já que nada custa) em ser a única mosca compositora da família.


                A música estava ali: dentro de sua cabeça! Melodias incríveis e bem melhores que as executadas pelo homem que, todas as tardes, passava horas enchendo o ambiente de magia e tranquilidade. Isso já se tornava um problema para todas as outras moscas que viviam na casa, nenhuma delas suportava este papo de mosca compositora.


                - “Onde já se viu?” – disse uma já bem velhinha – “- Daqui a pouco vai querer comer de garfo e colher!”


                - “Minha filha” – dizia a mãe – “Nós somos moscas, jamais seremos outra coisa. Esqueça isto e seja feliz!”


                Nada poderia mudar a ideia fixa que tinha dentro de sua alma. Essas músicas tinham que ganhar mundo, deixar de existir apenas na imaginação e se tornar algo físico, que invadisse mentes e corações. Melodias para transformar o clima, não só dos homens (que se acham eleitos para tal), mas dos animais também e, até mesmo os pequenos insetos – como ela – que podiam ouvir e sentir as boas vibrações que emanavam daquele velho piano.


                Um dia ela ouviu um zumbido melódico vindo dos fundos da casa, era uma fêmea humana que, com a boca fechada, entoava uma canção. Como ela fazia isso? A mosca parada sobre o varal de roupas observava atentamente a estranha técnica de produzir sons. Não havia nenhum instrumento e ela não usava a voz, apenas vibrava o ar internamente e conseguia fazer surgir tons musicais, aparentemente, pelo pescoço e nariz. 


                Deste instante em diante um universo se abriu: a música não estava confinada às teclas do piano! E um plano começou a ser elaborado pela compositora sem braços, finalmente havia um jeito de tornar real o que só existe no imaginário.


                Durante a noite, a pequena mosca pousou ao lado do ouvido esquerdo do homem que tocava piano e, no travesseiro, começou a bater suas asas de forma rápida e organizada sem sair do lugar. Ela estava, naquele momento, influenciando os sonhos do homem que tocava piano. A madrugada passou rápido, ela insistiu naquele som que saia de suas asas, o zumbido baixo parecia um violino, ao longe, executando uma bela melodia no cenário do mundo de Morpheus.


                Pela manhã, ao despertar, o homem correu ao piano antes mesmo de tomar o café. Uma música estava em sua mente, uma inspiração onírica que trouxe uma melodia jamais tocada. Ele executou de uma só vez a mesma música que havia sido produzida pelas asas da pequena mosca. Do alto do armário, sem créditos, mas realizada em sua missão, uma mosca estava ao piano.


                Muitas vezes, nosso trabalho e devoção podem servir como fonte inspiradora para outros seres transformarem o imaterial em produção física. A realização pessoal está além dos créditos e, podemos ver isto em várias profissões em nossa sociedade. Com certeza os professores e mestres podem ser sentir realizados vendo os feitos de seus antigos alunos. Como mercadores de informações também podemos, como pais e mães, nos realizarmos através de nossos filhos.


                Não se sinta impossibilitado de colocar à frente suas inspirações e, da mesma forma, jamais se julgue menor por outro levar adiante aquilo que seus braços não foram capazes de levantar. Para aquele que acredita no futuro basta provocar o novo pensar em outras pessoas e, isto pode ser alcançado de várias formas. 


Ter a possibilidade de contribuir para o crescimento de alguém já é uma fantástica forma de marcar pontos nesta existência.


