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terça-feira, 20 de março de 2012

Fortes diferenças pequenas


Fortes diferenças pequenas


            
           Existe uma grande diferença entre emoção e sentimento. A primeira se dá rapidamente e movimenta o sistema endócrino para que o corpo possa adotar um comportamento adequado aquela situação que pode ser real ou não. Já o sentimento é algo instalado e estruturado pelo ser que passa a pertencer a uma estrutura cognitiva e deixa de ser algo momentâneo, fica incorporado, por um tempo infinitamente maior, ao complexo psicológico do sujeito.

            Existem, também, grandes diferenças entre sexo, paixão e amor. Sexo é fisiológico, e é uma necessidade que pode até ser suprimida, mas é parte integrante do sistema biológico do sujeito e, como outras tantas funções, serve à produção interna para manter o equilíbrio psicológico. Logo, deixo claro, que a ausência de uma vida sexual pode ter (ou não) consequências sérias. Isto, no entanto, depende de cada sujeito e de como ele consegue sublimar sua pulsão sexual. Paixão é algo da esfera da emoção: rápida, forte, compulsória e pode ser comparada a um forte terremoto, pois pouco se pode fazer para impedir depois que começa. Também pode desaparecer! Mas os efeitos, tal qual o abalo sísmico, são arrasadores. Já o amor (espero que todos o conheçam de perto e as minhas palavras se tornem inúteis aqui) é algo que amortece, libera, tranquiliza e compensa. De preferência quando é igualmente correspondido.

            Existe algo melhor que fazer amor com que se ama?

            Como tudo na vida, coisas podem dar errado e, existem certos distúrbios capazes de virar, de ponta à cabeça, os primeiros dois parágrafos deste texto.

           O amor patológico, por exemplo, tem este nome erradamente. Provavelmente, porque, as pessoas que sofrem deste mal, não conseguem ver diferenças entre amor e paixão. Na verdade o nome mais correto seria Paixão Patológica. Um distúrbio capaz de destruir a vida do sujeito e arrastar todo um conjunto familiar.

            Nada consegue apaziguar os rápidos batimentos cardíacos, a sudorese, os pensamentos obsessivos e o desejo incontrolável de posse e domínio, embora, de fato, esteja a pessoa completamente dominada pelo seu objeto alvo. Torna-se uma doença capaz de transformar um ser normal e pacifico, em um instrumento de tortura para outros. Tanto assim que a Santa Casa do Rio de Janeiro desenvolveu um projeto de atendimento especifico e, o melhor, já identificou um padrão, pelo menos nas mulheres: “São mulheres na faixa dos 40 anos, com bom grau de escolaridade, que sofreram abandono emocional na infância“ – no fim do texto existe um link para a matéria completa publicada no site de O GLOBO .

            O grande problema não reside em descobrir se tivemos ou não o perfil indicado no texto, mas perceber que estamos entrando no processo da doença. A princípio não notamos o comportamento alterado pois ele é incorporado ao dia a dia como ato normal. Após certo período o cérebro se acostuma, e vicia, em determinadas produções químicas e, o que antes era apenas uma paixão, torna-se patológico.

            Nas pequenas diferenças semânticas podem residir destinos não percebidos.  A doença em questão não se dá apenas em relação a um sujeito sexual, pode ser relacionada a qualquer objeto que, na visão do afetado seria capaz de suprir sua carência. Sem discursos filosóficos, apenas um lembrete, a pessoa que devemos amar e cuidar, em primeiro lugar somos nós mesmos. Então, responda sem pensar muito: “-Qual a pessoa mais importante do mundo?” Se sua resposta foi: “- Eu mesmo!”, parabéns, provavelmente você nunca irá sofrer deste mal da paixão.




quinta-feira, 15 de março de 2012

João Oliveira Portal Globo.Com - Análise Comportamental BBB12 15/03

BUSCAR ALGUÉM



                Todos, com raras exceções, queremos ter alguém em nossas vidas a idéia de ficar sozinho, de não construir uma família soa, para a grande maioria das pessoas, como uma vazio existencial. Fazer parte de algo é o que buscamos e, para começar este jogo, devemos encontrar alguém para compartilhar a vida. Mas como fazer isto?

                Quais são as qualidades que você busca no outro? Melhor ainda, quais são as qualidades que você tem para oferecer ao outro. Todo mundo conhece a história do rapaz que procurava a mulher perfeita, rodou todo o mundo, durante muitos anos e, quando encontrou descobriu que ela também procurava o homem perfeito, só que este não era ele.

                O início da busca deve estar, portanto, centrado em nós mesmos. Somos boa companhia para nós mesmos? Parece meio infantil questionar isto mas, sabemos quando alguém está em equilíbrio quando não se importa em ficar sozinho – literalmente em casa, sem ninguém – quando seus pensamentos não lhe perturbam e não tem medo nem angústia quando, por algum motivo, se vê sem ninguém a sua volta.

