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quinta-feira, 16 de maio de 2013

Um Menino Chamado Tereza




 Por Prof. Msc. João Oliveira

               Não havia nada que desse certo para aquele casal ter filhos. Mesmo desprovidos de recursos financeiros os dois tentaram de tudo junto aos médicos, mas a época, idos anos 60, e o local onde residiam, interior do Ceará, não ofereciam recursos como temos hoje em dia. Não existia ainda essa tal inseminação artificial.


               O apego a Santa Terezinha do Menino Jesus era a única esperança e a promessa foi feita: “- Nascendo a criança terá o nome da Santa!”. Provavelmente a expectativa era que o milagre fosse mais completo, ou seja, que nascesse a criança e que fosse menina. Vingou 50%: menino! No entanto a promessa foi mantida, ele foi batizado como Tereza. O oficial do cartório bem que tentou convencer os dois que isto não era apropriado, mas se rendeu à fé e o registro foi feito!


               Desnecessário dizer que os problemas começaram a surgir assim que Tereza entrou para a escola. Criança é mesmo muito cruel! Hoje chamamos de bullying naquela era pura perseguição mesmo. O menino não tinha paz!


               A mãe o confortava e o pai sempre se metia em confusões tentando defender o filho das covardias que os colegas (podemos chamar assim?) de escola sempre faziam com ele. O pior é que Tereza já estava em dúvida quando a sua própria sexualidade. Para amenizar um pouco as coisas ele pedia, aos reais amigos, que o chamassem de Tetê, isso era mais aceitável socialmente falando. Então sempre que era apresentado a alguém novo ele se nominava: Tetê!


               Bastava uma classe de aula com a chamada de presença que começava tudo de novo. Na faculdade ele já estava pensando em mudar de nome contra a vontade dos pais quando algo mudou sua vida, ele conheceu José. Não sabemos o certo motivo: erro do cartório, promessa de mãe ou raiva do mundo. Deram à menina o nome de José, o avô de Jesus. Claro, eles foram felizes para sempre. O Casal Tereza e José tiveram vários filhos: Denanci, Adama, Ádila, Charli  e Lóris.


               O que podemos pensar sobre isto? O nome de uma pessoa não resume sua personalidade ou sexualidade. Uma vez encontrado um sujeito chamado “Zé” que era muito ignorante não qualifica todos os “Zés” da mesma forma. No aspecto da sexualidade, nem mesmo o corpo define o desejo. Ter nascido com órgãos deste ou daquele formato não finaliza o processo da sexualidade. O desejo e a personalidade de cada um são formados de formas diversas ao longo da vida. A genética pode até ter alguma influência, mas não é decisão judicial.


               Uma decisão judicial, uma resolução aprovada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), finaliza uma séria questão no Brasil e obriga, a partir de 16/05/2013, todos os cartórios a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. A proposta para esta resolução foi feita pelo presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, e foi aprovada por 14 votos a um.


               Posso escolher atravessar a rua e posso fazê-lo das mais diversas formas: correndo, devagar, no meio do trânsito, com o sinal aberto ou fechado... Uma só coisa eu não posso fazer: ficar parado no meio da avenida. A questão em jogo é o direito de movimento, de ir, de escolher e poder trilhar. Não podemos ficar parados tolhendo desejos e vontades por questões nominais ou corporais: a alma é maior e não tem sexo!


               O respeito ao ser humano deve ser igual ao respeito pela humanidade que reside em todos nós. Suas escolhas devem ser respeitadas, sua natureza – seja ela qual for – é um direito. Não é o nome (que você nem escolheu) ou a estrutura física que vão limitar – impedir –a possibilidade de plenitude da experiência da vida. Podemos até ter outra, afirmam algumas correntes religiosas, mas é nesta que sua consciência se manifesta agora: vitam vivere! (viva a vida)



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