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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O PRESENTE




                Um dia os Deuses estavam reunidos olhando os primatas em nosso planeta. Devo dizer que essa história têm milênios e, pode ser que você já pode ter ouvido ela em algum momento da sua vida, por isso tenha paciência e entenda que não é um mito, nem é uma história de verdade, trata-se de um conto, uma parábola, ou melhor: uma metáfora! 

                Lá estavam os Deuses – já disse isso? – observando aquele bando de seres primitivos se transformando em homens das cavernas, coitados sem cultura ou conhecimentos profundos da ciência ou filosofia, viviam e morriam de acordo com as forças da natureza. Caçavam, reproduziam, brigavam entre si, mas nada surgia ou crescia de fato entre eles. Um bando de macacos pelados sobrevivendo entre os animais naqueles tempos difíceis.

                Acho que, por pena, os tais Deuses resolveram dar um presente (ou será que foi roubado?). Algo que pudesse ajudar no desenvolvimento desta espécie. Era um objeto mágico, sempre usado pelos Deuses em suas peripécias de fazer surgir grandes universos e, era capaz de realizar proezas fantásticas ao tornar possíveis – matéria - pensamentos que só existiam dentro da mente deles, em formato de éter. Este objeto foi dado (ou roubado) e, o grupo que o recebeu começou a usar imediatamente. Deu certo! Realmente, tudo ficou diferente! Aqueles homens imundos das cavernas começaram a edificar e se organizar, graças a este maravilhoso objeto mágico, desenvolveram a cultura e uma sociedade organizada. Maravilhas eram criadas por este objeto: cidades inteiras, a medicina, os aviões, educação, carros... Tudo era possível através da magia deste objeto, as coisas surgiam no mundo físico através deste poderoso mecanismo dos Deuses.

                No entanto, não poderia demorar, este poder foi logo usurpado por um grupo que se nomeou dono deste objeto e, fez com que ele mudasse de nome várias vezes para que o povo acabasse se esquecendo de seu grande poder. Hoje, essa magia, pode estar bem diante do seu rosto e você nem perceber do que é capaz de fazer com tal artefato mítico.

                Que maravilhoso objeto mágico dos Deuses é esse que está bem à sua frente e você não vê o seu poder? 

                Trata-se da mesa! Isso mesmo, uma simples mesa que pode ser de madeira, aço, ferro, pedra, redonda, quadrada, alta ou baixa, com ou sem cadeiras, nada disto realmente importa! Ela apenas tem de reunir, à sua volta, homens querendo compartilhar seus pensamentos.

                Nem todas as coisas que a mesa gerou foram boas, guerras surgiram por causa deste objeto. Isso é por que a mesa tem uma incrível (mágica) capacidade amplificar tudo que colocamos sobre ela. O bom ficará ótimo e o ruim, nem é bom pensar. Ela transforma o que é fluido e disperso no ar em projetos organizados e físicos em seu tampão. A mesa unifica pensamentos e dá início ao processo de construção no mundo real.

                Nos dias de hoje, apenas alguns sabem o valor deste objeto e, estes, se aproveitam disso para manipular o presente e o futuro de todas as outras pessoas que continuam a pensar sozinhas sem compartilhar suas ideias e projetos sobre uma mesa.  Pode ser que você esteja agora, em uma mesa, mas, uma mente sozinha não permite à mesa mostrar todo poder que tem, ela precisa de mais cabeças e bocas exalando palavras para exibir seu potencial magnífico. Tente agrupar pessoas com ideias para serem encaixadas em torno dela, leve papel e lápis para que, sobre a mesa, se delineie traços de um projeto. Quem sabe o que deste encontro pode surgir? Quem sabe se, a partir disto,  nosso mundo possa ser alterado positivamente, mais uma vez.

                Toda magia tem um segredo e o da mesa é o conjunto movido pela intenção. Não basta sentar e papear signos linguísticos soltos no ar, isso podemos fazer de pé ou deitado ao luar. A mesa requer um ritual, um projeto para ordenar o ritmo do pensamento, uma pauta que diga qual a nossa intenção diante de seu poder. Seja lá o que for ela irá ajudar a tomar forma, ela se incumbe do papel aglutinador. Unificando o melhor ou o pior: eis o perigo da mesa. Por isso ela está quieta no meio da sala de jantar. Alguns ditadores temem a mesa e a evitam, procurando impor seus pensamentos individuais, amplificados pela própria garganta ou braços, outros a escondem em grandes palácios onde só os eleitos podem cruzar as pontes elevadiças. 

                Questiono esse poder, pois a mesa sozinha nada faz!

                Que se unam então as mentes querentes e participativas, que troquem seus projetos, que discutam suas carências e, após o ato e o sucesso alcançado, que voltem à mesma mesa, desta vez para comemorar!            

                Este conto eu ouvi em uma mesa de bar. Não era a melhor mesa possível para os homens de bem que nela proseavam sobre o futuro. Ela fez o seu papel unificando nossas ideias e, ao se revelar para nós, contaminou o ar com sua magia. Para seguir, temos agora a linha que surgiu em seu dorso naquele inesquecível dia. 

                Agradecimentos ao jovem Israel Costa (Vitória-ES) por criar a base fundamental desta bela parábola de improviso em nossa mesa.

João Oliveira
               

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