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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Gênio da Lâmpada e os três desejos




Por Beatriz Acampora e João Oliveira

               Em uma colina, onde o verde se encontra com a mais translúcida água nascente havia uma velha lâmpada mágica esquecida. Seu primeiro dono tinha sido um rei muito sábio e altruísta e a havia utilizado devidamente em situações muito especiais. Contudo, após uma batalha no reino, quase tudo foi destruído, o rei foi deposto e morto e a velha lâmpada ficou entregue aos arranjos da natureza.

               O destino daquela lâmpada mágica estava para ser mudado. Uma mulher lutadora e bondosa caminhava todos os dias na colina para tentar esquecer a dor de ter perdido várias pessoas da sua família com uma doença avassaladora. Naqueles dias, a solitária mulher pedia aos céus que sua melhor amiga não fosse levada pela mesma moléstia.

                Ela se senta para descansar e vê, ao longe, o sol refletir em algo levemente dourado. Sua curiosidade a faz pegar o objeto e ficar muito curiosa quanto à sua utilidade. O brilho real há muito tinha se perdido e o dourado mais parecia ferrugem. Foi quando a mulher decidiu levar a lâmpada para casa e poli-la. Talvez servisse como um objeto de decoração.

               E assim o fez: chegando à casa, logo tratou de polir o objeto e quando a lâmpada estava brilhando de tão dourada, ela a acariciou com suas próprias mãos. Para sua surpresa, um gênio sai explosivamente de dentro da lâmpada e lhe diz: 

               “-Olá, sou o gênio da lâmpada e tu me libertaste! Tem direito a três pedidos, mas ressalto que nem todos os desejos saem exatamente do jeito que pensamos porque existem muitos fatores que influenciam o desejo após ele ser realizado e aquilo que desejamos inicialmente pode não ser exatamente como deve ser de fato. Portanto, escolha muito bem seus três desejos!”

               A mulher, perplexa, só conseguia pensar em uma coisa: salvar a vida da sua melhor amiga. E foi logo desejando: 

               “-Quero que minha melhor amiga seja curada do mal que sofre e que esta maldita doença vá embora!”

               O gênio realizou o primeiro desejo e sua amiga ficou curada. A mulher ficou muito feliz e negociou com o gênio um tempo para fazer os outros dois desejos, enquanto isso ele seria seu convidado em sua casa. E os dois se tornaram bons confidentes.

               Ao final de trinta dias sua amiga ficou muito doente novamente e a mulher se voltou contra o gênio dizendo:

               “-Que tipo de gênio é você? Porque minha amiga ficou doente novamente?”

               O gênio analisou a amiga de sua então confidente e disse:

               “- Essa não é a mesma doença de antes, é de outro tipo, uma moléstia diferente e ainda pior do que a outra, muito mais mortal.”

               A mulher simplesmente respondeu:

               “- Então vamos rápido ao segundo pedido: quero que minha melhor amiga seja curada do mal que sofre e que esta maldita doença vá embora!”

               O gênio, constrangido, tentou explicar que talvez isso não funcionasse da maneira como ela pensava, mas, sem ser ouvido, realizou o segundo desejo. Ele não estava certo do que aconteceria, na verdade ele não tinha um bom pressentimento, pois sabia, mais do que ninguém, depois de tantos milênios de vida, que as pessoas faziam escolhas, assumiam compromissos, acolhiam problemas e criavam suas próprias doenças.

               A mulher já estava muito desconfiada do poder do gênio, embora dentro dela ainda havia a credulidade necessária para fazer um terceiro desejo. Principalmente depois que sua amiga melhorou e elas começaram a passear e a se divertir.

               Todavia, após novos 30 dias, infelizmente, sua amiga caiu muito doente mais uma vez. Agora ela estava ainda pior do que as outras vezes e não conseguia, nem mesmo, se levantar da cama ou andar e, como último pedido em vida, apenas chamou sua amiga para se despedir, dizendo:

               “- Não gaste mais seus desejos comigo! Você tem apenas mais um desejo! Peça algo para você, seja feliz! Eu não quero mais viver, não vejo sentido na vida e você deve me deixar ir!”

               A mulher ficou perplexa com o pedido de sua amiga e, ao ouvir isto, correu para sua casa e tomou uma decisão passional: chamou o gênio e fez seu último desejo:

“-Agora vou fazer meu último desejo, faça o favor de trabalhar direito! Meu desejo é: quero que minha amiga seja curada de todo o mal que lhe aflige e que nada mais a possa incomodar!”

O gênio não titubeou e realizou o último desejo no mesmo instante. A mulher ficou atônita com o que aconteceu: no dia seguinte chegou à notícia que sua melhor amiga havia morrido durante a noite. Ela estava furiosa com o gênio e foi tomar satisfações.

“-Por que minha amiga morreu? Que tipo de gênio você é? Você é do mal? Nenhum dos meus desejos foi realizado! Quero o direito a mais três desejos!

O gênio apenas lhe disse:

“-Tentei lhe avisar, mas você não estava pronta para escutar! Nossos desejos, por melhores que sejam não podem modificar a estrutura de vida das outras pessoas quando o a vontade delas já está consolidada. Muitas vezes os nossos anseios não andam na mesma direção que os desejos das pessoas que amamos e ao impormos nossa vontade ao outro pode haver um choque, pois o outro já fez sua escolha! Sua amiga não queria mais viver e gostava de estar doente, para ela a cura era não estar mais aqui. Mas, para você a cura significava ela estar ao seu lado, saudável e isso não era mais uma possibilidade para ela. Da próxima vez que for tentar ajudar alguém, apenas ofereça seu apoio e deixe que a pessoa lhe diga como quer ser ajudada.”

Dito isso, o gênio foi embora e a lâmpada simplesmente brilhou intensamente, transbordando uma energia de paz que inundou o coração daquela pobre mulher.

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