                “Encontrar a minha metade da laranja!” Esta frase, e todas que derivam dela, estão erradas! Se você é uma metade e encontra a outra metade, forma uma única peça. Não são duas pessoas? Neste caso teremos duas pessoas, pela metade, que, para existir, dependem desesperadamente da outra. Não vai dar certo deste jeito.

                Aliás um bom termômetro para saber se alguém está realmente pronto para uma relação duradoura, é quando a pessoa gosta mais de si do que do outro! Lógico! Pense, se você faz tudo pelo outro, por que gosta mais dele que de você mesmo, acaba fazendo coisas que não quer só para agradar o parceiro(a). Resultado: você se magoa.

                O processo é simples para quem já está dentro dele e pode ser difícil de entender por quem nunca experimentou algo assim. O segredo do começo da busca é se encontrar primeiro e depois sim começar a procurar uma pessoa que possa compartilhar.

                Muitos erros são cometidos neste processo, o mais comum é a busca por três coisas em alguém como sendo as mais importantes para nossa escolha: beleza, dinheiro e bom sexo. Essas três podem nos abandonar rapidamente. A beleza e o sexo mudam de formato com o tempo e, se formos criar comparações ficaremos loucos pois sempre haverá alguém mais belo e mais jovem. O dinheiro, esse então nem se fala, ninguém pode garantir nada dentro de uma cultura capitalista selvagem, hoje se tem muito. Amanhã, se não houver cuidados, pode ter a conta zerada no banco.

                Agora, existem três coisas que devemos observar no outro: maturidade, inteligência e bom humor. Não se engane essas são as maiores riquezas que as pessoas podem ter, pois delas derivam tudo que pode tornar a vida mais agradável com o passar dos anos. A maturidade e a inteligência ajudam a resolver conflitos e, nada melhor do que o bom humor para essas horas. 

                Claro, se você encontrar as seis numa pessoa só, após ter encontrado a si mesmo, não perca tempo: você tirou a sorte grande!

domingo, 4 de março de 2012

QUEM SOU EU?





Provavelmente, em algum momento de nossas vidas, três perguntas vêm a mente: 

1) De onde eu vim?
2) Quem sou eu?
3) Para onde vou?

Responder primariamente é fácil: - “Vim de lá, sou o João e vou para à praia (agora)!” O problema é que, como seres em desenvolvimento, queremos mais que isto. São questões transcendentais que fogem a esfera do pré frontal. A consciência busca, mas não toca, sequer, com seus dedos a superfície do tímido globo de uma laranja – obrigado Neruda!

Para abrir o campo e permitir a fluidez de um bom raciocínio, proponho uma metáfora para nos ajudar a elaborar as próprias respostas:

Numa manhã qualquer você se aproxima de um lago, límpido e calmo e retira, com as mãos, uma enorme carpa. Ela se debate, mostrando inquietação. O peixe se movimenta tornando o corpo côncavo e convexo várias vezes por segundo. Você nota o desespero do animal.

Existe uma maneira de apaziguar este nervosismo? Você faz o que é possível e, rapidamente passa para o nome do peixe um carro conversível zerinho, coloca-o no banco da frente, que é de couro, e o bicho continua a se debater.

Como isso é possível? Você acabou de dar a ele um carro zero! O que será que ele deseja? Hum, outra boa ideia surge em sua mente, você contrata acompanhantes (profissionais) e coloca-as no carro junto com o peixe. São mulheres belíssimas , com pouca roupa, e mesmo assim o peixe não sossega.

Bebidas! Sim é isso! O peixe quer cerveja, vinho, refrigerante... sei lá! Nada disto deixa o animal em paz. Joias, dinheiro ... você coloca no carro uma maleta com R$ 250.000,00 e o peixe nem olha para as notas de cem reais.

O que este peixe quer? Que animal insaciável é este?

Assim também Somos nós!

Como o peixe, que fora retirado do lago, nós estamos fora do nosso ambiente natural. Somos humanos em carne, é verdade, mas o que nos faz viver não é o corpo. Está dentro de nós e é imaterial. Você pode chamar de alma, espírito. Eu, por conta de minha profissão, chamo de psique – a estrutura psicológica do sujeito.

Se, pensem comigo, o que somos é de fato imaterial – minúsculos vórtices de faíscas eletroquímicas entre fendas sinápticas – e o que sentimos é falta – de onde nasce o desejo por um prazer nunca alcançado em plenitude – não há nada neste mundo que nos faça, realmente feliz: queremos é voltar para o lago!

Obviamente este propósito, voltar ao ambiente natural, terá suas interpretações de acordo com crenças pessoais. Não temos de discutir isto. Olhemos apenas para a questão principal: estamos voltando exatamente para o lugar de onde viemos. Então, duas perguntas já estão respondidas: De onde eu vim e para onde eu vou – para o mesmo lugar!

Falta saber quem eu sou.

Respondo por mim: sou um ser em construção, pedaço minúsculo de um corpo infinito na mais completa amnésia retrógrada: a pancada na cabeça, que originou o problema, foi quando nasci.

Que todos tenham uma boa estada e um excelente retorno.