LIVROS E CURSOS

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Treinamento em Análise Comportamental


Palestra na Semana Cultural Científica - IBMR Campus Barra da Tijuca 22/05/2013

Muitos alunos do curso de psicologia

O tema foi Análise Comportamental

Após a palestra tivemos um momento para conversar com os alunos

Palestra no Baby Beef da Barra da Tijuca 20/05/2013

Na segunda dia 20/05 junto com o Cadu Freitas estivemos no Baby Beef da Barra falando sobre o novo livro: "A Importância da Interpretação dos Sonhos"

Jornal Folha Dirigida 23/05/2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

João Oliveira na Revista Psique 89: "O Excesso Gera Transtornos" Págs 62 e 63


Um Menino Chamado Tereza




 Por Prof. Msc. João Oliveira

               Não havia nada que desse certo para aquele casal ter filhos. Mesmo desprovidos de recursos financeiros os dois tentaram de tudo junto aos médicos, mas a época, idos anos 60, e o local onde residiam, interior do Ceará, não ofereciam recursos como temos hoje em dia. Não existia ainda essa tal inseminação artificial.


               O apego a Santa Terezinha do Menino Jesus era a única esperança e a promessa foi feita: “- Nascendo a criança terá o nome da Santa!”. Provavelmente a expectativa era que o milagre fosse mais completo, ou seja, que nascesse a criança e que fosse menina. Vingou 50%: menino! No entanto a promessa foi mantida, ele foi batizado como Tereza. O oficial do cartório bem que tentou convencer os dois que isto não era apropriado, mas se rendeu à fé e o registro foi feito!


               Desnecessário dizer que os problemas começaram a surgir assim que Tereza entrou para a escola. Criança é mesmo muito cruel! Hoje chamamos de bullying naquela era pura perseguição mesmo. O menino não tinha paz!


               A mãe o confortava e o pai sempre se metia em confusões tentando defender o filho das covardias que os colegas (podemos chamar assim?) de escola sempre faziam com ele. O pior é que Tereza já estava em dúvida quando a sua própria sexualidade. Para amenizar um pouco as coisas ele pedia, aos reais amigos, que o chamassem de Tetê, isso era mais aceitável socialmente falando. Então sempre que era apresentado a alguém novo ele se nominava: Tetê!


               Bastava uma classe de aula com a chamada de presença que começava tudo de novo. Na faculdade ele já estava pensando em mudar de nome contra a vontade dos pais quando algo mudou sua vida, ele conheceu José. Não sabemos o certo motivo: erro do cartório, promessa de mãe ou raiva do mundo. Deram à menina o nome de José, o avô de Jesus. Claro, eles foram felizes para sempre. O Casal Tereza e José tiveram vários filhos: Denanci, Adama, Ádila, Charli  e Lóris.


               O que podemos pensar sobre isto? O nome de uma pessoa não resume sua personalidade ou sexualidade. Uma vez encontrado um sujeito chamado “Zé” que era muito ignorante não qualifica todos os “Zés” da mesma forma. No aspecto da sexualidade, nem mesmo o corpo define o desejo. Ter nascido com órgãos deste ou daquele formato não finaliza o processo da sexualidade. O desejo e a personalidade de cada um são formados de formas diversas ao longo da vida. A genética pode até ter alguma influência, mas não é decisão judicial.


               Uma decisão judicial, uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), finaliza uma séria questão no Brasil e obriga, a partir de 16/05/2013, todos os cartórios a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A proposta para esta resolução foi feita pelo presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, e foi aprovada por 14 votos a um.


               Posso escolher atravessar a rua e posso fazê-lo das mais diversas formas: correndo, devagar, no meio do trânsito, com o sinal aberto ou fechado... Uma só coisa eu não posso fazer: ficar parado no meio da avenida. A questão em jogo é o direito de movimento, de ir, de escolher e poder trilhar. Não podemos ficar parados tolhendo desejos e vontades por questões nominais ou corporais: a alma é maior e não tem sexo!


               O respeito ao ser humano deve ser igual ao respeito pela humanidade que reside em todos nós. Suas escolhas devem ser respeitadas, sua natureza – seja ela qual for – é um direito. Não é o nome (que você nem escolheu) ou a estrutura física que vão limitar – impedir –a possibilidade de plenitude da experiência da vida. Podemos até ter outra, afirmam algumas correntes religiosas, mas é nesta que sua consciência se manifesta agora: vitam vivere! (viva a vida)



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