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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O TEMPO DO CORPO




                A cada dia que passa a vida torna-se mais dinâmica e veloz. Hoje temos, entre outras facilidades, internet no celular e as redes sociais que não permitem que você fique off line por muito tempo sem sofrer danos em perdas de valiosas informações sobre seus amigos e suas proezas humanitárias. A cada minuto novas notícias sobre o mundo, uma sempre mais importante que a outra, chegam de todas as partes inundando nosso cérebro de informações sem nos permitir uma análise mais profunda sobre os temas e, para piorar ainda mais, nada que vá mudar a nossa vida e, caso realmente o for, certamente, não será para melhor. No entanto, todo o tempo que temos para viver é tomado de nós.

                Então, todo este compromisso é com o externo. Fatos que ocorrem no ambiente do qual sua interferência direta terá pouca ou nenhuma valia. O que sobra de tempo para você mesmo? Será que, em algum momento do dia, você tem reservado para um encontro especial e solitário consigo mesmo? Não estou falando de um complexo método de meditação ou de algo muito transcendental, também não seria terapia ou análise, até por que, assim não seria solitário. 

                Pense em algo mais simples: dois minutos em silêncio dedicado ao seu corpo! Apenas dois minutos, 120 segundos! Olhos fechados, respiração compassada e introspecção. Sentindo o corpo, as pernas, braços, barriga, rosto... Tente sentir a sola dos pés dentro do sapato/tênis/sandália. Perceba a distância que existe entre os dedos dos pés, procure imaginar a curva superior da orelha esquerda. Faça um passeio pelos contornos do seu corpo mapeando seus limites. Deixando claro o que é fora e o que está dentro, o que é mundo e o que é você.

                Tente tomar seu corpo, com suas fronteiras e, fique ciente que a sua participação neste mundo depende exclusivamente dele ao menos, acredito eu, neste momento. Uma interface biomecânica de atuação no plano físico tridimensional que costumamos chamar de realidade. Nossos sentidos, os cinco principais, devem ser explorados neste momento. Ouça ruídos distantes, absorva o aroma do local, sinta a temperatura e a brisa no ambiente ... Faça isso por não mais que dois minutos.

                Como resultado é bem provável que a sua produção endócrina seja restabelecida aos níveis normais com todas as substâncias químicas, que prezam pelo bom funcionamento do corpo, distribuídas harmonicamente e, seu sistema imunológico agradecerá com o seu metabolismo caminhando numa direção saudável. Não pense que isso é conversa de esquina. Isso é ciência pura! Já está provado! Faça isso duas vezes ao dia e as mudanças serão notadas quase que imediatamente na sua vida. Todas aquelas coisas que atrapalham o dia a dia como nervosismo, ansiedade, dores de cabeça sem motivo algum serão as primeiras candidatas a sumirem do mapa dando lugar ao equilíbrio e tranquilidade.

                Não espere mais! O investimento é tão pouco e o retorno é imenso sem nenhuma contra indicação. O único perigo, que pode haver nesta prática, é você evoluir para atividades mais elaboradas como o Yoga, por exemplo, e, convenhamos isto não seria ruim! Produza sua própria saúde e sucesso, não se esqueça de que nós já temos um destino traçado onde, ao final, estaremos todos em uma mesma condição, é só uma questão de tempo.

                Existiu um tempo onde pessoas sentavam em cadeira nas calçadas para conversar e, pode parecer mentira agora, elas se olhavam umas nos olhos das outras. Também, eu me lembro, crianças brincavam de esconde-esconde, algumas às vezes iam ao chão e ralavam os joelhos. Hoje temos jovens brancos e apáticos desde os primeiros momentos da adolescência e cada vez mais escravos da informação desmedida proporcionada pelos meios eletrônicos e sem emoção real.  Parar e sentir o corpo faz parte do começo de um processo para a ativação das emoções adormecidas. Equilibrar o organismo é permitir que ele possa elaborar sobre o presente sem receber pronta uma análise digital.

                Essa avalanche informacional despersonaliza o sujeito de tal forma que, aos poucos, deixamos de reconhecer nossas próprias emoções.  Quando sentimos algo atualmente, não conseguimos nominar, o corpo está se esquecendo de que possuímos como parte de nossa natureza humana um conjunto de sensações físicas que estão ligadas a motivações de fundo psicológico: amor, ódio, paixão, medo, raiva, tristeza ... Até mesmo a alegria está perdendo seu brilho em meio a essas rajadas de imagens e textos rápidos. Coisas que surgem e somem sem que possamos ter uma introspecção do seu real sentido.

                Pare! Sinta que você é um ser orgânico capaz de perceber o mundo só por que está aqui agora. E o mundo pode ser maior e pesado ou menor e melhor! Pelo menos esteja ciente que fez uma escolha.

João Oliveira
Psicólogo

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